Continuando a apresentação dos aglomerados abertos pertencentes ao Catalogo Messier localizados em Auriga (O Cocheiro)
chegamos a M 37. Este o único deles fora do perímetro do pentágono que
caracteriza a constelação.
Os
aglomerados Messier em Auriga nos contam uma interessante história. Até os anos de 1980 eram todos descobertas de
franceses. La Gentil tinha descoberto M 36 e Messier tinha descoberto M 37 e M
38. Mas, em um dado momento entre os lançamentos de alguns dos primeiros
sucessos da Madonna (ahhhh...os anos 80) que foram “Into the Groove” e “Like a Virgin”,
G.F. Serio, L. Indorato e P. Nastasi, publicaram o agora fundamental paper “Hodierna's Observations of Nebulae and his Cosmology” no “Journal of the History of
Astronomy, Vol. XVI, No. 45, p. 1-36 (fevereiro de 1985). E pronto ... Todos os
abertos Messier em Auriga passaram a ser descobertos pelo até então desconhecido
padre siciliano Giovanni Battista Hodierna.
E antes de 1654. Com mais de um século de antecedência sobre nosso
caçador de cometas favorito. Ele o
descreve simplesmente como “um local nebuloso”. É difícil saber se ele inclui M
37 em sua categoria de “Luminosae” ou “Nebulosae”.
Ele certamente não percebeu estrelas em M 37 com a vista desarmada(Luminosae)
mas também é pouco provável que tenha visto algo com auxílio telescópico
(Nebulosae) afinal estamos nos primórdios da tecnologia telescópica. É difícil acreditar
que Hodierna tenha resolvido algo em M 37 e o que ele de fato viu é matéria de
discussão no paper de G.F. Serio.
Mapa de Auriga em De systemate orbis cometici; deque admirandis coeli characteribus (1654) (Sobre a sistemática do mundo dos cometas e dos admivarveis objetos dos céus) |
Messier
redescobriu M 37 na noite de 2 de setembro de 1764. Ele nos deixa a seguinte
descrição: “Aglomerado de fracas estrelas a pouca distancia do prévio (M 36);
as estrelas são tênues, próximas e contém alguma nebulosidade.”
Observar
M 37 a olho nu é um grande desafio para latitudes mais boreais e através de
minha buscadora 10 X 50 mm apenas suas duas estrelas mais brilhantes e ao
centro podem ser vislumbradas. Permanece uma impressão de nébula. Smith,
demonstrando bem como o interesse astronômico mudou, se refere a M 37 como uma
estrela dupla incluída em um aglomerado. E ainda demonstra profundo interesse
em outra pequena dupla que também é membro do aglomerado. Para se resolver o aglomerado é necessário um
binóculo de 70 mm ou um pequeno telescópio com pelo menos 30 x de aumento.
Telescópios maiores vão mostrar de 40 a 50 estrelas arranjadas em pequenos
grupos. M 37 dá uma impressão muito mais concentrada que seus vizinhos M 36 e M
38.
M
37 é o mais interessante dos aglomerados Messier em Auriga. Com mais de 2000 membros,
das quais 150 são mais brilhantes que magnitude 12,5 e com 500 mais brilhantes
que magnitude 15 ele apresenta 35 gigantes vermelhas as quais incluem seu
membro mais brilhante com magnitude 9,5. Sua estrela mais desenvolvida ainda na
sequência principal é uma relativamente jovem estrela do tipo B9. Isto indica
uma idade mais avançada que seus companheiros e sua idade é estimada em
500.000.000 de anos. Sua distancia é
alvo de disputa e varia entre 4.300 e 6.700 anos luz. É mais aceito que ele se
encontre no limite inferior destas estimativas e com isto ele ocuparia 33 anos
luz de universo. Estudos recentes indicam 24 variáveis entre seus membros
reais.
M
37 é, sem dúvida, o mais belo dos abertos Messier em Auriga e quão maior for
seu telescópio mais interessante este se torna.
M
37 se localiza ao leste do ponto central de uma linha imaginaria que liga
Mahasim a El Nath (Beta Taurus). Outra opção é iniciar seu “starhoop” a partir
de Capella (Alpha Auriga) em locais extrema poluição luminosa. Será um longo caminho e você passará por M 36 e M 38 na jornada. Considero o mais difícil dos aglomerados Messier em
Auriga para se localizar. O mesmo passou desapercebido por La Gentil.
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