Depois
de alguns meses de hibernação o Nuncius Australis volta a ativa. Nada melhor para
este exercício que apresentar M 53. Trata-se de um globular do catalogo
Messier. O penúltimo de minha coleção. Resta somente capturar M 72 em Aquário.
Infelizmente este terá que aguardar pelo ano de 2019.
M 53 foi observado em julho do ano
passado, porém como o segundo semestre foi bastante tumultuado aqui pelo
Nuncius e também no país inteiro este ficou na reserva até o momento.
Mas como o objetivo aqui é
astronomia e não divagação sobre como a política pode revelar o que de pior
existe na humanidade vamos ao que interessa. M 53.
Observando sob céus bens escuros M
53 não chega a ser um espetáculo. Embora relativamente grande ele apenas ameaça
se resolver em suas bordas com visão periférica. De locais de muita poluição
luminosa será apenas uma impressão. Graças a três evidentes estrelas no campo você
será capaz de ter certeza de sua posição e aí então desconfiar de sua presença
em céus urbanos. Isso com um telescópio de pelo menos 90 mm e nada mais que uma
pequena bola de luz enevoada e tênue. Observei M 53 pela primeira vez há muito
anos atrás com o Galileo (meu refrator 70 mm f 13) a partir de Búzios. Alguns autores entusiasmados alegam ser possível
perceber M 53 com binóculos 7X 50 mm. Pela buscadora do Newton (meu refletor
150 mm f8) eu o percebo quase estelar e bastante discreto. Mesmo assim com
muito esforço. Novamente em céus escuros (abaixo de Bortle 4). Não espere
resolver nenhuma estrela com menos que 150 mm de abertura. Sua região central, ainda que sem se resolver,
possui um formato triangular bastante evidente e percebido por diversos
autores. As fotos aqui apresentadas e minhas observações sustentam esta
impressão.
Foto com 2 drizzle . DSS + PI . A Foto que abre este post é resultado da mesma captura mas não foi submetida a Drizzle durante o processo de empilhmento no DSS. E foi também tratada no Photoshop. |
M 53 foi descoberto por Bode em 3 de
fevereiro de 1775. Messier o redescobre de forma independente em 26 de
fevereiro de 1777. E comenta: “Nebulosa sem estrelas descoberta abaixo e próxima
a Come Berenice, próximo a estrela 42 Flamsteed desta constelação. Esta
nebulosa ´e circular e conspícua. O Cometa de 1779 foi diretamente comparado
esta nebulosa e M. Messier o marcou na carta para este cometa que será
publicada no voluma de Academia de 1779. Observada novamente em 13 de abril de
1781. Lembra muito a nebulosa que existe abaixo de Lepus. (M 79)
Como sempre Herschel é o primeiro a
resolver o aglomerado e sua descrição demonstra bem como os globulares visíveis
do hemisfério norte deixam a desejar em relação aos nossos... Ele o descreve
como “um dos mais belos objetos que me recordo de ter observado nos céus. O
aglomerado se apresenta como uma bola sólida, consistindo de pequenas estrelas,
bastante comprimido em uma luz brilhante com um número considerável de estrelas
soltas ao seu redor e distintamente visíveis na massa geral”.
M 53 é um globular bastante distante
e se encontra a 63.000 anos luz de nós bem como do centro galáctico. Um membro didático
da chamada população o halo. É um grande globular com uma massa de 750.000 sóis
e espalhando-se por 230 anos luz de espaço. Nele habita um pulsar com um período
de 33 milissegundos descoberto pelo famoso radio telescópio de Arecibo (aquele
enorme...). estudos indicam que este orbita uma outra estrela a cada 256 dias e
possui ao menos 1 bilhão de anos.
Localizar M 53 não é difícil. Bem
próximo a Alpha Coma (Diadem) a navegação até ele é fácil e três estrelas
facilmente percebidas no campo são faróis bem evidentes.
Realizei cerca de 10 exposições de
30 segundos e o Deep Sky Stacker selecionou 7 apenas. Acrescentei 6 dark frames
a formula e o resultado final foi processado no PixInSight. A captura (1600 iso)
acabou apresentando muito ruído....
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