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terça-feira, 1 de março de 2011

Catlogo J.E.S.S. - O cinturão de Júpiter

O Cinturão Perdido de Jupiter.




Finalmente chegaram de volta a minha pessoa os manuscritos mais antigos dos deixados por Silvano e Silva e José Eustaquio.

São centenas de paginas. Estou destrinchando o material. Pode parecer fácil. Mesmo depois do trabalho de recuperação a que foram submetidos o termo “recuperados” é bastante otimista. As caligrafias são péssimas e a organização dos dois senhores surpreende até mesmo ao autor. Ele mesmo um prodígio da baderna.

De qualquer forma os primeiros anos de Silvano e Silva no Brasil deixaram um grande legado. Escrevia muito.

Manteve durante os primeiros anos anotações detalhadas sobre diversos planetas. Especialmente Júpiter e Saturno.

Ele acreditava que um dos maiores momentos da humanidade se dera quando Galileu apontou seu telescópio para o deus Júpiter e viu apenas um planeta cercado por quatro luas. E mudou o mundo.

O planeta é conhecido desde a antiguidade. Um dos astros mais brilhantes de todo o céu. Só é subjugado pela Lua e por Venus. É um gigante muito mais distante que estes pequenos mundos.

Galileu batizou as luas com o nome de Stella Mediceana. Fazendo assim boa política com seu patrono. Silvano Silva ainda se refere a elas assim.

São conhecidas hoje por Io, Europa, Ganimedes e Calisto.

Ganimedes nos dá bem a escala. Ela é maior que o planeta Mercúrio.

Nosso padre pagão também o chamava de Marduk. E adorava ser jovial. Dizia ele que porque jovial vinha de Joviano. E Este era o adjetivo para Júpiter.

Matava a lingüística e mostrava o pau. Nosso querido padre sofria por não poder crer em Deus. Então o chamava de um deus pagão e se vingava dele mesmo.

O conhecimento sobre a real estrutura Jupteriana era ainda um grande mistério e Dom João buscava a verdade. Um dos escritos mais interessantes que achei foram relativos a eventos na atmosfera de Júpiter.

Como sabemos Silvano e Silva foi se tornando cada vez mais desregrado ao longo dos anos. Os escritos que me chegaram às mãos agora é o melhor de sua produção. Ele mantinha ainda um diário e datas. Por isto este evento astronômico foi bem registrado.

Na noite de 1 de março de 1764 Júpiter dominava o horizonte Noroeste . Segundo Dom João:

“... Marduk se mostra glorioso. Emoldurado por Aldebarã. Faz escolta para as Hyades e as Plêiades. Em sua vizinhança se esconde um dos encantos que José me mostrou a algumas noites. (Provavelmente ele refere-se ao aglomerado aberto NGC 1647.) Aponto o telescópio em sua direção a 34º na direção Noroeste. E me surpreendo. A minha tão cara estrutura de cinturões esta desfigurada. Algo aconteceu ao cinturão sul. Ele simplesmente sumiu. Não posso afirmar exatamente quando. Minha ultima observação do Planeta foi a cerca de 20 dias. O clima tem estado deveras chuvoso.”.



Dom João então acompanhou todo um processo . Primeiramente ele achou que nunca mais veria o cinturão. Mas a evolução da coisa foi menos cruel. Aos poucos ele foi se refazendo. E Dom João descreve um ciclo que na época era desconhecido.

Naqueles tempos a dinâmica atmosférica deste gigante gasoso ainda era desconhecida e o fenômeno pareceu quase como mágico para Dom João e posteriormente José.

Segundo o texto de Dom João nosso amigo José Eustaquio do Nascimento e Islas novamente se mostra a frente de seu tempo. Ainda que errado ele acerta. Ele diz que os planetas são como a terra. Aquilo era apenas uma mudança climática.



Hoje sabemos que júpiter é um planeta gigantesco. Composto quase que exclusivamente de hidrogênio e Helio. Assim se assemelhando a uma estrela. Caso fosse maior sua massa teria tornado a pressão e a temperatura em seu núcleo tão alta que este seria uma estrela de fato.

Júpiter apresenta padrões climáticos bem estáveis. Sua grande mancha vermelha é uma estrutura conhecida há séculos e apesar de mudanças sempre se manteve. É uma imensa tempestade que dura mais de 400 anos. Assim o desaparecimento de um de seus cinturões equatoriais é um fato digno de nota.

Recentemente isto aconteceu novamente (maio de 2010) e a registros de desaparecimento também em 1991 e em 1973.

Mas em 1764 nunca havia sido registrado tal fenômeno. Isto torna a observação de José Eustaquio marcante. O Ciclo que ocorreu ainda é um mistério. Pois foi muito mais rápido que qualquer um já registrado. E não há registros europeus para tal fato.

Hoje sabemos que Júpiter possui 2.5 vezes a massa de todos os outros planetas do sistema solar juntos. Isto é tão massivo que o baricentro do sistema Jupiter-Sol esta acima do disco solar. Há 1.68 rad. do centro do Sol.

Sua estrutura interna ainda é incerta. Supõe-se que seu núcleo seja composto de uma mistura de elementos. Cercado por uma camada se hidrogênio metálico e algum Hélio e uma camada de hidrogênio molecular embalando tudo isto.

Sua atmosfera é a maior do sistema solar com mais de 5000 km de espessura. Júpiter não possui uma superfície sólida e então a base de sua atmosfera é considerado um ponto onde a pressão atinge 10 bares (10 vezes a pressão na superfície da Terra).

Sua camada de nuvens, que é responsável pelo fenômeno aqui descrito, é composta basicamente de cristais de amônia e de hridrosulfito de amônia. Elas se localizam na tropopausa do planeta e se organizam em diferentes cinturões. Com diferentes cores. E em diferentes Latitudes. Formando assim padrões como os que vemos. É possível que haja uma fina camada de nuvens de vapor d’água abaixo destas. Isto explicaria a presença de raios e outros fenômenos eletromagnéticos observados em Júpiter. A água é uma molécula “polar”. Ou seja, apresenta carga. E a separação destas leva a esses fenômenos.

Hoje sabemos que o desaparecimento deste cinturão se deve a intensa atividade ciclonica na atmosfera. Isto faz com que Nuvens claras que em geral se encontram mais baixas “cubram” as nuvens mais escuras que habitam o cinturão. O que dispara isto ainda é um mistério para os astrônomos.

Isto não era problema para José que atribuía isto a exatamente o que acontecia. Um fato comum a dinâmica atmosférica do planeta. Ele mesmo já havia visto isto e não se impressionou com o fenômeno. Aquilo chocou Silvano Silva e segundo entendo causou acaloradas discussões entre ambos.

Acompanhando as próximas observações o fenômeno teve uma duração muito curta. Entre os meus alfarrábios as descrições de Júpiter voltaram à normal imediatamente. Segundo as datas o fenômeno não passou de dois meses de duração. Ou seja, o cinturão se restabeleceu em um período muito menor que o recente evento em 2010.

Minhas próprias observações demonstram que o cinturão sumiu por volta do começo de maio2010 e ainda estava se restabelecendo no final de fevereiro de 2011. Segundo outros registros o ciclo dura cerca de um ano.

Silvano Silva pode ser considerado o descobridor deste fenômeno. Ou se acreditando em José Eustaquio este seria o descobridor. De qualquer forma Dom João é o primeiro a registrar isto.

Desaparecimento registrado durante 2010/2011 Sul para cima

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