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quarta-feira, 19 de maio de 2010
A Revolução de Copérnico
Era obvio para o homem da antiguidade que a nossa vasta e imóvel terra era o centro do universo. O movimento diário das estrelas, planetas, do sol e da lua através do céu pareciam suportar a hipótese geocêntrica. Entretanto, qualquer sistema que explicasse o intricado movimento dos planetas era extremamente complexo. A cosmologia geocêntrica de Ptolomeu com todos os seus epiciclos, deferentes e equantes demonstra isto claramente (o Nuncius vai apresentar as idéias de Ptolomeu em um futuro próximo, embora sejam apenas de interesse histórico).
Durante o século III um cidadão chamado Aristarchus apresentou uma idéia que evitava todos os círculos e voltas e epiciclos. Uma hipótese Heliocêntrica. Mas a idéia se perdeu.
Passaram-se treze séculos e no inicio do sec. XVI um humilde monge de origem polonesa estava destinado a dar ao mundo uma nova forma de se compreender o universo.
Copérnico foi o primeiro astrônomo a trabalhar todos os detalhes de uma cosmologia heliocêntrica. Apesar de existir uma cópia do trabalho de Aristarchus na biblioteca do Vaticano, acredita-se que Copérnico nunca tenha sido apresentado ao trabalho deste. De qualquer forma Aristarchus somente imaginou a possibilidade de um universo heliocêntrico, porem não desenvolveu o seu projeto. Já Copérnico usou a matemática para provar que a posição dos planetas podia ser predita com exatidão neste sistema.
Sua teoria heliocêntrica foi publicada em sua magna obra De Revolutionibus Orbium Celestium em 1543. O mesmo ano de sua morte.
O seu sistema foi elaborado de uma forma totalmente empírica. Assim sendo ele elaborou sua teoria de forma que ele obtivesse as respostas certas para a posição que os planetas ocupavam em determinado momento. Desta forma orgânica ele intui que os planetas giravam em torno do sol na seguinte ordem: Mercúrio, Venus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno. Intui ainda que quando mais próximo ao sol mais veloz seria sua velocidade de translação. Assim sendo ele explicou o movimento retrogrado dos planetas superiores (são chamados de planetas superiores todos os planetas além da orbita terrestre, o que nesse tempo significava Marte, Júpiter e Saturno. Vou deixar ao leitor que adivinhem quais seriam os planetas inferiores.)
Copérnico percebeu que os planetas inferiores sempre apareciam junto ao sol. Em condições favoráveis eles são avistados a oeste logo após o por do sol, ou a leste um pouco antes do nascer do sol. Devido a brilho do sol eles são melhores observados em sua maior elongação leste (no inicio da noite) ou na sua maior elongação oeste (ao amanhecer). Você já deve ter percebido que se trata de Mercúrio e Venus os tais planetas inferiores
De tempos em tempos os planetas inferiores passam entre a terra e o sol. A isto chamamos de conjunção inferior. Quando Venus o mercúrio passam atrás do sol se chama conjunção superior. Imagina-se que estes a passarem em frente ao sol durante a conjunção inferior pareçam pequenos pontos contra o sol. Porem suas orbitas são inclinadas em relação a orbita da terra e então eles passam, em geral, ao sul ou a norte do disco solar. Nas raras ocasiões que passam diante a sol nos chamamos de trânsitos. Os trânsitos de Venus são bem raros já os de mercúrio acontecem em média treze vezes a cada século.
Um planeta superior ,quando passam atrás do sol, se diz que se encontra em conjunção. Já quando a terra se encontra entre o sol e os planetas superiores, se diz que estão em oposição. Neste momento eles aparecem bem altos no céu a meia noite.
Imagine que Copérnico descobriu a ordem dos planetas sozinho, indo contra toda a cosmologia reinante no seu tempo.
Ao estabelecer a teoria heliocêntrica ele ainda realizou que ele deveria distinguir a duração das orbitas de cada um deles. Para isto ele precisava diferenciar o período sinódico e do período sideral.
O período sideral é quanto tempo demora a um planeta completar uma volta ao redor do sol.
Infelizmente só podemos calcular o período sinódico, pois a terra também se move. O período sinódico é o tempo que um planeta leva para voltar a mesma configuração em relação à terra . Ou seja, entre uma oposição e outra, por exemplo. Felizmente a uma relação matemática entre ambos e isto permite se estabelecer a duração dos “anos extraterrestres”.
Com isto ele também conseguiu calcular com grande exatidão a o tamanho relativo de suas orbitas. Lógico que não em kilometros, mas em relação a distancia da terra para com o sol. Ou seja, em unidades astronômicas.
O trabalho de Nicolau Copérnico marca um ponto de mutação no pensamento humano. Ele inicia uma revolução que vai se espalhar pela Europa no século vindouro e que vai culminar na brilhante realização feita por Issac Newton. As em um primeiro momento o trabalho de Copérnico encontra forte oposição, principalmente da igreja, e vivesse ele mais próximo a Roma e não estivesse já morto terminaria seus dias na fogueira. Assim como acabou o seu livro.
Apesar do sucesso da teoria heliocêntrica a cosmologia de Copérnico ainda apresentava alguns furos. Especialmente devido a fato de este ainda acreditar em orbitas circulares. Ainda faltava um longo caminho para se descobrir as leis que regiam o movimento dos Planetas. Mas o primeiro e talvez mais difícil passo já fora dado.
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