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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Um Teste Prático ou Como Não Perder a Viagem


Surgiu oportunidade de fazer uma viagem até Manaus.
Rapidamente pensei em estrelas que eu não poderia ver por minhas bandas. Fiz um rápido levantamento do que eu poderia observar de latitudes mais boreais que ainda se encontram do lado de cá do equador. Pensei logo na Ursa Maior.
Péssima ideia. Não esta época do ano...
Mas a grande Dama Andrômeda e sua mãe desvairada, Cassiopéia, estariam bem na encruzilhada.
E assim o 15X70 é colocado na bagagem.
Manaus fica dentro de um ecossistema que também é chamado de “Rain Forest”. Nublado o tempo todo e chove todo dia.
Assim o 15x70 deveria ficar de peso morto.
Mas sabe como é que é... brinquedo novo.
O lugar que eu mais gosto em Manaus é o meu quarto no Hotel Tropical. Um dos melhores ares condicionados que eu já conheci.
Graças a isso eu tive um exemplo de um fenômeno físico de forma didática.
Chama-se condensação.
O 15 x70 morava no oásis comigo e o Oasis tinha uma vista para um pequeno parque (em padrões amazônicos).
Abri a porta para o parque.
Entrou um bafo quente.
Resolvi olhar o parque com o 15X70.  
Passei por uma barreira física.
Ao passar de uma linha era fora do Oasis.
Olho pelo binóculo. Não vejo nada... 
Condensação. Ela acontece quando uma superfície abaixo do ponto de condensação se encontra com o tal ponto.
 Foi algo automático.
As lentes estavam muito abaixo do ponto de condensação.
Estamos na “Rain Forest”. Aqui se inventou o conceito de umidade...
Assim sendo eu descobri um ponto de equilíbrio. Até onde eu podia me aproximar da janela e continuar observando...
Eu não ia perder a viagem...
 Meio dentro meio fora e  sem o binóculo  tinha esta paisagem a disposição.  
Na barreira térmica...
A foto que você vê aqui foi feita com uma Canon 350 d, com uma lente 18 mm, com uma abertura de 3.6 e com um obturador de 1,6 seg.
É muito semelhante ao que percebo a olho nu olhando pela mesma janela.
Agora começa um teste muito interessante e que pode ser útil na avaliação de um binóculo.

Olhando com o 15 x70 meu campo de visão era  o quadrado marcado em vermelho abaixo.
Neste campo eu percebo detalhes impensáveis pela foto que você vê. E você vê  (na foto)o que eu via.
Claro


Através do 15x70 eu percebi relevos no poste, folhas individuais na arvore e muito mais.
Esta é uma região bem clara na foto.
Agora vamos tentar mais no  escuro...
escuro


Quando desloco a mira para os arbustos na beira do gramado  vejo claramente folhas individuais silhuetadas individualmente ( aiiiiii!!!  Eu sei que é  de doer...Mas é um descrição bastante exata).

Como estou aqui  fazendo um filme já imagino uma cena de suspense.

 Um close, Duas mãos, também silhuetadas, passando algo de uma para outra e com os arbustos invocando uma mascara.

Veria-se claramente, com o 15X70, os dedos envolvidos na operação. Um anel de prata iria brilhar com magnitude - 4 ou mais. 

É uma zona central de luminosidade.

Agora vamos olhar no escuro mesmo. O quadrado é maior porque é um belo campo. Tipo três na linha e gol pequeno.

escuro mesmo. 
             Com o 15X70 se veriam os chinelos que são os dublês das  traves.


Quando olho pelo binóculo para o gramado em primeiro plano, que é negro na fotografia e que por negro se entende ausência de informação na imagem da foto,

Percebo claramente folhas e vagens e etc... Repousando sobre o gramado.
Como estamos fazendo um filme  penso logo que o contra regras é um filho d p e tinha picotado um monte de papel alumínio pelo gramado.  Afinal eles fazem estas coisas...
 Esta é uma área escura na foto. Muito escura. Escura como breu...
Rapidamente entendo que 70 mm implicam em muita luz e que por isto que se utilizam binóculos, telescópios e afins... Não é porque eles aumentam a imagem (também), mas porque eles “ aclaream”( do verbo clarear, combinado...) a imagem.
E assim rapidamente percebi vários aglomerados abertos espalhados pelo gramado.   Ele todo pontilhado por estrelas amarelas.

