Dezembro foi um mês dedicado ao
trabalho. A cada vez mais dura jornada por cada vez menos vil metal me manteve
bastante ocupado até o dia 23. Depois disto vieram as festas de fim de ano e o
clima na terceira rocha a partir do Sol não colaborou com a já tradicional Aporema
do fim do ano. O ano novo se passou e não vi nada de novo nos céus.
Mas
o mundo gira e a Lusitana roda. Assim acabei me deparando com um interessante
post de um amigo virtual onde surgiu uma das tão queridas aqui pelo Nuncius Australis
“Coincidências de Adams”. Estas são relações que apesar de parecerem
relacionadas a coisas muito profundas não tem nada a ver com as leis
fundamentais do universo. São assim chamadas devido a uma passagem do livro “Guia
do Mochileiro das Galáxias” de autoria de Douglas Adams. Neste post o amigo nos
mostra que em um triangulo retângulo onde o cateto maior possui o tamanho da soma
do diâmetro da Lua e da Terra e o cateto menor possui o tamanho da terra vai
nos levar a uma hipotenusa com o valor de Phi. E voilá: Proporção Aurea, Fibonacci e outras
numerologias se apresentam. Mais uma das “Coincidências de Adams” para minha
coleção.
A
Astronomia é cheia delas. A Lei de Titius-Bode é uma das mais famosas e de tão incrível
foi alçada a lei. Não é. Outra que desafia as fronteiras do saber é o “Paradoxode Newgear”. Este talvez diretamente relacionado a fase “ponto morto” aqui do
blog. O paradoxo nos diz que “Sempre que alguém adquirir algum equipamento de
qualquer espécie que permita que este alguém aumente sua capacidade de observar
o universo este irá conspirar para que as condições atmosféricas neste
determinado local do universo impeçam isto por pelo menos 60 dias terrestres.”
Recentemente
ganhei uma antiga câmera Pentax que veio acompanhada de diversas lentes. Com
isto K.O. Newgear já ligou para Murphy. Não bastando isto minha tia me
presenteou com um sistema de guiagem para Mme. Herschel (minha montagem
equatorial HEQ 5 pro). Esta só vai chegar no final de janeiro. Desta forma não
levei quase nada para o réveillon que passei em Itaipava. Espero poder desafiar
Newgear com alguma margem de vantagem mais a frente no mês em uma temporada que
pretendo passar em Lumiar. Lá será Lua nova e com uma janela maior é sempre possível
que as borboletas conspirem a meu favor e eu consiga enganar Newgear e Murphy
em alguma noite feliz. Ainda sem o sistema de guiagem as chances serão razoáveis.
Acho
importante frisar que em tempos de obscurantismo crescente que as “Coincidências
de Adams” não são de forma alguma relacionadas as “Relações de Tornhill-Scott”.
Nestas, fatos como Buzz Aldrin e apocalipse possuírem ambos 10 letras, são
prova conclusiva de que a relatividade é uma grande fraude promovida pelos reptilianos.
E que o eletromagnetismo resolve
qualquer questão fundamental sobre a vida, o universo e tudo mais...
Desta
forma, devido a “ Paradoxo de Newgear” e a
encontrar perdidas no HD fotos de quase exatamente um ano atrás, cheguei até três
belos aglomerados abertos em Auriga que eu não poderia deixar de apresentar de
forma mais aprofundada aqui. É evidente que falo dos três aglomerados abertos
do catalogo Messier que residem na constelação. E em gesto de solidariedade a Tornhill
vou apresenta-los em ordem “numerológica”. Vou começar por M 36. E ao decorrer
do mês apresentarei M 37 e depois M 38. A menos que tenha sorte na viagem para Lumiar.
Antes
de falarmos de M 36 acho interessante apresentar Auriga. Uma das mais antigas
constelações e uma das regiões mais ao norte dos céus cariocas onde ainda é possível
se perceber alguma coisa em locais de forte poluição luminosa (Bortle acima de
6).
