Tendo
terminado o período de explorações do céu profundo e com a lua com mais de 90%
do disco iluminado eu deixo Lumiar e subo ainda mais a serra rumo a Friburgo. O
eclipse se aproxima e eu e meu pequeno seguimos para casa da Bisa. A cara
metade e a mais velha irão nos encontrar lá para o encerramento das aventuras
deste verão. E o eclipse deverá coroar o momento.
É claro que o
Murphy, Clark e Cia. Ltda. querem ser implacáveis. O Céu nublou completamente
ao entardecer e Selene vem toda camuflada..
Mas mesmo
assim eu insisti. Montei o Newton, acoplei a câmera e esperei por alguns
buracos. Afinal adiei a Aporema, atrasei meu projeto e abdiquei de meu querido
céu profundo em nome da bendita efeméride. As Aporemas são sempre comemoradas
nas luas novas mais próximas aos solstícios no verão e no inverno e aos
equinócios no outono e primavera.
Iria
fotografar o eclipse. Nem que fosse para morder minha língua e realizar um
trabalho de cunho puramente artístico. O Eclipse, as Nuvens e a Teimosia do
Nuncius visitam Dunlop. Belo nome para um post... Quem leu o ultimo post vai
entender a (péssima) piada. A coisa está
feia as 22:50.
Comecei a ouvir trovoadas as 23:30. Mas estou fotografando com 4000 de obturador
e ISO 3200 as 23:39. Algumas fotos
anteriormente me obrigaram a utilizar 1/30 de obturador para tentar “furar” o
véu de nuvens e chegar a morada de Jorge.
Outra foto as 23:52. Parece que
vai abrir... As 00:20 estou resolvendo
Acrux. A mais bela dupla do Cruzeiro. Enquanto aguardo as coisas fico brincando
“free hand ao telescópio”. Desde os tempos de Hipátia (Minha Eq 2-3) Não fazia
isso. Recordar é viver.
O eclipse será
só para os boêmios. Aos poucos vou ficando só. José é filho de minha cunhada e
com 10 anos é o ultimo a se render. Seremos somente eu e Newton (meu refletor
150 mm f8). Newton, na verdade, está com sua tampa e assim sua razão focal é f
24.
As 00:33 ainda
não começou o espetáculo. Mas Murphy parece tentar mais uma vez. Aproveito o
momento e “flipo” o contrapeso do telescópio. O eclipse vai acontecer a oeste
do meridiano. Há um halo lunar gigante
atestando a umidade. Mas curiosamente esta noite não terei nenhum problema com
condensação.
A Lua Cheia...
As 1:28 começo
a serie de fotos. Serão 349 no final do programa. Como não poderia deixar de
ser um pequeno Cirrus entra em campo. Mas desiste e terei condições muito boas
para registrar o evento.
As 1:30
Schickkard (cratera) já foi levada pela sombra.
As 1:45 O
pequeno Mare Humorum já está praticamente submerso.
As 1:54 Tycho
já perdeu muitos de seus raios.
As 1:58 Copérnico
já era bem como todo Mare Nubium e bom pedaço do Insularum . A parte
escura é negra e ainda nada do tom avermelhado do ultimo eclipse.
As 2:05 A
sombra caminha sobre o Mare Insularum e atinge os Monte Apeninos
As 2:16 as
sombras já invadem o Mare Imbrium e se aproximam de Archimedes
As 2:21 mais
da metade do Mare Serenitatis foi engolido e o céu já vai bem brilhante. A Via Láctea
é evidente no horizonte sul.
As 2:30 o
obturador que vinha sendo de 1/250 na maior parte do tempo já caiu para 1/100. Só
resta o Mare Crisium totalmente visível.
As 2:34 as
sobras se aproximam da borda do Crisium.
As 2:37 quase
metade do Crisium se foi e o obturador está em 1/60
As 2:40 só as
margens mais opostas do Crisium resistem. A lua é um fiapo.
De 2:40 até 2:44 a parte acesa definha até se aproximar a totalidade. . O
Obturador está trabalhando em 1/13.
Seria o Incio da totalidade... |
2:41 Início da
totalidade segundo o site do planetário do Rio. Não me parece ... Esta me
parece ocorrer as 2:44.
As 2:45 faço a
última foto do apagamento. Com 1/30 de obturador. Daqui para frente as
exposições serão mais longas e buscarei cores e detalhes na totalidade. A Lua é
rosa.
As 2:46 com 2 segundos de exposição.
As 2:47 2
segundos
As 2:51 2
segundos
As 2:54 já com
4 seg. de exposição.
As 2:55 com 2
segundos e com 4 segundos
As 2:59 com 2
e com 4 segundos. O céu é escuro e M 44 e M 35 são evidentes a olho nu. Pena
não estar com duas câmeras e duas cabeças. Seria legal obter umas imagens com
uma lente grande angular.
Maxima totalidade 2 seg. |
Maxima 4seg. |
As 3:12 é o
momento máximo da totalidade. 2 segundos e 4 segundos
As 3:23 ainda
na totalidade com 5 seg.
3:39 se
aproxima o fim da totalidade 5 segundos de exposição.
Fim da totalidade. |
3:43 Fim da totalidade.
5 segundos de exposição.
3:46 A lua
parece começar a sorrir timidamente na borda oeste.
3:49 “vai
nascendo”.
3:50
3:54 Começa
a se acender de fato. A lua já vai mais baixa no horizonte oeste e eu exausto
começo a perceber muitas nuvens se aproximando. É o fim para mim...
O Eclipse foi lindo.
De um colorido rosa. Baseando-me na Escala Danjon achei que este oscilou,
durante o parcial e até se apagar este seria 0. A lua quase negra. Já na
totalidade este ficou entre 3 e 4. Sem nunca atingir o vermelhão do eclipse passado
(julho 2018). Não sei se porque a atmosfera no rio seja muito mais poluída que
em Friburgo. Foi um tour de force que brindou uma semana muito especial pela
serra.
As 4:02 o galo
cantou...
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