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segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Você Já Foi à Albireo?

      O título deste     post é uma referência a introdução de um livro que eu acredito que deveria acompanhar todo telescópio de pequeno porte e com um perfil adequado a iniciantes na Astronomia. " Turn Left at Orion". Infelizmente nunca traduzido para o português.  Eu , de tempos em tempos , traduzo uma pagina. No ritmo que vai devo terminar no ano de 2120.

1 Exposição 1/40 seg. Com Barlow 2X

Sem Barlow
                Já que falei da tradução acho importante ressaltar que o título da introdução seria mais bem traduzido como " Como Você  Chega à Albireo? "    ( How do you get to Albireo?) mas não chega a ter importância. Nela Guy Consolmagno  conta como seu amigo Dan o introduziu a astronomia amadora. O convenceu a comprar um pequeno refrator e emprestou-lhe uma penca de livros com estrelas duplas e DSO´s que ele poderia observar. Mas não deu certo. Em primeiro lugar ela  não conseguia se localizar com coordenadas celestes e afins e muito menos sabia quais daqueles objetos estavam  ao alcance de seu modesto telescópio.
                Uma bela noite acompanhado por seu experiente amigo e reclamando de suas agruras foi interrompido por seu guia. :
                -Vamos dar uma olhada em Albireo.
                Albireo é como um rito de passagem para o novatos . É uma estrela dupla fácil de achar e com um contraste de cores que encanta a todos.  A comparação mais comum envolve sempre um Topázio e uma Safira... Atualmente Consolmagno é um dos "bam-bam-,bams" do Observátório do Vaticano e escreveu junto com seu amigo " Turn Left at Orion" para aqueles que como ele queriam se iniciar na astronomia e que compraram um pequeno telescópio.
                Albireo é realmente deslumbrante em telescópios de qualquer tamanho e tem uma história bastante interessante. Eu poderia dizer que seu nome remonta a um antigo rei. Mas na verdade o Rei Albireo que conheço é apenas um personagem fictício de um "role playing game" chamado The Tale of the Cryptids. Sue nome atual é fruto de uma serie de más traduções e diversos mal-entendidos...  
                Habitando a Constelação de Cygnus , O Cisne, e sendo Albireo localizada onde deve estar a cabeça do cisne Albireo é chamada ,as vezes, de " The Beak Star" ( em por tuges ninguém se refere a ela como a Estrela -Bico...) . Mas os astrônomos árabes da antiguidade e da idade média a batizaram Minqãr al- Dajãja ( O Bico da Galinha.) E aí começa uma grande confusão envolvendo a constelação , a estrelas e os tradutores... O nome original da constelação ( em grego) era Ornis. Se tornou Urnis em Arabe. Quando foi traduzida para o Latim ( não se sabe o culpado...) acreditou-se que o nome se referia a uma planta Erysimum officinale que era conhecida no latim vulgar como ireo. Para algu´m achar que Ab ireo era um problema na gráfica e então se tornar Albireo foi um passo.

                Localizar Albireo é muito fácil. Ela é também Beta Cygni e  como Cygnus é uma das constelações mais manjadas do inverno não vejo nehum problema mesmo para os iniciantes. As estrelas mais brilhante s deste formam um cruz e um asterismo chamado de Cruzeiro do Norte . Albireo é a estrela mais ao sul  ( mais alta no céu) do eixo longo desta cruz no Horizonte norte. E sendo de 3a magnitude é facilmente percebida mesmo em locais de bastante poluição luminosa.
                Se você possuir um bom binóculo e mão firmes já vai ser capaz de perceber que Albireo não é apenas uma estrela pendurada na via lactea. Albireo A é uma estrela alaranjada de 3a magnitude..   Albireo B é sua companheira azulada de 5a magnitude.  O contraste é impressionante.
                Birmingham nos conta que Cygnus possui muitas estrelas de cor profundamente vermelhas e alaranjadas e por isto batizou esta região de " A região Vermelha de Cygnus" ( já Hinckley estende a area por Cygnus, Aquila e Lyra) .
                Como toda estrela dupla  é melhor observar a dupla  se utilizando telescópios . Separadas por 35 ´´ de arco não é necessário muita ampliação para resolver a questão.
1seg de Exp. Com barlow




