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segunda-feira, 14 de novembro de 2016

M 34 e Algol


             M 34 é um aglomerado aberto que habita a constelação de Perseu. Esta passeia baixa nos céus na latitude do trópico de Capricórnio. Consequentemente apesar de ser um DSO bem brilhante eu jamais havia rendido homenagem a este belo aglomerado...
            A constelação é sempre lembrada pelo ainda mais boreal “Aglomerado Duplo” (Ngc 869 e Ngc 884) que curiosamente não foi incluído por Messier em seu Catalogo.
            M 34 é uma descoberta original de Messier e foi observado pela primeira vez em 26 de agosto 1764 “Aglomerado de fracas estrelas entre a cabeça da Medusa em Perseu e o pé esquerdo de Andrômeda, levemente abaixo do paralelo de  g. As estrelas podem ser detectadas com um refrator simples de três pés. Sua posição foi determinada a partir de b Persei na cabeça da Medusa”.

            É interessante frisar que b Persei é a estrela Algol. Uma das estrelas variáveis mais interessantes para o amador.  Sua magnitude oscila entre 2,12 e 3,39 em 2.8 dias.  Na verdade a “ Estrela Demoníaca” brilha a maior parte do tempo com magnitude de 2.1, mas de quase três em três dias seu brilho despenca para 3.4 e retorna para 2,1 em apenas 10 horas. Isto se deve a tratar-se de um sistema binário eclipsante. Duas estrelas compartilham um mesmo centro de massa que reside em nossa linha de visada. E assim uma secundaria maior, mas menos luminosa, eclipsa a primaria brilhante em 79% de seu brilho a exatamente cada 2 dias 20 horas  48 minutos e 56 segundos. Este comportamento é conhecido desde a antiguidade e emprestou a Algol seu carinhoso apelido.  O sistema de Algol é ainda mais complexo que isto e parece envolver quatro estrelas. Mas apenas as duas citadas são responsáveis pelo espetáculo que observamos da Terra.
            Smyth em seu clássico “Cycles of Celestial Objects” demonstra como o interesse por DSO variou ao longo da história. Seu livro é do meio do século XIX e nestes tempos o maior interesse era por estrelas duplas. De fato, ao descrever M 34 ele fala de “ Uma estrela dupla em um aglomerado”   como se o par que habita no centro do aglomerado fosse a raison d´étre deste para ser um objeto interessante.  Ele se refere ao par que habita o centro do aglomerado (h 1123).  O aglomerado possui muitas estrelas duplas e mesmo baixo no horizonte é uma visão bem dramática.  Apesar de seu comentário inicial Smyth destaca que o aglomerado é um encontro de “ charmosos pares” e que trata-se de “ disperso mas elegante grupo”.  
            De seus membros verdadeiros o par composto por Struve 44 são as estrelas mais brilhantes do aglomerado. (Magnitude 8.4 e 9.1)
            Com um diâmetro aparente de 25´ e habitando a 1450 anos luz de nós podemos calcular que seus aproximadamente 60 membros se espalham por 10 anos luz de universo. Suas estrelas têm cerca de 100 milhões de anos o que fazem dele um aglomerado de idade intermediaria. Sua magnitude total é de 5,2 e ele pode ser facilmente notado de locais escuros e mais ao norte.  De latitudes mais austrais M 34 é facilmente percebido com quase qualquer auxilio óptico. Resolvi quase todo o aglomerado com uma buscadora 9X50. 

            Apesar de não ser um dos objetos Messier mais falados M 34 é um aglomerado aberto de primeira classe e um interessante alvo ao alcance de amadores em quase todo o território nacional. 

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