Definitivamente a aquisição de Mme. Herschel aumentou em
muito a produtividade no Nuncius Australis ( Mme. Herschel é uma cabeça
equatorial Skywatcher Heq 5 Pro) . Durante o inverno, mesmo que observando
pouco capturei imagens de Dezenas de
DSO.
Varias
em cada uma das noites. Anteriormente , utilizando minha fiel HEq3-2 eu
conseguia no máximo algo como 5 ou 6 objetos. A menos que estes fossem muito
manjados e em áreas intimas da via láctea. Me orgulho de se Centauro ,o
Cruzeiro e a finada constelação de Argos se apresentarem no céu sou capaz de
localizar varia dezenas de DSO´s em pouco minutos . Com um binoculo 15x70
parece até helicópteros russos nas
estradas próximas ao reduto do EI.
Altíssima contagem de corpos.
Mas em
busca de alvos menos manjados e em regiões não tão nobres a coisa demorava mais. Star Hopping era a
ordem do dia e navegação era uma palavra semore muito repetida.
Com o sistema Synscan melhorou muito... Agora mesmo com um
alinhamento péssimo do goto as coisas andam e dificilmente um alvo não é encontrado...
Desta
forma embora o inverno já tenha se encerrado a muito e a primavera já adiantada
me restam diversos DSO´s visitados na temporada e mais adequados a outra
estações de que não falei.
Este é
um deles. Um dos Objetos Messier menos admirado mas nem por isto menos admirável. Burnham em seu "Celestial Handbook" fala que este aglomerado é um dos mais injustiçados do Catalogo Messier. M18 é
um aglomerado aberto que sofre de um problema recorrente nas boas vizinhanças .
Com já falei ha certas regiões no céu em
que DSO´s são alvos de extermínio em
massa. E sempre entre estes existem as grandes estrelas. E assim alvos alguns
DSO´s caem no esquecimento . Habita-se M18 em outra constelação seria ele um
destaque. Já na região central da via lactea, seguindo a linha magica de
nebulosidades que emanam do "bico
do Bule" em Sagitário, esta torna-se se não um patinho feio pelo menos uma
mula manca...
O
visitei ,creio que pela primeira vez, da Stonehenge dos Pobres. Em condições bem
adversas.
Estava
eu passeando com Mm.Herschel quando me ocorreu digitar M18 no Syscan.
Rapidamente e em um bom momento esta aparece cravada no centro da buscadora.
Apesar de dever acontecer isto nem sempre acontece. Mme. Herschel tem suas
vontades, back lash e outra coisas que nem sei.
Ganhou
logo minha simpatia . Um aberto modesto clássico. Quase um asterismo. Mas que
me ensinou sabia e percebo que ele tem mais a mostrar do que isto.
Collinder
criou um catalogo que classifica aglomerados abertos por certos padrões. Estes
padrões se referem a forma aparente de aglomerados mais conhecidos e
tradicionais. Eles poderia sr do tipo Plêiades ou de Tau Canis e assim vai... Acredito que m18
seria classificado com do Tipo "Plêiades em seu catalogo.
Eu
gosto de buscar padrõe e assim costumo também associar os abertos que observo
muito em relação a sa forma. E visualizo ceras "famílias" de
aglomerados abertos. O formato triangular sempre me remete a Ngc 4755. E assim nasce a família dos Aglomerados galácticos associados a triângulos. Este grupo
ainda se subdivide em "triângulos mesmo" e "Arvores de
Natal". É um exercício sem nenhuma
pretensão cosmológica ou fisica. Talvez uma pratica mais apropriada a biblioteconomia do que astronomia.
M 18 é
um daquelas arvores de natal bem modestas. Entre suas estrelas mais brilhante e
que lhe emprestam a forma percebem-se alguns enfeites. Com a forte poluição
luminosa em nosso registro estas modestas estrelas não chegam a parecer a decoração
natalina que habita a Lagoa Rodrigo de Freitas e patrocinada pelo Bradesco. Porém não irão
ruir com um pé de vento. Mas em céus mais escuros certamente irão acrescentar seu charme ao aglomerado...
M
18 é um objeto "original de
Messier. Esta foi primeiramente registrada na noite de 3 de junho de 1764.
