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domingo, 11 de abril de 2021

Divagando sobre Programas para Astro Fotografia

 

                Existem dezenas de programas para realização de astro fotos. Não é a intenção deste post apresentar todos. Foi me concentrar, especialmente, nos que uso com mais frequência. E também contar um pouco da história e da evolução destes programas.  E falar de algumas novidades ...

                Me lembro, lá nos primórdios da minha aventura astro fotográfica, ainda com uma cabeça equatorial EQ 1 sem acompanhamento e utilizando uma camereta Point and shoot adaptada em uma ocular de 20 mm no Galileo (um refrator 70 mm F 13) com um tubo feito com cartolina e fita crepe....

                Eram tempos de Rot n´ Stack. Na época eu achava o máximo os resultados que conseguia com o mesmo empilhando dezenas de fotos com1 ou 2 segundos de exposição. Era tudo muito tosco e o Olavo de carvalho ainda era um cara que a gente ia sacanear no Grupo dele no Orkut. Sua filosofia era do mesmo naipe do Rot n´ Stack. Algo mais para pop art que para Astrofotografia. Felizmente, para a astrofotografia, os programas de stacking evoluíram rápido e muito. Já o Olavo e seus Olavetes caminharam rumo e idade média a passos ainda mais rápidos. Se as notícias foram ótimas para astrofotografia não foram tão boas para o país.

De volta ao Rot n´Stack. O Programa era bem simples. Você carregava todas as fotos que pretendia empilhar e ia, de uma em uma, marcando dois pontos de referencia para serem utilizados no empilhamento. Um com o botão direito do mouse e outro com o esquerdo. Ele podia fazer isso de forma automática. Mas isso só funcionaria se sua captura fosse perfeita. Com todos os frames idênticos e sem nenhum drift entre elas. Com uma montagem eq 1 isso nunca vai acontecer. Mesmo com uma E Q 5 sem acompanhamento. E assim para se empilhar 100 fotos era necessário dois clicks para cada foto. E mais um para mudar a foto. Com isso eram, no mínimo 300 clicks de mouse para se empilhar 100 fotos. O programa devia vir com um plano de saúde “bundled” para tratar dos problemas associados ao movimento repetitivo.  Depois disso ele gerava 4 arquivos finais do que tinha sido empilhado. Um chamado “Min”, o outro “Med” o Outro chamado “Max “e por fim um chamado “Sort”. Um tinha a foto final com os pixels de menor brilho registrados (Não sei porque), o Outro com os médios (em geral o mais realista), ou outro com os mais brilhantes (que costumava a parecer algo meio estranho) e o Sort. Que podia apresentar resultados extremamente criativos... Só aceitava frames em Jpeg ou PNG.

                Como seu processo era totalmente manual ele empilhava qualquer coisa. Mesmo que sua captura fosse um monte de rastros de estrelas...

                Com a evolução do meu equipamento e a chegada de Hipatia ( uma cabeça equatorial EQ3-2)   e do Newton ( Um refletor 150 mm f 8) as capturas tiveram uma grande melhora e minhas fotos começaram a ser aceitas ( ainda que na maioria das vezes com um threeshold baixo) pelo Deep Sky Stacker. Esse sim um senhor programa para empilhar as fotos e melhorar a razão sinal ruído de suas imagens.   Acho que a primeira versão que utilizei foi a 2.0.10. Nela foi adicionado o método de stacking Kappa Sigma. Anteriormente o mesmo só possuía o HDR e o de Media auto adaptativa (auto adaptative weighted average). Sempre utilizei o HDR. É o mais eficiente e o que demanda mais memória de seu computador. Nas primeiras versões e no meu antigo lap top reindeirar 100 fotos podia demorar algumas horas. Atualmente As coisas demoram minutos. O Processo de stacking de seus light, darks, flat e bias é totalmente automatizado e a interface super simples. Outro recurso ótimo é o de drizzle que permite ampliar áreas destacadas de seus light frames e extrair mais detalhes destas áreas. Esse processo   foi criado para se trabalhar com as fotos do deep field do Hubble.

                O DSS é o melhor programa de stacking gratuito com larga margem. E eu (não estou só nessa opinião) acho ele o melhor no conjunto da obra. Embora existam diversos programas que empilham e editam pagos e com altíssima qualidade o processo de stacking no DSS é muito mais simples, rápido e eficiente. Por exemplo, empilhar no PixInsight é a maior trabalheira para obter um resultado muito semelhante. Pra mim o melhor é empilhar no DSS e depois editar no PixInsight 1.8.  O DSS apresenta algumas funções de edição. Mas são bem rudimentares. Embora na versão atual a ferramenta de saturação tenha melhorado muito em relação aos primórdios. O DSS vai gerar um arquivo final (autosave) no formato tiff ou fits, ao gosto do cliente. Em 32 Bits. E pode também gerar um ficheiro com 16 Bits. Nem todo programa de edição abre seu arquivo 32 Bits...  O DSS trabalha mais rápido e os resultados são consideravelmente melhores se suas capturas forem realizadas em Raw.

