Certos DSO´s são pouco ou nunca observados. Em uma leitura
errada e bastante vendida da física quântica alguns gurus podem interpretar que algo que não observamos não existe. Claro que só o que nós podemos observar
existe. Desta forma eu esporadicamente vou atrás de objetos que não são muito
observados. Na maior parte das vezes estes DSO´s não participam do roteiro de
viagens por serem destinos desinteressantes. Tipo ir até Itaboraí. Mas
esporadicamente eles não existem de fato ou são identificados como algo que não
são. Nas diversas revisões descobrimos que varias entradas do Catalogo feito
por Dreyer e de nome completo New General Catalog ( Ngc) não existem de fato e
outras são asterismos e não DSO´s "puro sangue". Estes , em geral, não são para ser observados.
Não sendo observados não existem. O problema entre isto e a verdade é que se eu
o você ou o Deepak Chopra não observarmos algo não tem a menor importância para a elas... As
partículas se observam. E assim as
estrelas também nos observam. Quando
você olha para o abismo ele também olha para você.
E emocionado com a nova cabeça equatorial
digito um numero ao acaso no controle do Synscan. Ngc 6833.
Eu
acredito que um dos baratos da astronomia observacional é que você pode tentar
ver tudo que existe. Depois fazer um registro fotográfico daquilo.
Antes ou
depois disto ( geralmente depois) gosto
de conhecer o que estou observando. Pelo menos nome, telefone e signo.
Ngc
6833 ao contrario do que poderia supor não era um destino qualquer. Apesar do
adiantado da hora e de um alinhamento polar já desalinhado fiz umas poucas fotos e registrei a existência do
mesmo. É um aglomerado aberto bem
espaçoso e achei que seria melhor observado com meu binoculo 15X70.
Mas
quando pedi o telefone a coisa melhorou. O aglomerado foi descoberto por
Cheseaux ( o mesmo descobridor de M17) entre 1745-46. É a terceira entrada em seu catalogo. Ch.3.
Cheseaux criou um catalogo com 20 entradas onde 8 se confirmaram como DSO´s
nunca antes observados. Ele o descreveu de
forma bastante simples: " Próxima a Cauda da Serpente existe um pequeno
aglomerado de estrelas que se destaca do resto em direção ao oeste."
Posteriormente
foi redescoberto por uma muito querida convidada aqui no Nuncius Australis.Mme. Herschel. Ou melhor Caroline Herschel.
Seu irmão William inclui a descoberta em seu General Catalog ( avô do
NGC) como H VII 72. "
Aproximadamente no meio do caminho entre S Serpentarii e Theta Serpentis ,um
aglomerado de grandes estrelas. Eu contei cerca de 80". Caroline utilizava
um telescópio que apresentava um aumento de 24 X e um campo de um pouco mais de
2o que se revela perfeito para descobrir grandes aglomerados abertos.
Foi-lhe dado por seu irmão William para que ela escaneasse o céu em busca
de cometas.
Localizado em Ophiucus o grande aglomerado
aberto se espalha por 30´ de céu.
Sabendo-se que sua distancia de nós é pouco mais de 1000 anos luz implica
que este se espalha por aproximadamente 8,5 anos luz . Existem
já algumas gigantes vermelhas entre suas estrelas componentes o que faz deste
um aglomerado galáctico de idade mais avançada.
660 milhões de anos. O Aglomerado é bastante estudado e quase contemporâneo da Híades e do Presépio ( M44).
Ngc
6633 se apresenta bem próximo ( 3 o) um outro aglomerado grande e que também se apresenta como um bom alvo binocular. IC 4756. Por esta razão O´Meara
em seu "Deep Sky Companions: Hidden Treasures" os apresenta como os
aglomerados "Tweedledee" e "Tweedledum". Personagens de Lewis
Caroll em seu "Através do Espelho e
o que Alice Encontrou Lá" e que se tornaram um exemplo clássico de duas
coisas semelhantes. Também observei 4756 e posso garantir que este existe. Mas
fiquei devendo um encontro mais intimo... Curiosamente este grande aglomerado ( talvez
por seu tamanho) escapou de Cheseaux, de toda família Herschel, Lacaille ,
Dunlop e todos os observadores pioneiros para ser descoberto apenas através de
uma placa fotográfica realizada na Estação de Harvard em Arequipa. Seu
identificador foi Solon Bailey.
6633 é
também um DSO que é melhor observado com telescópios de campos grandes ou binóculos.
Por isto talvez tenha escapado de ser uma jóia mais visitada.
Observei
Ngc 6633 já cansado e em noite de lua cheia. Mesmo com uma magnitude de 4,6 as descrições apaixonadas de O´Meara e de Walter Houston me pareceram um pouco exageradas. Mas Ngc 6633 definitivamente existe e é um aglomerado que vale ser visitado.
Localiza-lo é bem facil . Localize Rasalhague ( Alpha Ophiucus) e seguindo rumo
ao leste e localize 71 e 72 Ophiucus.
Sendo a distância destas até Rasalhague um passo dê mais um passo na mesma
direção e chegue até 6633. A navegação
será fácil pela buscadora.
Novamente
O´Meara nos conta que ele e um amigo conseguiram perceber
"Tweedledee" e Tweddledum" a olho nu e chegaram quase a perceber estrelas individuais sob o
céu muito escuro do cume do Mauna Kea ( mais de 4000 m de altitude....).
Com a
Lua cheia não percebi nem mesmo algum gradiente de luz na região. O aglomerado
se manifestava apenas na buscadora. Junto a ocular achei o aglomerado disperso e provavelmente devido a forte lua bem descolorido. Entre seus membros percebem-se diversos mini asterismos mas não percebo nenhuma padrão marcante ou semelhança curiosa... Realizei apenas umas poucas fotos de Ngc 6633
quando percebi que o acompanhamento não estava bom.
Apesar
de seu tamanho GG incluo ele na mesma categoria que coloquei Ngc 5269. "Aglomerados que existem".
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