O título deste post é uma referência a introdução de um
livro que eu acredito que deveria acompanhar todo telescópio de pequeno porte e
com um perfil adequado a iniciantes na Astronomia. " Turn Left at
Orion". Infelizmente nunca traduzido para o português. Eu , de tempos em tempos , traduzo uma pagina.
No ritmo que vai devo terminar no ano de 2120.
1 Exposição 1/40 seg. Com Barlow 2X |
Sem Barlow |
Já que
falei da tradução acho importante ressaltar que o título da introdução seria
mais bem traduzido como " Como Você Chega à Albireo? " ( How
do you get to Albireo?) mas não chega a ter importância. Nela Guy Consolmagno conta como seu amigo Dan o introduziu a
astronomia amadora. O convenceu a comprar um pequeno refrator e emprestou-lhe
uma penca de livros com estrelas duplas e DSO´s que ele poderia observar. Mas não deu certo. Em
primeiro lugar ela não conseguia se localizar com coordenadas celestes e afins e
muito menos sabia quais daqueles objetos estavam ao alcance de seu
modesto telescópio.
Uma
bela noite acompanhado por seu experiente amigo e reclamando de suas agruras
foi interrompido por seu guia. :
-Vamos
dar uma olhada em Albireo.
Albireo
é como um rito de passagem para o novatos . É uma estrela dupla fácil de achar
e com um contraste de cores que encanta a todos. A comparação mais comum envolve sempre um
Topázio e uma Safira... Atualmente Consolmagno é um dos
"bam-bam-,bams" do Observátório do Vaticano e escreveu junto com seu amigo " Turn Left at Orion" para aqueles que como ele queriam se iniciar na astronomia e que compraram um pequeno telescópio.
Albireo
é realmente deslumbrante em telescópios de qualquer tamanho e tem uma história
bastante interessante. Eu poderia dizer que seu nome remonta a um antigo rei.
Mas na verdade o Rei Albireo que conheço é apenas um personagem fictício de um
"role playing game" chamado The Tale of the Cryptids. Sue nome atual
é fruto de uma serie de más traduções e diversos mal-entendidos...
Habitando
a Constelação de Cygnus , O Cisne, e sendo Albireo localizada onde deve estar a
cabeça do cisne Albireo é chamada ,as vezes, de " The Beak Star" ( em
por tuges ninguém se refere a ela como a Estrela -Bico...) . Mas os astrônomos
árabes da antiguidade e da idade média a batizaram Minqãr al- Dajãja ( O Bico
da Galinha.) E aí começa uma grande confusão envolvendo a constelação , a estrelas
e os tradutores... O nome original da constelação ( em grego) era Ornis. Se tornou Urnis em Arabe. Quando foi traduzida para o Latim ( não se sabe o
culpado...) acreditou-se que o nome se referia a uma planta Erysimum officinale que era conhecida no
latim vulgar como ireo. Para algu´m
achar que Ab ireo era um problema na gráfica e então se tornar Albireo foi
um passo.
Localizar
Albireo é muito fácil. Ela é também Beta Cygni e como Cygnus é uma das
constelações mais manjadas do inverno não vejo nehum problema mesmo para os
iniciantes. As estrelas mais brilhante s deste formam um cruz e um asterismo
chamado de Cruzeiro do Norte . Albireo é a estrela mais ao sul ( mais alta no céu) do eixo longo desta cruz no
Horizonte norte. E sendo de 3a magnitude é facilmente percebida mesmo
em locais de bastante poluição luminosa.
Se você
possuir um bom binóculo e mão firmes já vai ser capaz de perceber que Albireo
não é apenas uma estrela pendurada na via lactea. Albireo A é uma estrela
alaranjada de 3a magnitude.. Albireo B é sua companheira azulada de 5a
magnitude. O contraste é impressionante.