                Foi lançada recentemente a versão beta 4.2.6.  Eu confesso que ainda preciso atualizar. Estou com a versão 4.2.2. E achando ótimo... Recentemente tive problemas com a versão 4.2.4 que se recusava a salvar o arquivo final depois do processo de stacking ser concluído.   Aqui você tem um histórico e acesso as diversas versões: 

  http://deepskystacker.free.fr/english/ReleaseNotes.htm

 

E aqui você pode conseguir baixar as mais recentes:

https://github.com/deepskystacker/DSS/releases?fbclid=IwAR2xGBBPyKLLQI-hLJr-Zd3zXYrQiCa2QYOdDbA5DSF782TeNJVS5ntHYb8

 

                Recentemente apareceu o Sequator para competir com o DSS. Usei pouco o Sequator. Me pareceu que as imagens terminam com mais saturação de cor. Puxa um pouco para o magenta. Por fim o output do mesmo só sai em 16 bits. Acho que isso encerra a questão. O Sequator é mais fácil para o iniciante. Para astrofotografia o DSS ainda é melhor.

                Quando partimos para edição eu utilizo atualmente o PixInSight 1.8. É uma ferramenta poderosa para se “esticar” as fotos e possui uma ferramenta de auto extração do gradiente de fundo fundamental. Quase dispensa o uso de dark frames (embora ache melhor utilizá-los no stacking...). É um programa caro e como possui muitos recursos tem uma curva de aprendizado longa. Mas é certamente o melhor editor de astrofotografia que conheço.  Classifico minhas fotos em AP e DP. Antes e depois do PixInsight. Este realiza stacking também. Fiz uma única vez. É extremamente trabalhoso e é preciso “fabricar” diversos arquivos em fits para se utilizar todo o seu potencial.  Quase todos os recursos do mesmo você pode conseguir utilizando o PhotoShop. Mas como é um programa dedicado a astrofotografia o uso de mascaras nele é muito mais simples que utilizando o concorrente da adobe.  Extrair a máscara de luminância é muito fácil e um passo fundamental no pós processamento.

                Não é um programa para computadores pangarés.

                Existe o Fitswork. Já usei muito antes de ter o Pix. É gratuito. A comparação é simples. É como usar o Gimp ou o Photoshop.  Tem os recursos ..., mas é mais difícil de usar e não tão poderoso.  

O Pix ainda tem uma versão gratuita, sem todos os recursos. Mas é boa... o PixInsight LE.  Atualmente é possível se obter cópias piratas do 1.8. Mas prepare-se para lutar contra malwares e ter um bom conhecimento de informática para fazer o bruto rodar... Não colabore com a pirataria.

                Estou louco para utilizar o Astro Pixel Processor. Parece ser um concorrente a altura do PixInsight. Mas ainda não testei.

                Outro poderoso e Multifunções é o Maxim DL. Nos tempos que comecei a levar astronomia a sério ele era o bam bam bam. Mas há tempos que não escuto falar do mesmo. Caro, complicado e poderoso. Ele permite desde controlar o telescópio, a câmera e ainda fazer o stacking e a edição das fotos. Com ferramentas inimagináveis. Consegui utilizar a versão trial por um tempo. há muito tempo atrás. Não me entendi bem com o programa. Uma curva de aprendizagem longa e demorada. Coisa para observatórios mais profissionais que o A Stonehenge dos Pobres.

https://diffractionlimited.com/product/maxim-dl/ 

                Outro bom programa para capturas é o APT. Astrophotography tolls.  Mas acabei substituindo o mesmo por um disparador remoto para minha câmera. Nele posso fazer tudo que fazia no APT. Determinar o numero de frames a serem capturados, a velocidade do obturador, o intervalo entre as fotos, o ISSO e etc. E não preciso expor meu lap top ao sereno. Equipamento bom e barato. Fundamental eu diria.

                Não vou nem falar do Photoshop. Ele é a cereja do bolo. E um programa que você deve ter para o acabamento pós PixInsight. Além de que é um editor para suas fotos em geral. Sua contrapartida gratuita é o GIMP. Bom editor. Mas bem menos amigável...

                  Recentemente a Fix The Photo lançou uma lista com o s melhores programas para astrofotografia. Fiquei muito curioso sobre o SIRI L. vou testar. Aqui o artigo:

https://fixthephoto.com/best-astrophotography-software.html 

2 comentários:

  1. Qdo eu começar com astrofotos, vou querer uma " consultoria"!
    Boa explicaçao! Onde encontrar suas fotos celestes?

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    1. É só entrar em contato aqui pelo Blog ou procurar pelo Nuncius no FB. As fotos vc pode ver aqui ou clicar no link Galeria de Fotos no canto direito do Blog. abç.

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