Capitulo 2- As Origens de José Eustaquio
José Eustaquio tem uma origem mais difícil de ser rastreada. É uma figura mais misteriosa e sua história anterior ao seu encontro com Silvano Silva deixou pouquíssimos traços.
O único registro que possivelmente existe de sua vida pregressa é um velho e borrado registro encontrado na Biblioteca Nacional entre registros da Intendência de Policia.
Na época o conceito de policia que conhecemos hoje ainda não existia. A intendência de Policia era um órgão de caráter administrativo. A ordem publica era mantida pelos chamados quadrilheiros. Estes eram ligados aos senhores dominantes da colônia e também ligados de certa maneira as incipientes Maltas que se organizavam nas regiões centrais do Rio.
De qualquer maneira uma desavença em relação a uma garrafa de aguardente levou o registro de um crime na Intendência de Policia.
Por esta o cidadão de nome José Eustaquio do Nascimento e Islas, natural da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro foi responsabilizado pela agressão ao escravo Manuel Congola de propriedade do cidadão José Hermeto Pereira. O ano que conseguimos ler no documento o localiza na cidade também no ano de 1768.
O documento dá a entender que José Eustaquio seria nascido no Brasil. Isto é um pouco duvidoso em função de alguns relatos que encontrei posteriormente. De qualquer maneira isto nos permite localizar o momento em que Silvano Silva e José Eustaquio se encontraram. E permite perceber que José possuía uma origem simples porém de certo prestigio . Se por um lado envolvera-se numa briga com um escravo ele é tratado como cidadão no documento em questão. Escravos eram um bem de grande valor e o fato de José Eustaquio ter agredido e impossibilitado este para o trabalho levou seu proprietário a buscar reparação.
Sua pena teria o levado a prestar serviços junto a Paróquia de Santo Antonio.
O primeiro registro sobre ele por Silvano Silva é bastante interessante. Ele fala com certo respeito e também com certo temor. E revela um segredo de confissão.
Ele roubou. Mas como a males que vem para bem este foi um exemplo claro disto.
“... um dos contraventores que foram enviados pela justiça para ajudar na pintura da fachada de minha paróquia pediu-me para realizar uma confissão. Levei-o até o confessionário e ele me contou que percebera a presença de uma luneta na Casa Paroquial. E aquilo só poderia ser um sinal do Senhor. Disse-me seu nome: José...”
Este trecho assim como depoimento a seguir estava no diário mais mal tratado que encontrei na fazenda de Buzios.
Após muita luta e o trabalho de uma grande amiga que realiza conservação e recuperação de livros junto a Biblioteca Nacional consegui recuperar diversos trechos deste diário.
A grosso modo pude descobrir que José contou ao padre uma série de varios crimes. Todos eles associados à diversos furtos . Mas também que ele não era responsável por estes crimes . Sua culpa teria sido ocultar o responsável pelos mesmos. Mas infelizmente não dá evidencia nenhuma de quem seria o responsável. Em uma abstração deduzi que este seria seu pai. E que seu pai seria também responsável por apresentar José Eustaquio aos mistérios do céu.
Como apresentando em um dos capítulos das lendas a passagem de Lacaille pelo Brasil foi um fato que realmente ocorreu e registrado em diversas fontes. Conforme os escritos de Silvano Silva um dos Telescópios de Lacaille foi deixado no Brasil. Aos cuidados do pais de José Eustaquio. Segundo o próprio seu pai teria trabalhado no Observatório estabelecido por Lacaille na Rua do Rosário.
Outro trcho do relato que me chamou atenção foi relativo a uma pequena série de objetos que fariam parte de um catalogo que estaria sendo organizado por Lacaille. Estas podem ser consideradas as primeiras entrada do Catalogo J.E.S.S. .
Isto levou o padre a pedir que o preso fosse posto a seu serviço e que o auxiliasse em seus afazeres.
“ ... o Sr. José Eustaquio me revelou grandes fatos sobre a passagem de Abbe Lacaille pelo Brasil. Estou encantado com seu conhecimento a respeito do céu austral e ele me prometeu levar até o telescópio que foi confiado a seu pai. Acredito que o objeto tenha sido subtraído pelo pai de meu novo funcionário. Mas prefiro relevar. Aguardo ansioso ... E pretendo confirmar as posições das nebulosas que estão no papéis que ele me apresentou”.
Os objetos indicados por José de fato existiam e os cataloguei como J.E.S.S 1 ,2, 3, 4,5,6 e 7.
Isto provavelmente ocorreu entre 1768 e 69. È difícil afirmar .
Seu blog é muito legal cara, parabéns. Sempre estou de olho principalmente no seus posts na comunidade Astronomia do orkut. O que admiro em vc é esta capacidade pratica das observações, coisas de um verdadeiro astrônomo amador. Aqui em Florianópolis o céu e sempre nublado, e nas poucas noites boas nunca encontro um amigo para acompanhar-me. Atualmente estou participando do NEOA JBS ( http://costeira1.astrodatabase.net/ )mas o céu só permitiu um encontro. Para terminar gostaria que continuasse com seus relatos que são verdadeiros guias para pessoas como eu.
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