Auriga
(“O Cocheiro” em mapas lusófonos) é uma das 48 constelações listadas por
Ptolomeu no século II. Mas sua história remonta ha muito mais tempo. Os primeiros
registros de suas estrelas remontam aos tempos da invenção da escrita e assim
aos primórdios da História. Na Mesopotâmia. Chamada de GAM a constelação
representaria uma cimitarra. Embora existam duvidas de se este titulo se
referia a constelação em si ou apenas a sua estrela mais brilhante (Capella). Já no tempo dos gregos e dos mitos mais bem
contados de todos os tempos a constelação, que possui a forma evidente de um pentágono
formado pelas estrelas Alpha Aurigae (Capella), Beta Aurigae, Iota Aurigae,
Theta Aurigae e a “emprestada” Beta Tauri, esta passa a representar Erichtonius de Atenas.
Este filho de Hefáistos e criado pela deusa Athena. Foi o inventor da Quadriga.
Uma espécie de “Ferrari” das carruagens com 4 HP (Puxada por quatro cavalos) de
potência. Auriga significa Carruagem. Segundo a lenda inspirada na carruagem de
Zeus. Este o colocou no Céu em tributo a sua engenhosidade e feitos heroicos.
Não bastasse isto Capella (Alpha Aurigae) representa a cabra Amalthea. Esta foi
que amamentou Zeus. Capella significa “pequena cabra”. É a 6a
estrela mais brilhante dos céus. Trata-se de um sistema quadruplo.
Com
a Via Láctea cortando a constelação é berço de diversos DSO´s .
Finalmente
M 36....
Este
aglomerado aberto foi descoberto por Hodierna na Ilha da Sicília em 1654. Mas
como o Catalogo por este organizado teve uma distribuição ainda menor que “O Sul Profundo” sua descoberta só chegou a publico, de fato, em 1984. Apenas 330 anos
depois... E assim todos os guias observacionais clássicos (e mesmo Burnham)
indicam La Gentil como seu descobridor no ano de 1749. Messier observou o mesmo
em 2 de setembro de 1764 e escreveu: “Aglomerado de estrelas no “Cocheiro”. Com
um simples refrator de 3 ½ pés suas estrelas são mal percebidas; o aglomerado
não contém nenhuma nebulosidade. 9´ de diâmetro”.
Cerca de um século
mais tarde Smyth, em seu Bedford Catalogue (o volume II de seu livro “Cycles of
Celestial Objects”) nos dá uma descrição curiosa do mesmo: “Um dispositivo de
uma estrela cujo os raios são formados por pequenas estrelas.” D´Arrest parece ter uma impressão semelhante
e diz “extremamente rico e bonito aglomerado. Originando-se do centro muitas
estrelas se arranjam em três finas espirais.”
Observando
com o Newton (um refletor de 150 mm f8) com 48 X de aumento ele me recorda uma
versão minimalista das Plêiades. Estudos posteriores indicaram que minha
impressão era bem correta.
M
36 é um aglomerado bem jovem como as Plêiades e sua população é bastante semelhante.
Mas se encontra dez vezes mais distante há 4300 anos luz. O aglomerado possui 178 membros confirmados.
Sua estrela mais brilhante é uma gigante azul de um jovem tipo espectral B 2.
Todos os seus membros mais brilhantes são da classe B e atestando sua juventude
não possui nenhuma gigante vermelha em suas fileiras. Algo entre 20 e 40
milhões de anos apenas.
De
locais altos, escuros e mais ao norte M 36 pode ser percebido a olho nu como
uma estrela enevoada. Já realizei o feito, mas estava no hemisfério norte e na entrada
de um parque nacional muito preservado. Aqui do Rio ele será percebido pela buscadora
(10X50 mm) e irá começar a se resolver.
Geralmente parto de Capella e navegando pela buscadora não é difícil perceber M
36. Atenção para não se confundir com M 38 que é bem próximo. Junto ao centro
do aglomerado habita uma delicada e fácil dupla: Struve 737.
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