Messier realiza o seguinte registro:
" Aglomerado de fracas estrelas logo abaixo do
anterior, numero 17, Cercada por tênue nebulosidade. Este é menos evidente que o
penúltimo, numero 16. Com um refrator simples de três e meio pés este aglomerado
se apresenta como uma nébula. Com um bom telescópio apenas estrelas são
visíveis. "
Descrição
é riquíssima . Varias conclusões ( também chamados de palpite...) podem ser
tiradas dele. A primeira é que M 18
habita a cerca de 1o da nebulosa do Cisne. Difícil ser percebido e
menos ainda amado... A outra é que
Messier realmente quando observou M 16 não viu a nossa famosa Nebulosa da Águia
e os famosos Pilares da criação. Ele viu o aglomerado aberto associado. Mesmo
no catalogo Ngc a descrição fala apenas em "Aglomerado de estrelas
brilhantes e fracas...". Dreyer , em sua checagem, não deve ter observado
M 16. Ele teria percebido mais que isto...
Localizar M 18 é fácil. Ele reside em uma daquelas
regiões do céu que falei acima. Onde você
esbarra em DSO´s mesmo sem querer. Localizar M17 é muito fácil e M18 esta logo ao
lado .
O´Meara
acha que M 18 forma um padrão que lembra um cisne negro com sua asa levantada.
Com pequenas ampliações é possível possui M 17 e M18 no mesmo campo ocular. E
assim você pode observar um interessante cena com "dois patinhos na Lagoa.
Eu confesso que perceber um cisne negro em M18 está além de minha imaginação. De
qualquer forma isto empresta o apelido de "Aglomerado do Cisne Negro"
ao nosso aglomerado. O próprio O´Meara ressalta que o nome tem um que de duplo sentido devido a proximidade de M 17 .
O
aglomerado é fisicamente pequeno cobrindo algo como 6 anos luz . Contam-se 40
membros e muitas das pequenas estrelas são na verdade estrelas de fundo.
Este
descreve bem também a nobre localização
de M18:
"Pequenos aumentos ( eu gosto de observar a área com
meu 10X50) apresentam M 18 em uma luz
bem favorável. Com o rico cisne ( M 17 )
ao norte, uma bela peça de nebulosidade ( IC 470) ao noroeste e a Pequena nuvem
de Sagitário ( M24) ao sul. Esta pequena e parecendo insignificante de magra luz estelar é cercada de
desconcertantes gigantes cósmicos. "
Realizei
poucas fotos de M18.
As
condições eram péssimas, o alinhamento polar deixava muito a desejar e confesso
que sou um astrofotografo bastante preguiçoso. Acho que nunca irei realizar uma
foto com horas e horas de exposição. Um registro honesto e que revele segredos
que escapem a minha visão junto a ocular são o ordem do dia.
Desde
criança eu sonhava em tirar fotos de objetos astronômicos. Naqueles tempos isso
era algo quase impensável para um amador duro. E assim quando as coisas se
tornaram mais fáceis e eu menos duro
fiquei bastante feliz em conseguir registros fidedignos da maior parte do DSO´s
que arrisco. Com pretensões galácticas sei que terei de me tornar mais paciente
e focado. Mas mesmo assim não me vejo realizando fotos em narrow band ou mesmo LRGB . É possível que com o tempo venha a me dignar a guiar minhas fotos. Mas serão
raras estas ocasiões. Sou um tipo de pirata que gosta mais da batalha do que do
saque. E assim gosto de abordar vários alvos em uma única viagem.
O
diário de bordo nos diz o seguinte a respeito da derrota fotográfica:
" Foram realizadas 8 fotos de M18 com 25 segundos de
exposição em ASA 3200. destas foram aproveitadas 7. Foram empilhadas no DSS.
Posteriormente seguiram seu rumo em direção ao Photoshop onde o Nivel e a s
curvas forma mexidas. O Alinhamento polar não foi acurado ".
2X Drizzle |
1 exp. de 25 Segundos ASA 3200 |
O
registro é fiel ao que se observava. Apresenta mais contraste e certamente
mais estrelas.
As
fotos foram feitas com o Newton ( um refletor de 150 mm f8) em noite de lua e
com forte poluição luminosa na "Stonehenge dos Pobres" ( também
conhecido como "O Observatório mais Urbano do Mundo".). Se localiza
na laje de um condomínio no Leblon. No Rio de Janeiro. Posicionado a sudoeste
deste no momento da captura M 18 desafia as luzes de um Shopping. É um DSO
valente e bem brilhante como deve-se perceber.
As
estrelas mais quentes de M 18 são do tipo B3. Isto nos revela que trata-se de
um aglomerado bem jovem e com menos de 40.000.000 de anos. Esta a 4.900 anos luz de nós.
Ha quem
o chame de " O Cisne Negro" . Mas habitando em Sagitário esta mais
para patinho feio....
Nenhum comentário:
Postar um comentário