Ngc 362 é mais um daqueles casos onde um belíssimo DSO é
vitima da sua localização.
Sofre com a
"geografia dos céus". Habitando a constelação de Tucana , uma criação
de Bayer em seu magnifico Uranometria de 1603, tem como vizinhos próximos a
Pequena Nuvem de Magalhães e ainda Tuc 47( Ngc 104), o segundo globular mais
brilhante dos céus.
Uranometria 1603 |
Ngc 362 fica ao norte da Pequena Nuvem . É possível
que seja conhecida como uma estrela desde a aurora da civilização. É visível a
olho nu como uma estrela em locais bem escuros. E nos primórdios da civilização
poluição luminosa não era exatamente um problema...
A descoberta de sua verdadeira
natureza é obra de Dunlop. Trata-se da entrada de numero 62 de seu "
Catalogue of Nebulae and Clusters of Stars in the Southern Hemisphere , Observed
at Parramatta in New South Wales" escrito durante os anos de 1820. Sua descrição é bastante interessante :
Uma bela e arredondada nébula , com 4´de
diâmetro, extremamente condensada. esta é uma boa representação do 2o do Connaissance
des Temps , em gênero ,numero e grau mas levemente mais fácil de se
resolver , com um branco mais brilhante e talvez mais compacto e globular. Este
é belo globo de luz branca; resolvível; as estrelas são muito pouco
espalhadas"
O 2o de Coinassance des Temps a que Dunlop se
refere não a nenhum outro que não M 2 do Catalogo Messier. Este foi publicado no
almanaque francês " Coinassance des Temps" ao longo de alguns anos. Na verdade o Coinassance é o anuário astronômico francês e é publicado até
hoje. Desde 1679... Inveja branca!
M 2 |
Ngc 362 não é difícil de ser
localizado estando a pouco mais de 2o
de Kappa Tucana de 4 magnitude. Uma vez na região nada irá ser
muito mais obvio que o mesmo em uma buscadora ou binoculo de 10X50 mm. Mas não
sendo muito extenso parecerá uma estrela desfocada e que apresentará um pouco
mais de caráter com visão periférica.
Brilhando com 6.4 magnitude é um
belo desafio para a vista desarmada. É curioso que Dunlop o chame de resolvível
já que este é extremamente condensado e mesmo com telescópios modernos é
difícil resolve lo até o núcleo . Eu mesmo consegui apenas perceber estrelas
" flicando" em suas bordas. Isto utilizando 120X de aumento. Mesmo o
"biônico" Steve O´Meara em seu "The Caldwell Objects" nos diz que " Ngc 362 possui um ramo horizontal
relativamente "apagado" com magnitude 15.4 e assim não é facilmente resolvível mesmo com
telescópios de 200 mm. Eu vi uma sugestão de solução em direção ao centro , mas
não mais que isto." Ngc 362 é também C 104 no Catalogo Caldwell.
Ngc 362 é um globular "rico
em metais". Isto pode demonstrar
que apesar de globulares terem todos se formados ha muito tempo não ocorreram simultaneamente nos primórdios do universo. Este processo se espalhou por alguns muitos milhões de anos.
Ngc 362 é um forte. Com uma
orbita altamente elíptica ele já passou bem perto do bojo galáctico algumas
centenas de vezes. Fosse ele menos compacto provavelmente as marés
gravitacionais desta região já o teriam destripado ha eons. No momento ele se encontra
se aproximando de nós e se afastando do downtown. E assim continuará firme e
forte por muito tempo ainda.
1X 10 seg ASA 3200 Canon T3 Newtoniano 150 mm f8 Montagem HEQ 5 |
Fiz as fotos de Ngc 362 ha algum
tempo. Na verdade em 12 de agosto de
2015 . Ficaram perdidas por aqui algum tempo. As imagens aqui apresentadas são
fruto de uma modesta captura enquanto aguardava para fotografar a chuva das
Perseidas. Foram feitas 16 exposições de modestos 10 segundos cada . ASA 3200.
Foram utilizados o Newton e Mme. Herschel
bem como a já velha de guerra Canon T3. Curiosamente consigo perceber
mais estrelas no seu centro em exposições únicas . Quando foram empilhadas seu
centro mito brilhante acabou superexposto e assim "apagou" as
estrelas O Alinhamento polar deixou um
pouco a desejar já que o maior objetivo da noite era capturar "estrelas
cadentes".
Um belo aglomerado globular para
a primavera que se aproxima...
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