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segunda-feira, 11 de junho de 2012

Eminências Pardas e Patinhos Feios



François Leclerc du Tremblay (4 Novembro 1577 – 17 Dezembro 1638), também conhecido como Pére Joseph, foi um frei capuchinho que poucas pessoas vão identificar.
Mas foi uma figura importantíssima na corte francesa e um dos homens mais poderosos de seu período. Ele é a “eminência parda” original. Vivendo a sombra do mais famoso Cardeal Richelieu ele foi uma das figuras chaves de diversos eventos históricos e na vida de diversas pessoas passaram por sua mão.  O termo que posteriormente identifica aqueles que detêm o poder de uma forma disfarçada se deve a cor das vestimentas deste “obscuro” religioso.
O inverno vem chegando. Dia 21 será o solstício e com ele se dá o inicio da estação. E junto com este estará dominando os céus à belíssima constelação de Escorpião. Mas não é dela que pretendo falar hoje. Afinal a eminência parda dos céus invernais é Sagitário.
A constelação que mais se assemelha a um bule é o um dos maiores celeiros de DSO´S do firmamento. Localizada no centro galáctico é simplesmente a constelação com o maior numero de Objetos Messier que existe.  A lista é grande e não irei abordar a todos.

Na verdade iremos hoje prestar também o tributo a Hans Christian Andersen, escritor dinamarquês, e fazer um paralelo com uma de suas mais famosas historias: O Patinho Feio...
Os dois DSO´s que pretendo apresentar são como o herói desta história. Cercados por maravilhas cósmicas como as famosas Nebulosas da Lagoa, Trifida e Globulares antiguíssimos como M22 e M28 nossos convidados passam em geral despercebidos em navegações pela região.
Os aglomerados abertos M 23 e M25 são belos.  Mas são vitimas das circunstancias. Estivessem no céu em outra estação ou em outra constelação e seriam “showpieces”.
Para localizar ambos os aglomerados parta de Kaus Borealis, a estrela que aponta o topo do bule celestial (Mag. 2.80).  A partir dela caminhe mais ao norte e localize a mais fraca Mu Sagitário (Mag.3.80). Depois disto caminhe cerca de um campo da buscadora (5º) ora para o leste (M 25) ora para o nor-noroeste (M23).  Com Mu sendo centro do relógio M 25 estaria as 2:00 horas e M 23 estaria em uma posição entre 8:00 e 9:00 horas.
Ambos serão percebidos pela buscadora de alguma maneira. M23 como uma área mais nebulosa e M25 se resolvendo em algumas (3) estrelas.
No telescópio M 23 é uma coleção de aproximadamente 30 estrelas na casa de 9ª e 10ª magnitude envoltas em uma “neblina" de estrelas mais tênues. Quanto maior seu telescópio menos neblina... Você vai perceber também uma estrela de 6.5 mag. no mesmo campo. Não relacionada.


M 23

M 23 possui mais de 100 estrelas em uma nuvem espalhada por aproximadamente 30 anos-luz. Se localiza há aproximadamente de 4.000 anos luz da Terra. É um aglomerado característico por possuir a maior parte de seus membros com o mesmo tamanho e brilho  A maior parte de seus membros pertence  a classe espectral “B” com uns poucos membros sendo gigantes amarelos mas nenhum membro vermelho ou laranja presente.  










M 25
M 25 é menor e mais compacto. Em pequenos telescópios você vai perceber cerca de seis estrelas envoltas em cerca de duas dúzias de estrelas muito mais tênues.  Dos dois patinhos M 25 é o mais desinteressante... Ele se encontra 2.000 anos luz e é um “bola murcha” com cerca de 20 anos luz de diâmetro. Sua estrela “central” é U Sagitarii, uma variável cepheida que oscila entre as magnitudes 6.3 e 7.4 no período de seis dias e 18 horas.  


domingo, 10 de junho de 2012

Em Lira: A Dupla-dupla, um sistema mais que duplo, Épsilon Lira




          
            Para localizar este belíssimo sistema estelar múltiplo primeiro ache um dos mais famosos asterismos do céu. Olhando para o horizonte norte ache o conhecido “Triangulo de Inverno” (para nós austrais).
 Ele é formado por Deneb (Alpha Cignus), Altair (Alpha Aquila) e Vega (Alpha Lyra). A mais brilhante destas estrelas é Vega.  Esta localiza-se no vértice noroeste do Triangulo.
            Épsilon Lira é uma dupla particularmente fácil. Aponte sua buscadora para Vega e no mesmo campo você vai perceber que o que parece uma estrela única a olho nu é na verdade uma dupla.  Para aqueles dotados de uma excelente visão perceberão a dupla até mesmo com a vista desarmada.

            Mas este par é especial. Em noites com a atmosfera estável e em que estrelas se apresentam como pontos de luz em vez de pequenas bolhas rebolantes, com um seeing bom, cada membro deste par se apresentará como duas estrelas. Um sistema quádruplo...

            Claro que isto depende de seu telescópio ter o diâmetro suficiente. E suficiente neste caso é 60 mm. Confesso que já avistei com meu 70 mm. Mas existem diversos registros do feito com menos abertura.

           Caso não consiga resolver o par em dois pares não se desespere. Volte outra noite e condições mais estáveis vão revelar o segredo da “Dupla-Dupla”.
            Este par de duplas é um verdadeiro desafio para os proprietários de pequenos telescópios.
            A “Dupla- Dupla” (Épsilon Lira) é um complexo sistema múltiplo localizado há 200 anos luz de nós. O par mais ao norte, 1A e 1B se encontram cerca de 150 UA distantes uma da outra e demoram cerca de 1000 anos para se orbitarem. O par mais ao sul, 2A e 2B, também se encontram a 150 UA afastadas uma da outra. Mas demoram apenas 600 anos para completarem seu trajeto ao redor de seu centro de massa. São mais maciças e viajam mais rápido. A posição de ambos os pares mudaram significantemente no ultimo século. Os dois pares também se orbitam mutuamente. São separados por 0.2 anos luz e completam seu trajeto em volta do centro de massa deste lindo sistema em aproximadamente 500.000 anos.
            Todas as estrelas são brancas. 1A tem Magnitude 5.1 e 1B 6.0.  Já 2A brilha com 5.1 e 2B com 5.4.

              Pesquisa recentes mostram que o sistema  possui mais membros . Mas nada que você vá ver...