                O famoso observador de estrelas duplas Otto Struve examinou Albireo em 1832 e chegou a 34´´ de arco. Apesar da pequena mudança a maior parte das autoridades acredita que mesmo estando a pelo menos 4.400 unidades astronômicas uma da outra elas forma um sistema binário verdadeiro e que assim demoram mais de 100.000 anos para completarem sua jornada ao redor do seu centro de gravidade.
                Hoje em dia sabe-se que Albireo A é em si uma dupla muito mais próxima composta pela já falada estrela de 3a magnitude da classe K ( K3) gigante  que se encontra estável e realizando já a fusão do hélio com uma estrela mais quente e menos brilhante ( magnitude 5.5) de classe B  que continua na sequência principal e consumindo seu hidrogênio ( uma anã B9) e que não são facilmente separáveis de forma óptica.   A nossa "estrela"  ( adorei o duplo sentido...) alaranjada gigante possui uma temperatura de 4.400 K , uma luminosidade de 950 sóis, um raio de 50 sóise uma modesta massa de apenas 5 sóis.Já sua companheira mais próxima queima com 11.000 K , um brilho de 100 sóis e 3.2 massas solares. São separadas por 40 UA e completam sua orbita muito excêntrica uma em volta da outra em cerca de 100 anos.   Já nossa safira que é Albireo B é , de certa forma , assemelhada a nossa amiga azulada e mais próxima de Albireo A.  É ua anã da classe B  (B8) com uma temperatura de 12.100 K a Luminosidade de 190 sóis e uma massa de 3.3 sóis. Ela se distingue por girar muito velozmente atingindo em seu equador mais de 250 km por segundo e um período de rotação de 0.6 dias. Como é comum em estrelas que giram tão rápido ela é uma  Estrela Be ( e de emissão...) que esta perdendo matéria e rodeada por um disco de gás feita dela mesma... 
                De Albireo B  Albireo A apareceria como uma brilhante laranja com um ponto azul   cerca de 30 ´ de grau separados e com a laranja brilhando com a intensidade de 35 luas cheias e a anã com cerca de metade disto...         Uma espécie de remake gigantesco do que nós podemos ver aqui da terra quando olhamos para elas...
                Um truque legal para perceber ainda mais o lindo contraste de cores no par é desfocar levemente sua imagem...
                Cada pessoa percebe as cores de uma forma um pouco diferente.  Assim Albireo é um excelente campo para discussões. Mas independentemente das cores observadas o par sempre garante um forte contraste de cores e mesmo um amigo ( muito) daltônico meu ficou encantando.
                Durante a ultima visita a Búzios não resisti e fiz algumas imagens de Albireo utilizando foco direto e com e sem barlow. Estrelas duplas mais brilhantes são alvos fáceis de se fotografar e podem ser registradas com quase qualquer técnica . Mesmo utilizando método afocal você conseguirá bons resultados.  Localizei um antigo desenho de minha primeira observação de Albireo . Algo como meu  registro de batizado...

               
                E aí ? Você já foi à Albireo? 



3 comentários:

  1. Grande Nuncius,
    Você poderia recomendar um software que facilitasse escrever/desenhar sobre nossas próprias fotos, de modo que pudéssemos fazer a identificação dos objetos fotografados? Agradeceria muito qualquer comentário a esse respeito. Abraços.

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    1. Para identificar objetos fotografados existe : http://nova.astrometry.net/ Eu costuma "desenhar" sobre fotos utilizando o Photoshop. Acredito que o Gimp também faça o serviço. abç.

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