E existe um outro tipo. Mais para Atila , o Huno. O que importa é a contagem de corpos, o saque
e o incêndio. Eu , particularmente , me identifico mais com este tipo.
Quando vou observar gosto de saquear o maior numero de
DSO´s possíveis em uma única noite . Sendo viável fotografa-los para levar como butim. Mas nada
de centenas de exposições nem vários filtros. Uma vez a vítima localizada uma uma rápida inspeção
com diferentes oculares,tomar algumas notas e realizar algumas uma dezenas de
exposições. Um alinhamento polar é bom. Mas se não estiver lá muito bom também
não chega a ser o fim do mundo. O objetivo é obter um registro que permita a
identificação da vitima . Mesmo que para isto seja necessária alguma forma de
tortura. Importante frisar que o torturado sou eu mesmo. Pode ser necessária
varias estripulias no pós processamento das fotos para que o finado tenha sua
aparência não muito desfigurada. Assim com alguma pesquisa (em casos extremos uma visita ao
Astrometry.com) atrás de outras imagens do "navio" atacado na web você identifica a vitima e leva seu butim...
Desta forma o que pode ser bom para alguns pode ser um
M... para outros.
Sempre escutei que eu deveria realizar minhas capturas
fotográficas em RAW. Isto garantiria
muito mais riqueza de detalhes, cores e possibilidades para minhas fotos.
Os arquivos RAW são o equivalente digital do filme não
revelado. Arquivos RAW não são imagens- são uma coleção de dados não
comprimidos do sensor da câmera e informações sobre as configurações usadas no
momento do disparo. Os arquivos em RAW permite que você tenha muito mais margem
para corrigir erros de exposição no pós processamento. Em teoria os arquivos em
RAW possibilitam controle total sobre as Imagens.
Como eu desconfio de tudo que é bom demais achei que já
era tempo de eu experimentar algumas fotos em RAW.
Faria um "tour de force". Primeiro fotos
durante o dia. Pegar a bicicleta e fazer algumas fotos no Arpoador. E depois ,
já a noite, realizar um saque em algum DSO desavisado que passa-se ao alcance
dos canhões na Stonehenge dos Pobres (também conhecida como " O
Observatório mais Urbano do Mundo).
Uma vez com as imagens no cartão comecei a perceber que
as coisas não seriam tão suaves quanto supunha o artigo da Digital
Photographer...
Como arquivos RAW são como a emulsão de um filme não
revelado você deve se preparar para um monte de pós processamento. E vai também
precisar de algum programa que possa lidar com arquivos RAW. Como possuo o
Photoshop a opção obvia é o Adobe Camera Raw.
Como
cada fabricante possui um RAW " diferente" é necessário ( há outras
formas...) converter o RAW nativo de sua câmera. Para tal eu já tive que baixar
mais um programa. Adobe Digital Negative Converter. Este vai
transformar meus arquivo .CR2
(RAW da Canon) em .DNG.
Calma você continua trabalhando em RAW. DNG é um formato
RAW gratuito. E assim "mais democrático". Fosse um software seria
open code...
Em geral arquivos em Raw são de 12 ou 14 bits o que
significa eles tem 4.096 ou 16.384 níveis de brilho. Isto permite grande área
de manobra para correções e edições. Arquivos JPEG são de 8 bits , o que faz
com que tenham apenas 256 niveis de brilho.
Outra dita vantagem dos arquivos em RAW sobre JPEG é a
forma de se lidar com o Ruído. Os algoritmos de redução de ruido do Camera Raw
é muito mais poderoso que o do firmware da câmera. Se bem aplicados eles vão
superar a redução de ruido que já foi aplicada aos arquivos JPEG . Mas eu percebi um pequeno detalhe. Embora seja possível lidar bem com o
ruido através do Camera Raw não é um trabalho trivial. E como o seu arquivo RAW
possui muita informação os níveis de ruido podem ser bastante elevados
especialmente utilizando ASA muito alta ( como é comum nas fotos astronômicas)
.
Uma vantagem do RAW que realmente me agradou é que este
permite "bater o branco" depois do disparo. Isto é bastante útil para
se fotografar em condições de iluminação variadas e/ ou artificiais. Nas fotos
astronômicas ajuda muito a lidar com os efeitos da poluição luminosa que trás
algumas dominantes cromáticas para o fundo do céu e que são sempre diferentes
em cada local . Variam dia a dia aqui na Stonehege dos Pobres dependendo de
qual porcaria acenderam nas obras do metro...
