Astrolog de 21 de abril de 2011
Equipamento: Binóculo 10x50mm e Telescópio refrator 70 mm
A noite se apresentou em todo seu esplendor. A lua minguante ainda escondida e podendo-se perceber a Via Láctea, desde Orion até o Centauro.
Monto o telescópio que a muito não trabalhava. Havia esquecido como montagens equatoriais EQ1 são ruins. Até para afinar a buscadora (6x30mm) foi árduo trabalho.
Após algo como meia hora consigo Saturno. Com um novo software correndo no computador (Universal Sandbox) chamo as crianças e faço uma rápida apresentação do sistema solar e em especial sobre Saturno. Depois é evidente.
A seguir parto em busca de DSO´s. A equatorial do velho Celestron faz disto tarefa bastante difícil .Os ingleses tem uma excelente expressão para definir as qualidades do sistema de suporte do Galileano. Shaky. Algo como tremulo. Uma rápida visita a M42, M44 e uma tentativa frustrada de enquadrar M67 e abandono o telescópio para o sereno. O tubo a esse momento já escorria água.
A liberdade que um binóculo oferece é diametralmente oposta à quantidade de detalhes que ele apresenta. Eles são ótimos para se obter “bodycount”. E para se observar extensos aglomerados abertos, bem como campos estelares.
Me volto para o sul e em direção a Via Láctea. A região compreendida entre o Centauro e a antiga constelação de Argos é sempre espetacular. Começando por Centauro e marchando rumo oeste se observa dezenas de “Fumarolas”. A maioria aglomerados abertos. Em rápida sucessão avistei:
• M 83- A grande estrela da noite (perdoem este péssimo trocadilho). Trata-se de uma galáxia e é incrível que Lacaille tenha descoberto isto com seus modestos telescópios. (Equivalentes a minha pequena buscadora 6x30mm).
• Omega Centauro- É enorme. Mostra alguma granulosidade até mesmo no pequeno binóculo.
• NGC 5281, 4852, 4755, 4439, 4349, 4609. Todos aglomerados abertos em Crux (Cruzeiro do Sul) e Centauro.
• Partindo agora para região entre Centauro e Argos (eu sei que Lacaille dividiu esta constelação em varias partes, mas prefiro localizar esta região do Céu como os antigos a chamavam): NGC 3766, 3532 (muito legal), 3572 e vários aglomerados envolvidos. Plêiades do Sul.
• Já na região da “Falsa Cruz”: NGC 3114, IC 2488, IC 2391 e NGC 2669.
• E na região do Cão Maior M 41, M 47, M 46 e vários aglomerados menores junto à cauda do Cão.
• Em um retorno para o horizonte norte M 44(alvo perfeito para binóculos), M 67
• E após rápido Scan no Reino das galáxias (Entre leão e Virgem) só posso confirmar de fato M87. Diversas suspeitas, mas difícil afirmar devido à visão apenas intermitente e impossível de localizar com precisão em um mar de “faint fuzzies” só percebidas de forma tênue com visão periférica.
• Próximo a Arcturus, no Boieiro (Boots), M53 um Glob. Que eu nunca tinha avistado.
Diversos objetos difíceis para binóculos. Um exercício de visão. Uma grande sessão.
E nasce a lua. Voltamos para o Telescópio. É cedo ainda.
Faço um rápido reconhecimento e aumento a Magnificação. Fico namorando uma seqüência de três crateras dominadas por Vlacq. Uma cratera com um pico central bem proeminente. Ao redor desta se encontram um matemático alemão, Rosenberger e um teólogo e matemático do Sec. XVI Pitiscus. Vlacq também foi um matemático. Holandês no caso.
Entrego o telescópio às crianças e vou beber do vinho que minha cunhada trouxe de Bordeaux.
Dia 22
Rapidamente com o 10x50.
A noite mais escura.
Por volta das 21h00min.
Varias “faint fuzzies” em Virgem. Olhando o campo, com visão periférica, vejo diversas fumarolas. Mas confesso que não sabia o que era o que. Uma beleza.
Mas a grande “descoberta” do dia foi o aglomerado aberto próximo a Gama Coma. : Mais de 5º graus. Conto mais de 20 estrelas. Bem baixo no horizonte montanhoso e emoldurado pelas araucárias.
Em um segundo round , pouco antes do nascer da lua , confirmo M 53 e apesar de não ver continuamente percebo diversas vezes M 64 . As galáxias de Coma –Virgem são desafios consideráveis para binóculos 10x50 mm . Acredito que com binóculos maiores esta região seja impressionante.
Outro “tour” pela Via Láctea.
Muitos abertos em Crux. Muitos mesmo.
Tenho certeza de ter percebido Hogg 14 . Um obscuro e escuro aglomerado aberto de um catalogo pouco conhecido . Com magnitude de 9.5 esta no limite superior do pequeno binóculo. Gostaria de ter um telescópio maior comigo.Ou pelo menos uma montagem mais estável.
Na verdade isto se tornou uma viagem binocular. Não me acostumo mais com a montagem do 70 mm. É bom para a lua e planetas mais não permite precisão para DSO´s mais difíceis. E esta sofrendo com com um problema recorrente na serra: condensação... Vou acrescentar um secador de cabelo a meu kit de sobrevivência.
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