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domingo, 27 de dezembro de 2020

Ngc 2264 : O Aglomerado da Arvore de Natal

 


                 Ngc 2264 é conhecido como o “Aglomerado da Arvore de Natal”. É um dos mais evidentes (claramente perceptível a olho nu) DSO`s da apagada constelação de Monoceros (O Unicórnio).  A constelação não se destaca por estrela brilhantes e é mais facilmente percebida como um buraco escuro cercado por Orion, O Cão Maior, Procion (Alfa Canis Minor) e Gêmeos. O que a constelação não apresenta em estrela brilhantes ela compensa com aglomerados abertos e nébulas sensacionais.  

                Sendo facilmente percebido a olho nu é curioso que o aglomerado tenha esperado por William Herschel para ser registrado na noite de 18 de janeiro de 1874. E em 1875 ele notou a nebulosidade envolvida no conjunto. Sob o mesmo número de 2264 o New General Catalog reúne tanto o aglomerado aberto como a nebulosa escura chamada de nebulosa do Cone.

                Como nos conta S.E. Dahm em seu estudo publicado em 2008 “The Young Cluster and star forming region of NGC 2264” o elemento é um aglomerado galáctico muito novo e componente dominante da Associação OB1 Mon. Localizado a aproximadamente 760 parsec é dentro do braço espiral local. O aglomerado está hierarquicamente estruturado (isso é bem evidente na foto analisada no Astrometry abaixo) com sub-aglomerados de membros suspeitos que se espalham ao longo de vários parsecs. Associado com o aglomerado está uma extensa nuvem molecular. O complexo se espalha por mais de 2o de céu. Forte formação estelar está ocorrendo na região e é evidenciada pela presença de numerosos aglomerados de proto estrelas encrustados, derramamentos moleculares e Objetos Herbig-Haro. Sua população estelar é dominada pela estrela múltipla O7 V, S Mon, e várias dúzias de estrelas do tipo B com zero anos de idade na sequência principal. Através de diferentes tipos de levantamentos já foram identificados mais de 600 membros de massa baixa e intermediaria distribuídos através do complexo de nuvens moleculares e mais densamente concentrados na região entre S Mon e a Cone Nebula.  A estimativa para o total de sua população estelar chega quase a 1000 membros alguns levantamentos fotométricos identificaram 230 candidatos de massa sub estelar.  A idade média de Ngc 2264 é de 3 Milhões de anos.  Isso faria o aglomerado contemporâneo do movimento tectônico que criou o Mar Morto e assistiu a Lucy se levantar e caminhar sobre duas pernas na Planície de Laetoli no norte da Tanzânia.



                O´Meara em seu Hidden Secrets diz que há especulações que os membros mais antigos talvez atinjam 30 milhões de anos (atualmente isto é considerado, quase, carta fora do baralho). E que nesse caso estes viram os primeiro Beija Flores tomarem néctar nas flores da Terra.  

                Embora minha captura fotográfica não destaque muito a Nebulosa do Cone que é descrita por mesmo O´Meara como uma estalagmite de mataria escura que se estica por 7 anos luz, a foto do Hubble faz bem o serviço.  Robert Burnham Jr.  no seu mais que clássico Handbook nos diz que se os antigos tivessem conhecimento de tamanha maravilha teriam chamada a nebulosa (Cone) por nada menos que o “Trono de Deus”. Aqui, como na Grande Nebulosa de Orion, até o observador moderno é tocado pela estranha sensação de estar sendo apresentado ao drama da Criação.

                Ngc 2264 é muitas vezes negligenciado devido a sua proximidade com a mais famosa (e de nebulosidade mais facilmente percebida) Nebulosa da Roseta. Mas eu aviso aos amigos que é uma briga de cachorro grande. Ou de homens fortes. Daquelas que não se aparta. Se aposta...

Todas as fotos são resultado de uma captura de 51 fotos de 50 segundos com ISO 1600. empilhadas  no DSS e processadas no PixINSight e no Photoshop. A foto que abre o Post foi rotacionada no PS. para reforçar a pareidolia. 300 mm f 5.6 Montagem Heq 5 . Câmera DSLR não modificada.


                Localizar A Arvore de Natal em locais escuros é bem fácil.  S Mon ou 15 Monocerotis são a mesma pessoa e facilmente percebidas a olho nu. Mas se tiver que navegar até elas em regiões de extrema poluição luminosa você pode partir de Gama e Xi Geminorum com 2 e 3ª Magnitude, nos pés dos gêmeos e dar seus pulinhos até Ngc 2264. O objeto é um dos 400 de Herschel e um dos mais fáceis da lista.  Será percebido maravilhosamente com um binoculo 10X50 e as coisas só melhoram com mais poder de fogo. A Nebulosidade ao redor é tarefa para céus mais escuros e mais amiga de CMOS e CCD´s que da retina. O Próprio Herschel na noite de 26 de dezembro de 1785 (um dia atrasado para o nome mais famoso do aglomerado entrar para a minha coleção de coincidências de Adams) nos diz: “É envolto (falando do aglomerado) em nebulosidade muito tênue que perde a si mesma na imperceptibilidade...

                A nebulosa do Cone é alvo para fotos ou telescópios de pelo menos 250 mm. Mesmo assim será discreta e com toda nebulosa escura e um objeto difícil visualmente.

                Já S Mon será dada. E sua cor vai ser percebida diferentemente por cada um. Eu a acho branca neve. Mas há registros de “a estrela mais azul que se pode ver” e o Admiral Smyth fala em um “tom de verde” ...  

                Ngc 2644 é um espetáculo dentre os espetáculos de Monoceros e um alvo bem no espírito das festas de Fim de Ano.

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