Birmingham
nos conta que Cygnus possui muitas estrelas de cor profundamente vermelhas e
alaranjadas e por isto batizou esta região de " A região Vermelha de Cygnus"
( já Hinckley estende a area por Cygnus, Aquila e Lyra) .
Como
toda estrela dupla é melhor observar a
dupla se utilizando telescópios .
Separadas por 35 ´´ de arco não é necessário muita ampliação para resolver a
questão.
1seg de Exp. Com barlow |
O
famoso observador de estrelas duplas Otto Struve examinou Albireo em 1832 e
chegou a 34´´ de arco. Apesar da pequena mudança a maior parte das autoridades
acredita que mesmo estando a pelo menos 4.400 unidades astronômicas uma da
outra elas forma um sistema binário verdadeiro e que assim demoram mais de
100.000 anos para completarem sua jornada ao redor do seu centro de gravidade.
Hoje em
dia sabe-se que Albireo A é em si uma dupla muito mais próxima composta pela já
falada estrela de 3a magnitude da classe K ( K3) gigante que se encontra estável e realizando já a fusão
do hélio com uma estrela mais quente e menos brilhante ( magnitude 5.5) de
classe B que continua na sequência
principal e consumindo seu hidrogênio ( uma anã B9) e que não são facilmente
separáveis de forma óptica. A nossa "estrela" ( adorei o duplo sentido...) alaranjada gigante
possui uma temperatura de 4.400 K , uma luminosidade de 950 sóis, um raio de 50
sóise uma modesta massa de apenas 5 sóis.Já sua companheira mais próxima queima
com 11.000 K , um brilho de 100 sóis e 3.2 massas solares. São separadas por 40
UA e completam sua orbita muito excêntrica uma em volta da outra em cerca de
100 anos. Já nossa safira que é Albireo B é , de certa
forma , assemelhada a nossa amiga azulada e mais próxima de Albireo A. É ua anã da classe B (B8) com uma temperatura de 12.100 K a
Luminosidade de 190 sóis e uma massa de 3.3 sóis. Ela se distingue por girar
muito velozmente atingindo em seu equador mais de 250 km por segundo e um
período de rotação de 0.6 dias. Como é comum em estrelas que giram tão rápido
ela é uma Estrela Be ( e de emissão...)
que esta perdendo matéria e rodeada por um disco de gás feita dela mesma...
De
Albireo B Albireo A apareceria como uma
brilhante laranja com um ponto azul cerca de 30 ´ de grau separados e com a
laranja brilhando com a intensidade de 35 luas cheias e a anã com cerca de
metade disto... Uma espécie de
remake gigantesco do que nós podemos ver aqui da terra quando olhamos para elas...
Um
truque legal para perceber ainda mais o lindo contraste de cores no par é
desfocar levemente sua imagem...
Cada
pessoa percebe as cores de uma forma um pouco diferente. Assim Albireo é um excelente campo para
discussões. Mas independentemente das cores observadas o par sempre garante um
forte contraste de cores e mesmo um amigo ( muito) daltônico meu ficou
encantando.
Durante
a ultima visita a Búzios não resisti e fiz algumas imagens de Albireo
utilizando foco direto e com e sem barlow. Estrelas duplas mais brilhantes são
alvos fáceis de se fotografar e podem ser registradas com quase qualquer
técnica . Mesmo utilizando método afocal você conseguirá bons resultados. Localizei um antigo desenho de minha primeira
observação de Albireo . Algo como meu registro
de batizado...
E aí ?
Você já foi à Albireo?
Grande Nuncius,
ResponderExcluirVocê poderia recomendar um software que facilitasse escrever/desenhar sobre nossas próprias fotos, de modo que pudéssemos fazer a identificação dos objetos fotografados? Agradeceria muito qualquer comentário a esse respeito. Abraços.
Para identificar objetos fotografados existe : http://nova.astrometry.net/ Eu costuma "desenhar" sobre fotos utilizando o Photoshop. Acredito que o Gimp também faça o serviço. abç.
ExcluirObrigado.
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