Desta forma começa a " peregrinação dos meus frames
" capturados em RAW.
Arpex... |
Vamos falar um pouco sobre o nosso saque desta noite ( e
sobre astronomia...) antes de retornamos
ao tiroteio entre Raw, JPEG e outros codecs mais... ( este post é sobre
fotografia still mas poderia ser sobre cinema. Neste samba se misturam filmes
de Piratas, Bang -Bang, épicos ( Atila ,
o Huno) , e Documentários...)
Ngc 4463 é um obscuro aglomerado aberto na Constelação de
Musca. Ele foi um "navio azarado". Eu tinha saído em caça de Ngc 4609
em Crux. Mas aqui no Nuncius Australis é sempre a "La Raul". Não sei
para onde estou indo mas sei que vou no meu caminho. E assim este pequeno aglomerado
galáctico com apenas 5´ de diâmetro acabou caindo nas minhas garras.
Partindo-se de Acrux ( Alpha do
Cruzeiro) ele é bem próximo e não chega a ser difícil. Mas ele se disfarça bem.
Em um desavisado olhar ele se passa por uma estrela dupla. Mas para bom
entendor meia ... E ele se revela.
Em um primeiro momento eu creditava ter localizado o meu
destino oficial . Mas por obvias razões eu rapidamente percebi que não seria
possível. Pelo Stellarium eu desconfio. E em uma rápida visita ao cartes du
Ciel e já de posse de algumas fotos processadas eu identifico o DSO acima de
qualquer duvida. Entre as Jóias da Coroa Austral ele seria algo como um pingente
sem colar. Ou uma perola solta no fundo da caixa.
O Saque continua
conforme o habito e observo com a ocular 25 mm. Onde ele é bem discreto. E
depois com a 10 mm. Com esta sua natureza se revela de forma mais obvia e
permite algumas analises . Não percebo muita cor e acredito ser um jovem e distante
aglomerado. Depois de visitar a pagina
da WEBDA confirmo minhas suspeitas. As vezes eu acerto...
Ngc 4463 tem cerca de 7,5 milhões de anos e localiza-se a
11 mil de anos luz de nós.
Encontrei poucos papers a respeito da peça. E nenhum só
dele. Tadinho. Um deles me pareceu interessante e associa o aglomerado a alguma
nebulosas planetárias. Mas a fonte eu não digo e não conto. Como um bônus de minha aventura em RAW creio ter localizado uma obscura Nebulosa Planetária e quase impossível de ser percebida ( Totalmente impossível a olho nu). Por uma daquelas coincidências que nada tem a ver com as leis fundamentais do universo localizei uma foto que a apresentava. E fui buscar por aquele pequeno ponto estelar levemente enevoado. PK 200 2.1. Na melhor das fotos que consegui acho que a localizei. Com certeza esta no campo Mas tenho 3 suspeitos. E vou fazer que nem o governo prender todos. A foto que a revelou eu coloco no fim do post. Se alguém quiser tentar a sorte ... Não espere nada mais que uma tênue estrela. Para percebe-la como uma nebulosa planetária é necessário um telescópio grande e magnificações superiores a 400 X.
De volta a fotografia. Fiz 22 fotos com 13 segundos de
exposição. A captura foi realizada em um pequeno intervalo que a casa estava
vazia e assim o alinhamento polar deixou um pouco a desejar. Simplesmente
coloquei o telescópio aonde eu achei que devia e fiz as fotos. Nem um chute foi
dado no tripé...
Escolhi uma que apresenta-se menor drift e depois de
passar pelo DNG e o camera RAW salvei um arquivo JPEG ( o PS não salva arquivos
em RAW ou DNG) para fazer uma visita ao Astrometry e garantir a identificação.
Problemas . Os níveis de ruido e a péssima qualidade da
captura levam a repetidos fracassos por parte do programa do site.
Vai dar trabalho...
Capturar imagens em RAW em astro fotografia pode ser bom
para os puristas. Eu rapidamente percebi que com a quantidade de fotos
envolvidas isto não serviria para minha paciência "Atiliniana". Pelo
menos descubro que é possível tratar todos os arquivos no Camera RAW ao mesmo
tempo. E assim ajustar o balanço de branco e outros bric-a-bracs ( No caso só a exposição ) em lotes. Bem como
nomear e salvar estes arquivos.
