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terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Ngc 2244 e a Nebulosa da Roseta

 


            A Nebulosa da Roseta é uma daquelas imagens icônicas que quase todo mundo conhece. Mas, que na verdade, pouca gente observou.  Geralmente quando se observa a Roseta visualmente o que se vê é o aglomerado aberto Ngc 2244.  Sobre esse paira a dúvida de ter sido descoberto por John Flamsteed já em 1690 ou, para algumas fontes (Leia-se O´Meara), o aglomerado é mais uma descoberta de William Herschel já em 24 de janeiro de 1784. Quase um século separam as observações.  O aglomerado é bastante evidente e com qualquer auxílio ótico comparece   e como 12 Monocerotis (Lembram-se dos números Flamsteed que nomeiam estrelas de constelações?) é um membro evidente me inclino a acreditar que Flamsteed descobriu o aglomerado. Sei que são muito “es”. Mas ainda assim acredito.



Ao se passear na região é possível se confundir um pouco e misturar Ngc 2244 com Ngc 2264. Mas uma análise atenta e um   pouco de dever de casa vai impedir tamanha barbeiragem.

                Ngc 2244 é a entrada de número 50 na Lista observacional organizada por Sir Patrick Moore. C50.

2 drizzle


                C49 é a nebulosa da Roseta propriamente dita. Esta um alvo visual bem difícil e que possui diversas entradas do New General Catalog só para o conjunto completo. Como foi descoberta em partes e por diferentes observadores ela se espalha entre Ngc 2237 (descoberta por Swift em 1886 ou 1883 e atualmente utilizada para descrever o conjunto da obra). Alberth Math descobriu o retalho a que se referem como 2238 em 1864. E algumas fontes ainda dão Ngc 2239 como uma descoberta de John Herschel. Sem medo da contradição parece claro, em meio à confusão, que Swift foi que percebeu a maior parte da Roseta e o apelido de Nebulosa de Swift é justificado.  


                Vamos aos fatos. A Nebulosa da roseta e o aglomerado distam entre 4.900 e 5.200 anos luz da terra (dependendo da fonte) e possuem magnitude de 9. O´Meara nos diz que o aglomerado possui Magnitude 4.8 e a parte mais brilhante da nebulosa 5. Me inclino mais a opinião de O´Meara. O aglomerado é facilmente perceptível como um esfuminho mesmo em locais de céu nem tão generoso. A Nebulosa é um alvo mais de caráter fotográfico. Sua observação é difícil mesmo com grandes telescópios.

                A Nebulosa possui 65 anos luz de raio e é significativamente maior que a Grande Nebulosa de Orion (só que muito mais distante). A Nebulosa é região de intensa formação estelar. Os ventos estelares das jovens estrelas no interior da nebula exercem  pressão nas nuvens interestelares e a compressão mantém a formação estelar em movimento.

                São as estrelas super jovens de Ngc 2244 que fazem as coisas acontecerem por lá. Trata-se de um aglomerado muito jovem, com meros 1 milhão de anos. Contemporâneo das estrelas que pipocam no trapézio na Grande Nebulosa de Orion. Apesar de não possuir nenhuma evidência para sustentar a hipótese é difícil não imaginar que algum evento possa relacionar as forças fundamentais que sustentam os eventos em ambas as nebulosas. Uma coincidência que deixaria Adams de orelha em pé. (Coincidências de Adams são coincidências que parecem relacionar leis fundamentais do universo. Mas que são apenas coincidências mesmo.) São uma coleção que realizo em homenagem a Douglas Adams. Autor do” Guia do Mochileiro das Galáxias”.

                A Observação da Roseta (ou de Ngc 2244) e mesmo fotografar ela vai apresentar várias facetas dependendo da noite que esta se realize. Em noites sem lua e de céu bem limpo o aglomerado será perceptível como um esfuminho na obscura constelação de Monoceros (O Unicórnio).  Como a constelação é uma coleção de cerca de 60 estrelas, que em tese, podem ser percebidas a olho nu é importante lembrar que nenhuma delas brilha acima de 3.9 magnitude. E assim a constelação mais parece um vazio entre Orion, Gêmeos, Procion (alpha cão Menor) e o cão Maior. Desta forma é fácil perceber com visão periférica diversos abertos que habitam a região. Um caso de onde as trevas ajudam a revelar luz tênue.  Entre esses abertos dois são evidentes e escondem muita nebulosidade, Ngc 2264 e Ngc 2244. Já falei para estudar o mapa e não se enrolar entre um e outro.

                Nas fotos abaixo vão ver resultados de uma noite enevoada e acima no texto vocês já viram o que é possível em uma noite clara. As fotos abaixo são boa ideia para o que você pode esperar perceber visualmente. Na verdade, você vai perceber bem menos que isso. Da nebulosa mesmo só espera perceber a porção Noroeste. e mesmo assim utilizando visão periférica e técnicas milenares de respiração.



1 frame 50 seg. 


                A Roseta e o aglomerado associado são uma das mais belas nebulosas que se pode visitar. O formato de uma coroa de rosas é evidente mesmo em fotos bastante simples. Como esse cobre uma área enorme eu acho mais fácil fotografá-la utilizando lentes que meu refletor 150 mm f8. O campo deste é mais apertado e fotografar em f4 ajuda muito na captura encurtando os tempos de exposição necessários para um registro mais elaborado.

                As fotos (as boas) aqui foram resultado de 51 exposições de 50 segundos em ISO 1600.  A Lente foi uma Canon zoom 70-300 mm @ 300 mm f5.6. A montagem utilizada foi uma HEQ 5 Pro da Skywatcher e utilizei 10 dark frames. As fotos foram empilhadas no Deep Sky Stacker, esticadas no PixInsight e tiveram alguns retoques no Photoshop.

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