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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O Segundo Encontro, Alinhamento, IC 2602 e o DSS.


Noultimo post apresentei o primeiro encontro com a Canon T3. Eu planejara fotografar IC 2602. As Plêiades Austrais. Não aconteceu e numa sessão afobada, como em geral são primeiros encontros, fiz algumas imagens estabanadas de Ngc 4755. A Caixa de Joias de J. Herschel.

Na noite seguinte a lua se encontrava ainda mais brilhante, mas não me intimidou. Aproveitando o “desalinhamento polar” do primeiro encontro eu consigo melhorar as coisas. Com o auxilio de minha pequena 6X30 mm eu improviso uma buscadora polar e quando consigo ter Sigma, Chi, Nu e Tau Octans do lado certo e com Sigma bem próxima de onde deveria estar eu me dou por satisfeito. O alinhamento polar estava feito. E ficou bem razoável. Embora a lenda conte que Sigma é uma estrela muito apagada ela é facilmente visivel com uma buscadora. E o triangulo formado com as outras duas é caracteristico.

"Buscadora Polar"


Este método de utilizar uma buscadora polar improvisada é rápido e indolor. E em locais que o método do drift é impraticável permite alguma dignidade. É claro requer atenção e um programa planetário já que vendo tudo de “cabeça para baixo” e espelhado pela pequena buscadora colocar Sigma Octans no lugar certo (ela fica a 1º 5´do polo) é muito parecido com um exercício de Ioga. A direção que ela deve estar deslocada do eixo polar depende do horário. Por isso o programa planetário.



Eu continuo insistindo em utilizar o pequeno “Galileu”. Meu refrator barato de 70 mm.  IC 2602 cobre uma área do céu de quase 1º . Ou seja, duas Luas cheias. E desta forma o 150 com seus 1200 mm de distancia focal iria ter um inverno longo e duro para enquadrar tudo isto.
As Plêiades Austrais são facilmente localizadas mesmo a olho nu e em locais de forte poluição luminosa. Em uma noite de Lua cheia fica um pouco mais difícil, mas mesmo assim é bastante simples de localiza-las pela buscadora 10X50 mm.  Theta Carina, que é membro do aglomerado, brilha com magnitude 2,7 e não é nenhum problema avista-la. Eu percebo claramente alguma “nebulosidade” ao redor das mesmas. Esta se resolve com qualquer auxilio óptico em dezenas de estrelas. É um daqueles aglomerados que combinam muito com binóculos...


IC 2602 é uma descoberta original do Abbe Lacaille de 1751 realizada durante sua viagem a Cidade do Cabo para mapear os céus austrais. É a entrada II. 9 de seu catalogo. O próprio Lacaille percebeu sua semelhança com suas irmãs boreais, as Plêiades originais.
É um aglomerado relativamente jovem com 50.000.000 de anos estimados. E se encontra a 479 anos luz de nós segundo o satélite Hipparchos. Possui aproximadamente 60 membros. Theta é o único acima de 5ª magnitude.  
Com o DSO enquadrado eu começo o meu segundo “tête-à-tête” com minha nova Canon T3. Rapidamente descubro que Theta se apresenta no LCD. Isto é um maná para se focar o objeto. A câmera oferece o recurso de se selecionar uma parte do LCD e ampliar a imagem. Então centralizo a janela em Theta e amplio a imagem. Fazer o foco se torna bem fácil e não preciso mais ficar caçando algo para ver através de um Viewfinder espremido e em uma posição difícil.  
Janelado Auto focus e " Guider"... Perceba Theta Carina.


Depois disto ainda descubro mais uma utilidade para esta janela. Com a imagem já em tamanho normal eu centralizo o quadrado em Theta e com isto poso ter uma boa ideia sobre a qualidade do alinhamento polar. A estrela deve se manter centralizada na janela. E serve até como uma espécie de “auto guider”.  Bem, nem tão “auto” assim...
Com tudo transcorrendo bem o meu encontro parece que vai ser feliz. Lógico que não pode dar tudo tão certo e apanho um pouco para ajustar a buscadora depois de um esbarrão. Mas depois de alguns ajustes esta tudo de volta no esquadro e Theta Carina de volta ao centro da janela do Auto focus.
Fotografando com ASA 3200 faço algumas experiências. E descubro algo interessante. Em primeiro lugar que as exposições que eu fazia na antiga 350 D (geralmente em 800 ASA e às vezes em 1600 apesar do ruído) podiam ser reduzidas a metade. E que com o advento da obra do metro a poluição luminosa aumentou mais ainda na fronteira da Republica do Leblon com Reino Unido de Ipanema. E assim as exposições de 30 segundos são exageradas e sofrem barbaramente com a bela iluminação com lâmpadas de Vapor de Sódio. Com a câmera regulada para “daylight” (5200 k) o bafo laranja é evidente.

