M 34 é um aglomerado aberto que habita a constelação de
Perseu. Esta passeia baixa nos céus na latitude do trópico de Capricórnio. Consequentemente
apesar de ser um DSO bem brilhante eu jamais havia rendido homenagem a este
belo aglomerado...
A constelação
é sempre lembrada pelo ainda mais boreal “Aglomerado Duplo” (Ngc 869 e Ngc 884)
que curiosamente não foi incluído por Messier em seu Catalogo.
M 34 é uma
descoberta original de Messier e foi observado pela primeira vez em 26 de
agosto 1764 “Aglomerado de fracas estrelas entre a cabeça da Medusa em Perseu e
o pé esquerdo de Andrômeda, levemente abaixo do paralelo de g. As estrelas podem ser detectadas com um refrator simples de
três pés. Sua posição foi determinada a partir de b Persei na cabeça da Medusa”.
É
interessante frisar que b
Persei é a estrela Algol. Uma das estrelas variáveis mais interessantes para o
amador. Sua magnitude oscila entre 2,12
e 3,39 em 2.8 dias. Na verdade a “
Estrela Demoníaca” brilha a maior parte do tempo com magnitude de 2.1, mas de
quase três em três dias seu brilho despenca para 3.4 e retorna para 2,1 em
apenas 10 horas. Isto se deve a tratar-se de um sistema binário eclipsante.
Duas estrelas compartilham um mesmo centro de massa que reside em nossa linha
de visada. E assim uma secundaria maior, mas menos luminosa, eclipsa a primaria
brilhante em 79% de seu brilho a exatamente cada 2 dias 20 horas 48 minutos e 56 segundos. Este comportamento é
conhecido desde a antiguidade e emprestou a Algol seu carinhoso apelido. O sistema de Algol é ainda mais complexo que
isto e parece envolver quatro estrelas. Mas apenas as duas citadas são
responsáveis pelo espetáculo que observamos da Terra.
Smyth em seu
clássico “Cycles of Celestial Objects” demonstra como o interesse por DSO
variou ao longo da história. Seu livro é do meio do século XIX e nestes tempos
o maior interesse era por estrelas duplas. De fato, ao descrever M 34 ele fala
de “ Uma estrela dupla em um aglomerado”
como se o par que habita no centro do aglomerado fosse a raison d´étre deste para ser um objeto
interessante. Ele se refere ao par que
habita o centro do aglomerado (h 1123).
O aglomerado possui muitas estrelas duplas e mesmo baixo no horizonte é
uma visão bem dramática. Apesar de seu
comentário inicial Smyth destaca que o aglomerado é um encontro de “ charmosos
pares” e que trata-se de “ disperso mas elegante grupo”.
De seus
membros verdadeiros o par composto por Struve 44 são as estrelas mais
brilhantes do aglomerado. (Magnitude 8.4 e 9.1)
Com um
diâmetro aparente de 25´ e habitando a 1450 anos luz de nós podemos calcular
que seus aproximadamente 60 membros se espalham por 10 anos luz de universo. Suas
estrelas têm cerca de 100 milhões de anos o que fazem dele um aglomerado de
idade intermediaria. Sua magnitude total é de 5,2 e ele pode ser facilmente
notado de locais escuros e mais ao norte. De latitudes mais austrais M 34 é facilmente
percebido com quase qualquer auxilio óptico. Resolvi quase todo o aglomerado
com uma buscadora 9X50.
Apesar de
não ser um dos objetos Messier mais falados M 34 é um aglomerado aberto de
primeira classe e um interessante alvo ao alcance de amadores em quase todo o
território nacional.
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