M 107 é uma das entradas
controversas do Catálogo Messier. É uma descoberta de Mechain (“sócio” de
Messier na obra) e a descoberta mais tardia de todo o Catálogo. Foi registrado
em abril de 1782. E assim tarde demais para ser incluído na lista final
original do catalogo.
O
Catalogo Messier em sua forma “final”, como publicado na Connaissance du Temp para 1784, possui apenas 103 entradas. Assim
como revistas astronômicas o Connaissance é publicado com uma certa antecedência.
A de 1784 foi publicada em 1781.
Mechain
observou “ uma pequena nebulosa no lado esquerdo de Ophiuchus entre as estrelas
Zeta e Phi. ” Méchain informou Messier de sua descoberta. Notas manuscritas
provam que este sabia de sua existência, mas nada indica que ele tenha
observado M 107 pessoalmente.
Em
um artigo, hoje clássico, escrito por Owen Gingerich e publicado em duas partes na
Sky and Telescope de agosto e setembro de 1953 nos conta que como Hellen Sawyer
Hogg, em 1948, trouxe a luz uma carta de Méchain para Johan Bernoulli e uma publicação
no Berliner Astonomisches Jahrbuch onde se apresentam o que viriam a ser M 105,
106 ,107 e 108. E apoiou a inclusão destes na lista de Objetos Messier. Estes formariam
junto com M 104 entradas póstumas do catalogo Messier. É importante frisar que
as anotações descobertas na cópia pessoal de Messier de seu catalogo feitas por
Flammarion provam que M 104 foi observada pelo mesmo. Burnham em seu “ Handbook”
considera M 104 como a última entrada valida do Catálogo Messier.
Herschel
(que sempre ignorou as descobertas de Messier em respeito ao mesmo) inclui M
107 em seu “Catalogue of One Thousand new Nebulae and
clusters of Stars” (1786). É a entrada H VI. 40.
Smyth
apresenta M 107 em seu “Cycles of Celestial Objects” como uma descoberta de
William Herschel: “ (Maio ,1837) Um aglomerado grande, mas pálido
e de pequenas estrelas na perna esquerda do “Encantador de Serpentes”. Existem
cinco estrelas telescópicas, dispostas a formar um crucifixo, quando o
aglomerado está alto no campo. Mas a região logo além é comparativamente
deserta. Foi descoberto por William Herschel em maio de 1793 e registrado com
5´ ou 6´ de diâmetro. ”
M
107 é um aglomerado globular localizado a 20.900 anos da terra.
O
aglomerado é um alvo difícil para binóculos e irá se apresentar de forma quase
estelar. Apesar da descrição de Smyth, ele não possui mais que 3´visualmente.
Observando
como Newton (meu Refletor de 150 mm f8) sob os céus de Búzios (Bortle 6 ou 7)
ele é pouco mais que um esfuminho com alguma granulosidade nas bordas. Não percebo nada na buscadora. Com observação atenta percebe-se um núcleo mais
concentrado e brilhante. M 107 não é um aglomerado muito concentrado e com
telescópios grandes se resolve quase na integra. Creio que o Newton resolva suas
bordas em céus mais generosos. Possuidores
de grandes telescópios podem ter seus “Momentos de Rosse” (suas cadeias deestrelas podem lembrar braços espirais em uma galáxia.)
Localizar
M 107 pode ser trabalhoso, mas nada hercúleo será necessário. A partir de
Antares localize Zeta Ophiuchi (Saik). Fica
a 16 o ao norte. (Cerca de cinco dedos com a mão bem fechada). A
partir daí ele estará a cerca de ½ campo de buscadora (2,75o) a
sudoeste. Outra forma é imaginar uma linha entre Beta Scorpii e Beta Ophiuchi.
Zeta estará no primeiro terço do caminho... em meu projeto para fotografar
todos os Globulares Messier em Ophiuchus ele foi o antepenúltimo. Faltam 2...
M
107 é um globular X na escala Shapley. Bem frouxo (a escala vai até XI). Sua magnitude ´de 8.8. Seu raio é de
aproximadamente 40 anos luz e ele possui aproximadamente 13.95 bilhões de anos.
Um ancião entre anciões.
A foto que abre o post é resultado de um stack de cerca de 15 fotos com 20 segundos de exposição ASA 3200. É definitivamente mais do que eu consegui perceber visualmente em uma noite de pouquíssima transparência.
A
melhor época para a observação é justamente em junho...
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