Completando 5 anos de Nuncius Australis e pouco mais de 1 ano fotografando alguns DSO´s eu finalmente começo a chegar ao que se poderia chamar de método. Ou pelo menos o mais próximo que posso
chegar disto.
Quando falamos
em fotografia astronômica eu imagino duas etapas. Uma é a captura das fotos , da imagem propriamente dita (que
serão chamados de Light frames, Lights ou simplesmente L depois desta primeira
etapa).
Light frames ( serão varios iguais . Ou "pelo menos" parecidos...) |
Além
dos Lights você vai capturar também Blacks frames. Estes são simplesmente fotos
feitas com o tubo do Telescópio tampado e devem ser realizados com o mesmo ASA
e pelo mesmo tempo de exposição que os Light frames. Servem para melhorar a
razão sinal/ruído.
Não capturam nenhuma luz.Habitam a escuridão. Só
capturam ruído, hot pixel e outras coisas nefastas.
Serão subtraídos dos Light
frames levando embora estas assombrações e deixarão apenas o sinal.
Em tese...
Dark frames |
E
vai também capturar os chamados Flat frames. Estes devem ser capturados com o
tubo do telescópio com a mesma posição que os lights e como mesmo foco. O Tubo
do telescópio deve ser coberta com um pano branco (algodão ou brim ou uma
camiseta...). Este deve ficar bem esticado e então deve ser iluminado de forma homogênea. Seja com uma fonte de luz. Ou o céu do amanhecer... Vão servir também
para melhorar a razão sinal/ruído. E também tem algo com relação a Vinhetas... Pode-se
viver sem esses.
Flat frame |
Existem
diversos sites e artigos a respeito
de como capturar seus Lights, Dark e Flats espalhados por aí.
O
programa que uso para controlar a câmera durante esta 1ª etapa (quando uso
algum...) é o Canon Utilities. .
É bem simples e intuitivo. Uma rápida
olhada no manual vai resolver qualquer duvida. Ele vem encartado com todas as
DSLR´s da Canon.
O IRIS, de que falarei mais tarde, também pode ser utilizado na captura.
Esta
encerrada a primeira etapa.
A
segunda etapa consiste no processamento das imagens. Seria o trabalho extinto
do laboratorista nos tempos da película...
Neste
post pretendo apresentar a peregrinaçao digital que suas fotos (Lights frames) percorrem até se
tornarem uma “foto astronômica”.
A
primeira parada é o Deep Sky Stacker (DSS). Um software
gratuito e eficiente pra realizar o alinhamento e o "empilhamento”.
Existe uma regra básica para o DSS
funcionar. Os light frames que você
capturou tem que ter um mínimo de dignidade. Se forem só um montes de riscos e ruído
esqueça. Ele não vai realizar alinhamento
nenhum. Vai informar que voc~e esta empilhando somente um Frame . E recusar os outros...
Se este o seu caso tente o Rot´n Stack. É um outro software mais
“rude”. Ele também trabalha com a Razão Sinal Ruído. Mas eu tenho a impressão
de que como só trabalha com Lights ele não a melhora. Ele soma Sinal e ruído. E
assim muito ruído é inevitável. O RnS tem uma interface bem amigavel e não precisa de tutorial. É o Paint dos “stacker´s”.
Ruim e fácil de usar...
O DSS por sua veze vai utilizar darks e
flats para melhorar a razão sinal/ruído. Pois somamos toda informação
dos lights e depois subtraímos o ruído através dos Master dark e Master flat
criados pelo software. A imagem final do DSS vai somar o que é sinal e subtrair
o que é ruído...
Sinal é a informação
que esta no seu light frame e que deveria estar lá. O pixel que esta onde
estava a estrela sobre o sensor. O resto é ruído. O ruído é que nem poeira que
se abate sobre os viajantes.
Operar o DSS é bem simples. Basta carregar os
lights, darks e flats e realizar alguns settings.
Com os
arquivos todos carregados, checados e registrados a janela ‘Register Settings’ vai se abrir para você’. Clique na aba “Advanced”. Eu uso no parâmetro “star detection threshold” 25%. Quanto mais baixo for este parâmetro
mais “pé de boi” se torna o DSS. Mas aí o produto final pode ser um monte de riscos...
Depois clique
em “stacking parameteres” coloque em
cada um dos parâmetros os seguintes “settings” (estes são os que eu uso. Outras
combinações são possíveis):
·
Em Result
use Intersection.
·
Em Light
use Kappa-Sigma clipping ( aqui se
determina como se vai lidar com o sinal)
·
Em Dark
use Kappa Sigma clipping Aqui vai-se
fazer o Master dark e vai lidar com ruído.
Como os darks frames não tem sinal são um bom parâmetro para se
determinar o que é sinal e o que é ruído nos lights.
·
Em Alignmet
use Automatic.
·
Em intermediate
files – Tiff files
·
Cosmetic-
não faça nada.