10 seg.                                                            30seg.   


 Quando fotografando aqui no Rio eu raramente faço exposições superiores a 15 seg. Eu prefiro fazer mais exposições em vez de exposições mais longas.  Acredito que assim consigo reduzir o efeito de Poluição Luminosa (PL daqui para frente).  
Agora com o auxilio luxuoso da ASA mais alta eu pude reduzir as exposições para 10 segundos. Seria o equivalente a exposições de 20 seg. em 1600 ASA. E as Plêiades Austrais são um DSO muito brilhante e assim não necessitam de exposições muito longas para registrar até seus mais tênues membros.  E as fotos não acusam (tanto) a presença do canteiro de obras...
Decido capturar em JPEG. Eu sei que deveria usar RAW. Mas prefiro aguardar isto para uma noite mais escura e mais digna. Continuo em modo teste...
Faço 43 fotos de IC 2602. Isto vai nos dar mais de 7 minutos de exposição somada.
Depois faço ainda 27 Dark frames.
Agora chegou a hora de visitar o DSS. Deep Sky Stacker.
Um colega astrônomo que frequenta o “Cosmoforum” certa vez colocou que o DSS é um programa meio temperamental. E que depois que você selecionou as fotos que quer empilhar deve, antes de dar “enter” no processo, providenciar uma galinha preta, Cidra e charutos “dos bons” e levar tudo até a encruzilhada mais próxima.
Parece que o programa esta de bom humor. O DSS seleciona 39 das 41 fotos para empilhar.


O resultado me deixa satisfeito. Embora fotografar através da tela da janela não ajude o registro fica bem fiel. E revela também algumas deficiências do telescópio que eu já havia notado no primeiro encontro.
Percebo uma forte vinheta nesta imagem e assim resolvo fazer alguns Flat frames para ver se melhoro a situação.  Abaixo apresento duas versões deste stacking. Sem flats. Utilizando a ferramenta Levels no Photo shop eu acho que consegui reduzir a vinheta em uma das fotos. Mas à custa de contraste. E não foi uma solução definitiva.
39 Lights, 24 darks.  Sem Photo Shop



Levels no Photo Shop + Noiseware


Astrofotografia pode se tornar um eterno processamento. Não é exatamente a minha parte favorita, mas acredito que com a nova câmera eu acabe estudando mais as possibilidades de diversos softwares. Tanto para a captura como para o processamento das imagens.
Para realizar os flats eu utilizei um método descrito pelo astro fotografo Fabrício Siqueira. Não me lembro de exatamente aonde. Mas é bem simples. Com o telescópio na mesma posição e mesmo foco e a câmera com os mesmo parâmetros utilizados no Light frames você cobre a objetiva do telescópio com uma camiseta branca, coloca um computador com a tela toda branca colada à camiseta e captura esta imagem. Via ficar tudo branco.
Em tese estes flat frames vão ajudar a me livrar da vinheta.
Não tenho certeza se fez muita diferença... 
39 Light, 24 darks , 16 flats- DSS + Photoshop Levels +Noiseware


O DSS oferece diversas formas de se realizar o Stacking. Nesta foto, especialmente, eu utilizei o método por eles chamado de Kappa Sigma Clipping. É mais pesado do que o Average que em geral uso. Mas me parece um pouco mais eficiente.
Depois as fotos visitaram também o Noiseware...
Este é post scriptum: \DSS+PS+IRIS+Noiseware. Melhorou o "vignetting"...
Mesmo antes do Noiseware pude perceber claramente que o nível de ruído da T3 é muito mais baixo que da antiga câmera.  Fiz um stacking somente de Light frames (sem darks) que demonstra bem isto. Mesmo em 3200 asa o ruído é aceitável. A vinheta é barabara...
39 Lights - DSS 

E também aprendi que os arquivos da T3 são muito maiores. E com as fotos tem 4272 por 2848 pixels o DSS vai bem. Mas o Rot n´Stack tem dificuldade para manipular estes arquivos. Se faz necessário reduzir o tamanho das fotos no Photo Shop para que o RnS conseguisse empilhar algumas fotos de NGC 3532 que embora fora de foco ( e, portanto não aceitas pelo DSS nem com “reza braba”) serviram para fazer algumas experiências sobre processamento. Eu gosto de utilizar o Rot n´Stack, pois ele empilha qualquer coisa e apesar de mais mambembe que o DSS é uma ferramenta útil. É uma pena que ele não suporte os arquivos maiores da T3. É um saco ter de reduzir dezenas de fotos...  De qualquer maneira utilizei o aglomerado para ajustar o alinhamento polar e sobraram umas fotos, meio toscas e disfarçadas de desenho, deste belo aglomerado.


 Será provavelmente o local que levarei a T3 no nosso próximo encontro astronômico...





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