Um teste bem pratico. E não perdi a viagem...

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Orvalho , Condensação e o Zero Absoluto

O Inimigo mais comum a perturbar o astrônomo amador durante a noite é a água. Menos comum é o uísque. De qualquer maneira é curioso que as pessoas se surpreendam que as coisas não permaneçam secas em noites claras e sem chuva.


Infelizmente as mesmas condições que levam a aquelas visões telescópicas estáveis, limpas e cristalinas ocorrem sob as mesmas condições atmosféricas que levam a formação de orvalho.

Na ocular primeiro se percebe que as estrelas diminuem de brilho e galáxias se tornam mais difíceis de perceber. Depois as estrelas mais brilhantes começam a desenvolver halos desfocados, brilhantes e coloridos ao seu redor. Uma rápida checada em seu sistema, com a ajuda de uma lanterna, vai revelar uma “neblina” se formando sobre todas as superfícies óticas. Em condições mais severas o telescópio começa a pingar água. Enxugar não adianta já que mais água se condensa no momento que você para. Tipo secar gelo.

Em geral é neste momento que o observador se dá por vencido. E o uísque que falei entra em cena.

Mas é possível, repito: é possível, manter suas lentes e espelhos cristalinos mesmo sob severas condições de condensação. Só é necessário que você compreenda o inimigo e tomar as contramedidas necessárias.

O orvalho não “Cai” do céu. Por isto também pode ser chamado de condensação. Não é tão poético, mas é exatamente isto. Ele se condensa do ar ao redor de qualquer objeto que esteja mais frio que o ponto de condensação do ar. O ponto de condensação depende da temperatura e da umidade do ar. Quando a umidade atinge 100% o ponto de condensação é igual ao da temperatura do ar. Em níveis mais baixos de umidade o ponto de condensação é mais frio que a temperatura do ar.

Malandrinho vai dizer: - Mas o meu telescópio não pode ficar mais frio que o ar. Ele estava mais quente quando eu o trouxe para o quintal. A segunda lei da termodinâmica diz que isto é impossível.

Se fosse verdade o orvalho não seria problema. Só a chuva.

Mas malandrinho falou besteira.

Objetos realmente tentam atingir a temperatura ambiente e então permanecer lá. Como previsto pela tal da segunda lei.

Mas telescópios olham para bem longe e trocam seu calor não só com o ar ao seu redor. Eles também trocam calor com objetos distantes, através de radiação. Aliás, a temperatura do cosmic back ground é pouco acima do zero absoluto. Quando você olha para o céu noturno qual é a temperatura em que as coisas devem se estabilizar? Entenderam. Eis a Segunda Lei da termodinâmica...

Com isto fica bem claro que a única forma de se manter livre do orvalho é mantendo suas superfícies ópticas acima do ponto de condensação.

Há diversos sistemas. Eu gosto particularmente de ter um pequeno secador de cabelos por perto. Ou poder observar em dias de baixa umidade. Manter o telescópio com tampas ajuda. Embora não garanta já que as tampas não o selam a vácuo e é do ar que se condensa o orvalho. Outra coisa que embora não seja muito efetiva é mantê-lo o mais baixo possível (o espelho). O ar mais próximo ao solo tende a ser mais quente.

Outra boa opção é observar de um lugar coberto e cercado, um observatório, mas isso não é para todos. Mas o uso de um guarda sol, da mesma forma que protege do sol, pode te proteger do “frio universal”. Termômetros embaixo de um guarda sol têm leituras de até 6º Celsius mais quentes que termômetros expostos durante a noite.

Um truque bom para refratores é esticar o “dew cap” com Cartolina ou cinefoil. (uma espécie de papel alumínio preto).

Quanto às oculares vale o mesmo. As mantenha tampadas. E no bolso. Seu corpo as esquenta.

E lembre-se o secador de cabelos...Existem os chamados "dew heaters" , que se parecem com ventoinhas de computadores com uma resistencia. São comuns em locais onde o orvalho é gelo . Ou seja o ponto de condensação é abaixo de zero. Raros no Brasil. Mas um belo brinquedo para se construir...



E não deixe ela ( a condensação) se instalar.

Depois fica difícil reverter o quadro.