O problema é que mesmo tendo brincado com o nível de
ruido no Camera Raw estes continuam bem altos. Com longas exposições e ASA
muito alta a coisa fica feia em RAW. E eu não tenho total dominio sobre os tais
poderosos logaritmos do programa.
Desta forma o Deep Sky Stacker começa o seu show e eu, já
de saco cheio , prefiro utilizar o Rot n´Stack. Para isto preciso transformar
todas as fotos de DNG em JPEG. 22 fotos... E depois passar todas estas no Noiseware... Aiiii!!! ( Na verdade o Rot n, Stack consegue alinhar todas elas sem este procedimento. E í você só precisa passar pelo Noise depois de alinhar as fotos. O Deep Sky é mais exigente.)
Mas depois de empilhar as fotos e realizar a já
tradicional peregrinação de frames pelo Rot n´Stack ( ou Deep Sky Satacker) ,
Noiseware (este me pareceu muito mais fundamental para a realização da operação
quando trabalhando em RAW) ,Iris e Photoshop consigo obter alguns resultados razoáveis.
Depois foi só apresentar os resultados ao Astrometry e confirmar o que eu já sabia.
Depois foi só apresentar os resultados ao Astrometry e confirmar o que eu já sabia.
Abaixo uma série de resultados obtidos através de diferentes caminhos. Os programas empregados em cada um dos resultados. Todos eles tem como ponto de inicio as imagens capturadas em RAW em uma Canon T3. O telescópio utilizado foi o Newton ( refletor newtoniano com distância focal1200mm / f8)
Quanto a fotografia do cotidiano o uso de RAW me agradou muito. As potencialidades de cor , brilho , efeitos e de edição em geral são enormes. Pretendo me aprimorar no uso do Camera Raw. Por enquanto creio que o firmware da camera que é aplicado aos arquivo JPEG é mais competente que eu pra lidar com o ruido das imagens digitais.
Acho importante ainda frisar que certos DSO como
nebulosas e galaxias devem se beneficiar mais da captura em Raw. Estas apresentam mais riqueza de cores e
brilho que o discreto Ngc 4663. Este , especialmente, não apresenta
características que justifiquem a trabalheira de se capturar em RAW.
Acredito que "piratas' mais pacientes e dedicados
podem se beneficiar enormemente dos recursos que a captura em RAW permite. Eu
voltarei ao bom e velho JPEG. Uma outra razão de me apegar a este mal habito é poder trabalhar com arquivos bem menores e a facilidade de trafegar com este material pelo Blog. Em ultima instancia o material aqui apresentado é sempre em JPEG. E sempre terei os TIffs gerados pelo DSS em algum lugar...
E também continuo acreditando que binóculos 15X70
dispensam o uso de tripés...
Olá Nuncius. Apesar de estar começando agora a caminhada na astrofotografia (se você puder, visite http://astrosantos.blogspot.com.br/ ), fotografo a um bom tempo, e sempre consegui trabalhar com os arquivos .CR2 nativos da minha Canon 60D diretamente no Lightroom e no Photoshop (usando o câmera RAW), sem precisar de nenhum tipo de conversão. O DeepSkyStacker, a partir da versão 3.3.4, também empilha os raws da Canon na boa.
ResponderExcluirO camera Raw aceita o CR2. Não é problema. Mas eu extraio os arquivos do Cartão diretamente em DNG. A ultima foto foi realizada no DSS empilhando CR2. Mas continuo tendo que trabalhar os arquivos. E O Ruid continusa o mesmo. Definitivamente não é para mim. Pelo menos para astrofotos. Para fotos mais convencionais eu utilizarei RAW. Na verdade a Canon permite que eu capture em ambos os formatos simultaneamente. É o que faço agora . abç.
ExcluirOi Nuncius, sou eu novamente. A captura em JPG pode produzir resultados fantásticos em muitos objetos, mas o RAW é capaz de salvar alguns casos aparentemente perdidos. Nesse sentido, te convido para conhecer a historinha da minha captura da tênue nebulosa IC4592, em Escorpião: http://astrosantos.blogspot.com.br/2014/07/a-importancia-da-captura-em-raw.html
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