Translate

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Eclipse de 21 de Janeiro de 2019: Uma Time Line



Tendo terminado o período de explorações do céu profundo e com a lua com mais de 90% do disco iluminado eu deixo Lumiar e subo ainda mais a serra rumo a Friburgo. O eclipse se aproxima e eu e meu pequeno seguimos para casa da Bisa. A cara metade e a mais velha irão nos encontrar lá para o encerramento das aventuras deste verão. E o eclipse deverá coroar o momento.
É claro que o Murphy, Clark e Cia. Ltda. querem ser implacáveis. O Céu nublou completamente ao entardecer e Selene vem toda camuflada.. 
 

Mas mesmo assim eu insisti. Montei o Newton, acoplei a câmera e esperei por alguns buracos. Afinal adiei a Aporema, atrasei meu projeto e abdiquei de meu querido céu profundo em nome da bendita efeméride. As Aporemas são sempre comemoradas nas luas novas mais próximas aos solstícios no verão e no inverno e aos equinócios no outono e primavera.
Iria fotografar o eclipse. Nem que fosse para morder minha língua e realizar um trabalho de cunho puramente artístico. O Eclipse, as Nuvens e a Teimosia do Nuncius visitam Dunlop. Belo nome para um post... Quem leu o ultimo post vai entender a (péssima) piada.  A coisa está feia as 22:50. 


 Comecei a ouvir trovoadas as 23:30.  Mas estou fotografando com 4000 de obturador e ISO 3200 as 23:39.  Algumas fotos anteriormente me obrigaram a utilizar 1/30 de obturador para tentar “furar” o véu de nuvens e chegar a morada de Jorge.  Outra foto as 23:52.   Parece que vai abrir...  As 00:20 estou resolvendo Acrux. A mais bela dupla do Cruzeiro. Enquanto aguardo as coisas fico brincando “free hand ao telescópio”. Desde os tempos de Hipátia (Minha Eq 2-3) Não fazia isso.  Recordar é viver.
O eclipse será só para os boêmios. Aos poucos vou ficando só. José é filho de minha cunhada e com 10 anos é o ultimo a se render. Seremos somente eu e Newton (meu refletor 150 mm f8). Newton, na verdade, está com sua tampa e assim sua razão focal é f 24.
As 00:33 ainda não começou o espetáculo. Mas Murphy parece tentar mais uma vez. Aproveito o momento e “flipo” o contrapeso do telescópio. O eclipse vai acontecer a oeste do meridiano.  Há um halo lunar gigante atestando a umidade. Mas curiosamente esta noite não terei nenhum problema com condensação.
A Lua Cheia...

As 1:28 começo a serie de fotos. Serão 349 no final do programa. Como não poderia deixar de ser um pequeno Cirrus entra em campo. Mas desiste e terei condições muito boas para registrar o evento.

As 1:30 Schickkard (cratera) já foi levada pela sombra.  


As 1:45 O pequeno Mare Humorum já está praticamente submerso. 


As 1:54 Tycho já perdeu muitos de seus raios. 


As 1:58 Copérnico já era bem como todo Mare Nubium e bom pedaço do Insularum . A parte escura é negra e ainda nada do tom avermelhado do ultimo eclipse.


As 2:05 A sombra caminha sobre o Mare Insularum e atinge os Monte Apeninos 


As 2:16 as sombras já invadem o Mare Imbrium e se aproximam de Archimedes 


As 2:21 mais da metade do Mare Serenitatis foi engolido e o céu já vai bem brilhante. A Via Láctea é evidente no horizonte sul.  


As 2:30 o obturador que vinha sendo de 1/250 na maior parte do tempo já caiu para 1/100. Só resta o Mare Crisium totalmente visível. 


As 2:34 as sobras se aproximam da borda do Crisium. 


As 2:37 quase metade do Crisium se foi e o obturador está em 1/60 


As 2:40 só as margens mais opostas do Crisium resistem. A lua é um fiapo. 






De 2:40  até 2:44 a parte acesa definha até se aproximar a totalidade. . O Obturador está trabalhando em 1/13.

Seria o Incio da totalidade...

2:41 Início da totalidade segundo o site do planetário do Rio. Não me parece ... Esta me parece ocorrer as 2:44. 


As 2:45 faço a última foto do apagamento. Com 1/30 de obturador. Daqui para frente as exposições serão mais longas e buscarei cores e detalhes na totalidade. A Lua é rosa.


As 2:46 com 2 segundos de exposição.


As 2:47 2 segundos 


As 2:51 2 segundos 


As 2:54 já com 4 seg. de exposição. 



As 2:55 com 2 segundos e com 4 segundos 



As 2:59 com 2 e com 4 segundos. O céu é escuro e M 44 e M 35 são evidentes a olho nu. Pena não estar com duas câmeras e duas cabeças. Seria legal obter umas imagens com uma lente grande angular.  
Maxima totalidade 2 seg.


Maxima 4seg.

As 3:12 é o momento máximo da totalidade. 2 segundos e 4 segundos 


As 3:23 ainda na totalidade com 5 seg. 


3:39 se aproxima o fim da totalidade 5 segundos de exposição. 

Fim da totalidade.

3:43 Fim da totalidade. 5 segundos de exposição. 


3:46 A lua parece começar a sorrir timidamente na borda oeste. 


3:49 “vai nascendo”.

3:50 

3:54   Começa a se acender de fato. A lua já vai mais baixa no horizonte oeste e eu exausto começo a perceber muitas nuvens se aproximando. É o fim para mim...



O Eclipse foi lindo. De um colorido rosa. Baseando-me na Escala Danjon achei que este oscilou, durante o parcial e até se apagar este seria 0. A lua quase negra. Já na totalidade este ficou entre 3 e 4. Sem nunca atingir o vermelhão do eclipse passado (julho 2018). Não sei se porque a atmosfera no rio seja muito mais poluída que em Friburgo. Foi um tour de force que brindou uma semana muito especial pela serra.   
As 4:02 o galo cantou...

Nenhum comentário:

Postar um comentário