·
Output-
eu prefiro tiff. Pode usar qualquer
um...
O DSS depois vai somar o sinal que esta no Lights e vai subtrair o ruído que esta nos
darks e flats. É uma explicação bem simples e aproximada do que realmente
acontece.
Mas o que importa ele melhora em muito a tal da relação
Sinal /Ruído.
Depois que ele abre o resultado
do trabalho eu costuma melhorar um pouco o contraste da foto ainda no DSS.
Na janela que estará aberta
abaixo da foto arraste os parâmetros RGB nas barras deslizantes mais para
esquerda. Descendo a curva... Antes de fazer isto a imagem pode parecer muito clara e lavada.
Saindo do DSS |
Clique aqui para um tutorial mais completo para o DSS. Neste tutorial o autor usa settings diferentes dos que eu utilizo.
Depois vou abrir este arquivo ,que foi criado no DSS, em
um programa um pouco mais complicado. Mas fundamental.
O IRIS é também um freeware. Creio
que seja o maior concorrente do Maxim. Ele é um "faz tudo". Opera seu telescópio (se
possuir GO-TO), faz auto- guiding , opera a sua câmera, realiza alinhamento e é um
processador de imagens. Eu só o utilizo nesta
ultima missão. Como ele é um processador de imagens com cacoete de astro
fotografo ele possui diversos recursos que são perfeitos para os problemas típicos
da “difficult art”.
O Stacking and Align é bem complicado de se realizar .Melhor usar o DSS. Muito mais amigavel. Ele pode ainda ajudar na captura, me parece que gosta de câmeras Lumenera e possui no cardápio
quase todas as DSLR disponíveis. Eu fiz um rápido teste e voltei correndo para
o Canon Utilities.
Seu recurso mais importante, para
mim, é a capacidade de resolver a vinhetagem que ocorre na minha captura e que o
DSS (com seus flat frames) não resolve e nem o Photoshop elimina.
Através de um processo sinuoso
ele permite controlar a vinhetagem. Na aba “Processing” procure por “Remove
Gradient”. Ou através da Janela de comando instrua como fazer um fundo “perfeito
para sua imagem”.Isto vai emplicar em marcar manualmente até 2500 pontos no seu Frame inicial... Ele faz isto também de maneiras automáticas . Mas a normas aqui de casa são claras . Sempre do jeito mais dificil. O programa tem vários recursos. Mas é complicado para se
dominar.
Ele ainda ajuda muito com o ruído termal comum
em longas exposições. Procure o recurso” selective gaussian filter” na aba “Processing”.
A esquerda antes do IRIS . Repare no gradiente ( vinheta) do fundo. A direita depois ... |
A esq.:RnS Sort Mode a dir.: RnS+Iris |
Ele não é um programa com uma interface obvia. Requer alguma experiência. Não é intenção de este texto servir como um tutorial para os programas apresentados. Espera apenas servir como um guia de referencia rápida e uma introdução à matéria.
Recomendo que leia o tutorial se pretender
entender-se com o IRIS.
Nossa próxima parada é o Photoshop. Em geral as ferramentas que
mais uso são Levels, curves, Brilho /
Contraste e Color Balance. O Photoshop apresenta
varias possibilidades que não cabem ser discutidas aqui. Existem milhares de tutoriais descrevendo as
mais diversas técnicas no PS.
DSS+IRIS +Photoshop |
E por fim, em geral, eu faço uma
ultima visita ao Noisewear. Ele
possui uma versão gratuita e dá uma disfarçada no que sobrou de ruído em sua
foto. É um programa bem simples.
Do tipo carregue a foto e aperte GO.
Existem alguns parâmetros que podem ser ajustados. Os "settings" de seus
defaults são mais que suficientes. Voce pode baixa-lo aqui
E assim, dando tudo certo, vai
ficar até razoável.
P.S. : Hoje em dia (2019) Utilizo apenas o DSS para empilhar e geralmente faço o pós processamento no PixInsight 1.8 . É o soft mais poderoso e mais especifico para astrofotografia que conheço. Não é um programa barato. Existe uma versão gratuita e descontinuada ( PixInSight LE) que pode ser conseguid ana web com alguma procura. Leia-se Pirate bay.
P.S. : Hoje em dia (2019) Utilizo apenas o DSS para empilhar e geralmente faço o pós processamento no PixInsight 1.8 . É o soft mais poderoso e mais especifico para astrofotografia que conheço. Não é um programa barato. Existe uma versão gratuita e descontinuada ( PixInSight LE) que pode ser conseguid ana web com alguma procura. Leia-se Pirate bay.
E eu continuarei tentando...
Nossas modelos ( ou vitimas) foram Ngc 4755 e IC 2602. A Caixa de Joias e a Plêiades do Sul respectivamente.
Posteriormente acrescentei NGC 6397 como outro exemplo ( extremo). É o Globular
Posteriormente acrescentei NGC 6397 como outro exemplo ( extremo). É o Globular
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