A Nebulosa da Roseta é uma
daquelas imagens icônicas que quase todo mundo conhece. Mas, que na verdade,
pouca gente observou. Geralmente quando
se observa a Roseta visualmente o que se vê é o aglomerado aberto Ngc 2244. Sobre esse paira a dúvida de ter sido
descoberto por John Flamsteed já em 1690 ou, para algumas fontes (Leia-se
O´Meara), o aglomerado é mais uma descoberta de William Herschel já em 24 de
janeiro de 1784. Quase um século separam as observações. O aglomerado é bastante evidente e com
qualquer auxílio ótico comparece e como 12 Monocerotis (Lembram-se dos números Flamsteed
que nomeiam estrelas de constelações?) é um membro evidente me inclino a
acreditar que Flamsteed descobriu o aglomerado. Sei que são muito “es”. Mas
ainda assim acredito.
Ao se passear
na região é possível se confundir um pouco e misturar Ngc 2244 com Ngc 2264.
Mas uma análise atenta e um pouco de dever de casa vai impedir tamanha
barbeiragem.
Ngc
2244 é a entrada de número 50 na Lista observacional organizada por Sir Patrick
Moore. C50.
2 drizzle |
C49
é a nebulosa da Roseta propriamente dita. Esta um alvo visual bem difícil e que
possui diversas entradas do New General Catalog só para o conjunto completo.
Como foi descoberta em partes e por diferentes observadores ela se espalha
entre Ngc 2237 (descoberta por Swift em 1886 ou 1883 e atualmente utilizada
para descrever o conjunto da obra). Alberth Math descobriu o retalho a que se
referem como 2238 em 1864. E algumas fontes ainda dão Ngc 2239 como uma
descoberta de John Herschel. Sem medo da contradição parece claro, em meio à
confusão, que Swift foi que percebeu a maior parte da Roseta e o apelido de
Nebulosa de Swift é justificado.
Vamos
aos fatos. A Nebulosa da roseta e o aglomerado distam entre 4.900 e 5.200 anos
luz da terra (dependendo da fonte) e possuem magnitude de 9. O´Meara nos diz
que o aglomerado possui Magnitude 4.8 e a parte mais brilhante da nebulosa 5.
Me inclino mais a opinião de O´Meara. O aglomerado é facilmente perceptível
como um esfuminho mesmo em locais de céu nem tão generoso. A Nebulosa é um alvo
mais de caráter fotográfico. Sua observação é difícil mesmo com grandes
telescópios.
A
Nebulosa possui 65 anos luz de raio e é significativamente maior que a Grande
Nebulosa de Orion (só que muito mais distante). A Nebulosa é região de intensa formação
estelar. Os ventos estelares das jovens estrelas no interior da nebula exercem pressão nas nuvens interestelares e a
compressão mantém a formação estelar em movimento.
São
as estrelas super jovens de Ngc 2244 que fazem as coisas acontecerem por lá. Trata-se
de um aglomerado muito jovem, com meros 1 milhão de anos. Contemporâneo das
estrelas que pipocam no trapézio na Grande Nebulosa de Orion. Apesar de não
possuir nenhuma evidência para sustentar a hipótese é difícil não imaginar que algum
evento possa relacionar as forças fundamentais que sustentam os eventos em
ambas as nebulosas. Uma coincidência que deixaria Adams de orelha em pé. (Coincidências
de Adams são coincidências que parecem relacionar leis fundamentais do
universo. Mas que são apenas coincidências mesmo.) São uma coleção que realizo
em homenagem a Douglas Adams. Autor do” Guia do Mochileiro das Galáxias”.
A
Observação da Roseta (ou de Ngc 2244) e mesmo fotografar ela vai apresentar várias
facetas dependendo da noite que esta se realize. Em noites sem lua e de céu bem
limpo o aglomerado será perceptível como um esfuminho na obscura constelação de
Monoceros (O Unicórnio). Como a
constelação é uma coleção de cerca de 60 estrelas, que em tese, podem ser
percebidas a olho nu é importante lembrar que nenhuma delas brilha acima de 3.9
magnitude. E assim a constelação mais parece um vazio entre Orion, Gêmeos,
Procion (alpha cão Menor) e o cão Maior. Desta forma é fácil perceber com visão
periférica diversos abertos que habitam a região. Um caso de onde as trevas ajudam
a revelar luz tênue. Entre esses abertos
dois são evidentes e escondem muita nebulosidade, Ngc 2264 e Ngc 2244. Já falei
para estudar o mapa e não se enrolar entre um e outro.
Nas
fotos abaixo vão ver resultados de uma noite enevoada e acima no texto vocês já
viram o que é possível em uma noite clara. As fotos abaixo são boa ideia para o
que você pode esperar perceber visualmente. Na verdade, você vai perceber bem
menos que isso. Da nebulosa mesmo só espera perceber a porção Noroeste. e mesmo
assim utilizando visão periférica e técnicas milenares de respiração.
1 frame 50 seg. |
A
Roseta e o aglomerado associado são uma das mais belas nebulosas que se pode
visitar. O formato de uma coroa de rosas é evidente mesmo em fotos bastante
simples. Como esse cobre uma área enorme eu acho mais fácil fotografá-la
utilizando lentes que meu refletor 150 mm f8. O campo deste é mais apertado e
fotografar em f4 ajuda muito na captura encurtando os tempos de exposição
necessários para um registro mais elaborado.
As
fotos (as boas) aqui foram resultado de 51 exposições de 50 segundos em ISO 1600.
A Lente foi uma Canon zoom 70-300 mm @
300 mm f5.6. A montagem utilizada foi uma HEQ 5 Pro da Skywatcher e utilizei 10
dark frames. As fotos foram empilhadas no Deep Sky Stacker, esticadas no
PixInsight e tiveram alguns retoques no Photoshop.
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