M 104 pode ser chamada de
a "primeira entrada da póstuma" do Catalogo Messier. O original , publicado
no Conossaince dus Temps, termina em
M 103. Sua entrada "oficial" só ocorreu em 1821 quando Flammarion ,
de posse da cópia pessoal de Messier, encontrou uma nota escrita a mão. A descoberta se deve a Mechain e foi feita em
11 de maio de 1781. É a única entrada
além de M 103 aceita por Burnham em seu " Celestiall Handbook" e a
anotação de Messier na sua cópia pessoal justifica sua presença no catalogo
acima de qualquer questão ética. Não ha duvida de que ele observou o objeto.
Nesta anotação ele descreve a galaxia como " Uma nebulosa bem tênue."
Herschel a descobriu de forma independente
em 9 de Maio de 1784. É possivelmente o primeiro a perceber a grande
faixa de poeira que torna M 104 tão característica.
33 frames empilhados pelo método HDR no DSS 2X Drizzle + PS CS apenas para converter em Jpeg. Noiseware para melhorar o ruido. |
Com
um bojo central muito preponderante ela é um objeto de caráter quimérico na
classificação Hubble de Galaxias já que o bojo dominante indica uma coisa mas a
presença de poeira demonstra um grau mais evoluído no ramo das galaxias
espirais.
Foi
ainda uma das primeiras galaxias a ter um grande desvio para o vermelho medido e
afastando-se de nós a 1120 km/s foi um dos pregos no caixão da tese de que as nebulosas espirais fariam parte de nossa galaxia. Durante o seculo XIX sua aparência levou muitos
astrônomos a acharem que tratava-se de uma grande estrela "arrodeada"
de um disco proto-planetário. Foi ainda a primeira galaxia , alem da nossa,
onde foi confirmado movimento de rotação. Vesto Slipher ao estudar seu espectro
registrou que um lado dela se afastava de nós enquanto o outro se aproximava...
Esta ainda seguiu ao Fitswork onde foi reduzido o gradiente de fundo e teve o ruido mais tratado... |
Parecendo
ser afeita a confusões sua distância já foi alvo de controvérsias. Enquanto
encontrei tanto no "Messier Objects " do O´Meara quanto na pagina da
SEDS distancias entre 50 e 70 milhões de anos luz fontes mais recentes (
Hubblesite. org e Wiki...) falam em algo ao redor de 30 milhões de anos luz. De
qualquer forma é uma habitante das margens do Grande Aglomerado de Virgem. Imagens do Hubble registraram um enorme sistema
de Globulares . Cerca de dois mil . Dez vezes mais que em nossa galaxia. Possui seu próprio grupo e algumas pequenas galaxias a acompanham por aí .
M
104 é uma das mais interessantes galaxias para possuidores de pequenos telescópios.
Apesar da Wiki nos dizer que é necessário, no minimo, um telescópio de 250 mm
para se perceber o disco de poeira da galaxia eu posso garantir que ele é
visível com um modesto refrator de 70 mm f 10 com 90X de aumento. Eu vi e tenho outras testemunhas que viram também. Garanto mais testemunhos que nos casos do ET de Varginha e de Roswel somados...
Sendo
tão brilhante e cheia de detalhes M 104 foi um alvo obvio para eu tentar
realizar minha primeira foto de uma outra galaxia ( Andrômeda não conta...) .
Fotografar
outras galaxias ( e nebulosas mais discretas...) exige um exercício de captura um pouco mais refinado que os meus já conhecidos
aglomerados . Abertos ou Globulares. Para se obter algum tipo de detalhe descobri que é necessário um tempo bem maior de
captura , condições atmosféricas no minimo aceitáveis e se possível pouca poluição luminosa...
Na
madrugada do dia 8 de janeiro de 2016 a maior partes destes pressupostos
pareciam ter se reunido sobre a Armação dos Búzios.
O
equipamento utilizado foi uma câmera Canon 3T não modificada regulada para 3200
ASA, um telescópio Newtoniano de 150 mm f8 (conhecido como Newton) e uma
montagem equatorial HEQ 5Pro da Skywatcher. Todo este equipamento pode ser
considerado bastante modesto para
missão. Já fotografei muito com uma Montagem 3-2 com motor drive em ambos
o eixos. A minha vida se tornou bem mais simples e as fotos melhores com a
aquisição da nova cabeça ( batizada Mme. Herschel).
