Astrofotografia é, muitas vezes, uma amante ingrata. Cheia de vontades e caprichos. Depende de bom alinhamento polar, céus escuros, longas exposições e equipamento caro. Recentemente chorei minhas magoas por aqui. Mas...
Selene é a filha dos Titãs Hyperion
e Theia. No sincretismo galo- romano ela se torna Luna. A deusa da Lua. Irmã do
de Helius (o Sol). Curiosamente ela
surge sempre fresca e banhada por Oceanus toda vez que o seu irmão se põe.
Percebe-se que a Grécia é cercada pelo mar...
Ela é uma deusa “dada” e deixou
50 filhos.
E mantendo a tradição ela é um
alvo “fácil” para os astrofotografos iniciantes e/ou na pindaíba.
A lua pode ser fotografada com o
uso de diversos equipamentos. Em composições digamos ,artísticas, ela pode ser
registrada até mesmo com celulares.
Outra forma é utilizando-se teleobjetivas.
Diversas câmeras, mesmo sem lentes intercambiáveis, tem poder de fogo
suficiente para registrar detalhes de sua superfície.
Creio que com uma teleobjetiva a
partir de 300 mm é possível obter-se resultados bastante satisfatórios. Como se
trata de um objeto extremamente claro não existe a necessidade de lentes muito
claras e consequentemente caras. E ainda assim utilizarás velocidades de
diafragma que na maior parte das vezes dispensam o uso de tripés para apoio.
300 mm ampliado photohsop |
Com o uso
de um programa tipo Photoshop você poderá ainda utilizar-se de recursos
digitais para a ampliação da imagem e conseguir um excelente nível de
detalhamento da superfície lunar. Outros programas poderão ainda incrementar mais ainda o nivel de detalahamento . O Registax é um deles.
Registax (centro foto da esquerda) |
Este acompanhado por qualquer câmera
servirá para fotos pelo método afocal. Registros interessantíssimos poderão ser
obtidos desta forma. Fixando-se a câmera junto a ocular e fotografando a imagem
projetada por esta é tudo que você precisa. Lembro-me das primeiras fotos que fiz assim.
Simplesmente fiz um tubo de cartolina e fita crepe que se adaptava de um lado a
bitola da ocular (1.25 pol.) e do outro a objetiva (um pouco menos...) de minha
“camereta”.
Afocal |
Posteriormente comprei um acessório
especifico para isto. Não me recordo do preço . Mas foi na casa de dois dígitos.
Já em set-up´s mais elaborados o
céu é o limite (perdoem-me mais não resisti...).
Utilizando uma câmera DSLR e um T
- ring (adaptador) é possível fixar a câmera a qualquer telescópio. E
utilizando-se de lentes barlows a capacidade de ampliação só será limitada pelo
seeing (estabilidade atmosférica).
Recentemente fiz algumas experiências.
Utilizando meu refrator 900 mm e
utilizando a carcaça da barlow (sem lente) como adaptador fiz algumas fotos de Selene.
Neste set up a lua se apresenta
bem clara e o foco ocorre facilmente. A razão focal do telescópio (900/70) é
F13 (para os cdf´s de plantão 12,8571...). E a velocidade do obturador foi
regulada para 1/160. Câmeras digitais apresentam uma latitude enorme e outras
combinações de abertura e velocidade são viáveis. O freguês tem sempre razão...
Depois utilizei a barlow completa.
Com isto a imagem apresenta um aumento de 2x a imagem inicial.
Seria como se o 900 mm vira-se um 1800 mm. A imagem escurece na mesma proporção. Numa simulação a abertura seria por volta de F 26. Quadrados e raízes fora a exposição na foto é de 1/40. Ou seja, 4 vezes mais lenta. A foto é mais escura. Em tese eu deveria tentar 1/12. Ou algo assim... Ótica não é uma ciência exata no Nuncius Australis.
Seria como se o 900 mm vira-se um 1800 mm. A imagem escurece na mesma proporção. Numa simulação a abertura seria por volta de F 26. Quadrados e raízes fora a exposição na foto é de 1/40. Ou seja, 4 vezes mais lenta. A foto é mais escura. Em tese eu deveria tentar 1/12. Ou algo assim... Ótica não é uma ciência exata no Nuncius Australis.
Finalmente tento algo que eu
imaginava que seria um total fracasso. Coloco mais uma Barlow 2X na obra.
Agora o meu velho “Galileu” se
disfarça de uma teleobjetiva de 3600 mm e o tamanho da imagem que atinge o ccd
da Canon tem quatro vezes o tamanho inicial... Na foto que vocês veem a
velocidade do obturador é de 1/ 4. E a razão focal (imaginaria) lá na casa de F
51. Brincado de ótica... Quadrados e raízes e tire a foto. Depois tente de
novo...
A imagem se torna bem escura no
view finder e o foco muito difícil de ser alcançado. A imagem se torna muito suscetível
ao seeing e utilizando a minha montagem EQ 1 tudo fica meio balançante. De
diversas fotos que tirei a única que apresentou resultados minimamente aceitáveis
foi a que vos apresento. Mas acredito que com uma montagem mais estável e com a
lua mais alta no céu o pequeno “Galileu” suporte o aumento proporcionado por
este setup.
Realmente a imagem fica bem
escura junto a View finder da câmera.
Durante este período do ano só
consigo avistar Selene quando já vai baixa no horizonte oeste. E assim muita
sujeita as instabilidades da atmosfera e consequente mal seeing.
Outros fatores devem ser
considerados quando fotografamos a lua. Uma delas é a fidelidade na cor. E
assim como todos os objetos celestes quanto mais baixos no horizonte menos
fidedigno será o registro. Mas fotografar a lua é uma excelente forma de se
introduzir na astrofotografia e uma especialidade cheia de truques.
P.S. Acho importante que as fotos que você tira não sejam um fim nelas mesmas. No caso da lua elas devem servir como uma ferramenta para que conhecer de fato a superfície lunar. Acho um excelente exercício tentar identificar o maior numero de estruturas nas fotos . Com o auxilio de um atlas lunar é possível reconhecer diversas estruturas e ainda aprender algo sobre a história da astronomia que se esconde atrás dos nomes das crateras , vales e afins. Eu recomendo o Virtual Moon Atlas (freeware) para isto. E depois é só abrir sua foto no Photo Shop e sair localizando ( ou pelo menos tentando localizar..) cada uma das estruturas visíveis em suas fotos.
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