Translate

sábado, 29 de dezembro de 2018

M 53: Um Globular na Cabeleira de Berenice


        

         Depois de alguns meses de hibernação o Nuncius Australis volta a ativa. Nada melhor para este exercício que apresentar M 53. Trata-se de um globular do catalogo Messier. O penúltimo de minha coleção. Resta somente capturar M 72 em Aquário. Infelizmente este terá que aguardar pelo ano de 2019.   
            M 53 foi observado em julho do ano passado, porém como o segundo semestre foi bastante tumultuado aqui pelo Nuncius e também no país inteiro este ficou na reserva até o momento.
            Mas como o objetivo aqui é astronomia e não divagação sobre como a política pode revelar o que de pior existe na humanidade vamos ao que interessa. M 53.
            Observando sob céus bens escuros M 53 não chega a ser um espetáculo. Embora relativamente grande ele apenas ameaça se resolver em suas bordas com visão periférica. De locais de muita poluição luminosa será apenas uma impressão. Graças a três evidentes estrelas no campo você será capaz de ter certeza de sua posição e aí então desconfiar de sua presença em céus urbanos. Isso com um telescópio de pelo menos 90 mm e nada mais que uma pequena bola de luz enevoada e tênue. Observei M 53 pela primeira vez há muito anos atrás com o Galileo (meu refrator 70 mm f 13) a partir de Búzios.   Alguns autores entusiasmados alegam ser possível perceber M 53 com binóculos 7X 50 mm. Pela buscadora do Newton (meu refletor 150 mm f8) eu o percebo quase estelar e bastante discreto. Mesmo assim com muito esforço. Novamente em céus escuros (abaixo de Bortle 4). Não espere resolver nenhuma estrela com menos que 150 mm de abertura.  Sua região central, ainda que sem se resolver, possui um formato triangular bastante evidente e percebido por diversos autores. As fotos aqui apresentadas e minhas observações sustentam esta impressão.

Foto com 2 drizzle . DSS + PI . A Foto que abre este post é resultado da mesma captura mas não foi submetida a Drizzle durante o processo de empilhmento no DSS. E foi também tratada no Photoshop. 

            M 53 foi descoberto por Bode em 3 de fevereiro de 1775. Messier o redescobre de forma independente em 26 de fevereiro de 1777. E comenta: “Nebulosa sem estrelas descoberta abaixo e próxima a Come Berenice, próximo a estrela 42 Flamsteed desta constelação. Esta nebulosa ´e circular e conspícua. O Cometa de 1779 foi diretamente comparado esta nebulosa e M. Messier o marcou na carta para este cometa que será publicada no voluma de Academia de 1779. Observada novamente em 13 de abril de 1781. Lembra muito a nebulosa que existe abaixo de Lepus. (M 79)  
            Como sempre Herschel é o primeiro a resolver o aglomerado e sua descrição demonstra bem como os globulares visíveis do hemisfério norte deixam a desejar em relação aos nossos... Ele o descreve como “um dos mais belos objetos que me recordo de ter observado nos céus. O aglomerado se apresenta como uma bola sólida, consistindo de pequenas estrelas, bastante comprimido em uma luz brilhante com um número considerável de estrelas soltas ao seu redor e distintamente visíveis na massa geral”.
            M 53 é um globular bastante distante e se encontra a 63.000 anos luz de nós bem como do centro galáctico. Um membro didático da chamada população o halo. É um grande globular com uma massa de 750.000 sóis e espalhando-se por 230 anos luz de espaço. Nele habita um pulsar com um período de 33 milissegundos descoberto pelo famoso radio telescópio de Arecibo (aquele enorme...). estudos indicam que este orbita uma outra estrela a cada 256 dias e possui ao menos 1 bilhão de anos.


            Localizar M 53 não é difícil. Bem próximo a Alpha Coma (Diadem) a navegação até ele é fácil e três estrelas facilmente percebidas no campo são faróis bem evidentes.

            Realizei cerca de 10 exposições de 30 segundos e o Deep Sky Stacker selecionou 7 apenas. Acrescentei 6 dark frames a formula e o resultado final foi processado no PixInSight. A captura (1600 iso) acabou apresentando muito ruído....