M 104 é um bom alvo para se iniciar na astrofotografia de galaxias por um motivo
bem simples . Ela é um bom alvo para você se iniciar na observação de galaxias.
Com um brilho de superfície alto ela é facilmente percebida na ocular ( no caso
uma plossl 17 mm) mesmo com visão direta. Com olhos treinados e com pouca luz
você vai notar ela mesmo em sua buscadora.
Depois
de enquadra la e de refinar a máximo o foco eu começo a captura. Alguns truques
podem ajudar nesta hora.
O
foco no Newton é bem difícil . Primeiro utilizo uma estrela bem brilhante e que
eu consiga perceber no live view da câmera. Depois de fazer o foco por esta
estrela ( neste dia foi Aldebarã) eu marco o tubo do focalizador com uma fita
branca. Depois de localizar a galaxia com o uso do go-to de Mme. Herschel eu
substituo a ocular pela câmera e movo o focalizador para a posição marcada. O
focalizador do Newton é de cremalheira e bem tosco. O foco é difícil e de
precisão bem aquém do que eu gostaria. Assim que tiver algum dinheiro sobrando (
se tiver...) comprarei um focalizador melhor. Depois faço uma primeira foto e ajusto a
diferença o melhor possível.
Como
não possuo um sistema de acompanhamento utilizo uma técnica simples mas
eficiente para que se a precisão do acompanhamento não chegar na casa dos pixeis
pelo menos sobreviva na região dos milímetros... Como vai-se capturar varias dezenas
de frames não realizar nenhum sistema de correção levará a desastres como da
foto abaixo.
Então marco o núcleo da galaxia no LCD da câmera com auxilio de uma seta de papel ou fita e corrijo o desvio causado pelo erro periódico e/ou um alinhamento polar menos que perfeito a cada poucas exposições. Neste caso de 25 segundos cada uma.
Então marco o núcleo da galaxia no LCD da câmera com auxilio de uma seta de papel ou fita e corrijo o desvio causado pelo erro periódico e/ou um alinhamento polar menos que perfeito a cada poucas exposições. Neste caso de 25 segundos cada uma.
Sistema de "acompanhamento" tabajara... |
Depois
de tudo isto começa a função do pós processamento. Este é bem maior e mais
delicado quando tratam-se de tênues galaxias ou nebulosas.
O Famoso "over processing". Visitou todos os programas e não sei bem ao certo o que foi feito em cada um deles. Depois sofreu um crop no PS... |
Geralmente
o processo começa no Deep Sky Stacker ( a menos em capturas bem
descompromissadas que podem começar e terminar no Rot n Stack...).
Foram
feitas 48 imagens de M 104 ( Light Frames daqui para frente) . Depois capturei
mais 8 Dark frames ( são fotos feitas com
telescópio fechado e com o meso tempo e ASA da captura utilizada nos
light frames). Estes servem para calibrar a exposição e a eescala e cinza da
foto final. Não utilizei nem Flats nem Bias. Estes também servem para calibrar a
foto final...
No
DSS existem vários set ups possíveis. Utilizei tanto o método de Proporção como
o HDR. Com alguns set ups foram aceitas
todas a fotos capturadas. Mas com um threshold um pouco mais alto foram
aproveitadas apenas as 33 melhores. Com isto as exposições finais ficam em 12
minutos.
Geralmente
faço um pequeno ajuste nas saídas RGB ainda no DSS. Dai salvo um arquivo TIFF 16 bits .
As
fotos seguiram para o Photoshop CS 5 onde fiz um pequeno
ajuste de níveis e curvas .
Depois
uma visita a o Fitswork onde foram
utilizadas diversos recursos. Algumas delas ainda visitaram em algum momento do processo o Noiseware.
Utilizar ASA 3200 é uma faca de dois gumes . Diminuo o tempo de captura necessária e assim posso conviver com um tempo de captura mais modesto . Mas o ruído..,É muito ruído.
Os
resultados são visíveis ao longo deste post. Embaixo de cada uma das fotos esta a legenda
descrevendo os programas e técnicas que utilizei. Nunca sei ao certo qual é o
melhor resultado final com certeza. Nem mesmo o "menos
ruim".
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