M 83 é considerada
uma das maiores atrações do céu Austral. Conhecida como a "Galáxia do
Catavento do Sul" é um dos alvos mais tradicionais em quase todos os guia
observacionais . Foi a primeira galaxia observada além do grupo local.
Anteriormente se conheciam M 31 e M 33.
( As Nuvens de Magalhães também.
Mas apesar de galaxias, devido a sua quilometragem, são de outra casta.) .
Foi uma descoberta de Lacaille e
considero o feito um dos maiores da astronomia observacional. Lacaille possuía
lunetas mais modesta que minha buscadora (10X50 mm) . Passei cinco anos de
minha vida aprendendo a observar DSO´s ( uma sigla e um anglicismo para Objetos de Céu Profundo . Deep
Sky Objects...).e posteriormente a realizar modestos registros fotográficos destes. Por uma
daquelas coincidências que tratam das coisas do universo mas nada tem a ver com
suas leis fundamentais acabei decidindo que observar e registrar o Catalogo
Lacaille seriam um bom começo. Provavelmente devido a razões cronológicas e
geográficas. O Catalogo Lacaille foi o maior registro de Nebulosas até o meio
do Seculo XVII ( 1752 ele sai da Cidade do Cabo...) e foi realizado pelo homem
que criou o planisfério hoje adotado para o Céu Austral. Criou constelações e
desmembrou a maior constelação do céu. Argos.
Foi ele que descobriu e
registrou pela primeira vez a posição de M83.
e como falei me custaram 5 anos para observar e fotografar M 83. O nome
M83 vem do segundo homem a registrar a galaxia. Messier é o autor do mais clássico
Catalogo de Nebulosas.
Apesar de cantada em prosa e
verso por autores mais modernos localizar , observar e perceber detalhes em M
83 com telescópios amadores é uma considerável realização.
Diversas observações e
descrições históricas comprovam isto.
Lacaille operando milagre nos
deixa a seguinte descrição.: " Nébula sem forma." . Sempre muito
conciso.( 23 de fevereiro de 1752)
Messier nos dá uma idéia mais
clara do desafio que é observar M 83
visualmente e do grande feito de Lacaille com uma luneta de 7X 30 mm.
: " Fevereiro 17, 1781 -Nebulosa sem estrelas próxima a
cabeça de Centaurus; surge como um fraco e homogêneo brilho,mas é difícil de se
ver ao telescópio , tanto que qualquer luz a iluminar os fio dos micrometro a
fazem desaparecer. Alguém só e capaz de vê-la com a máxima concentração: forma um triangulo com duas estrelas com magnitude estimada de 6a e
7a. Sua posição foi determinada a partir das estrela i , k e h da cabeça de Centaurus. M. de la Caille já havia determinado sua
posição.
A descrição de Messier comprova
o feito de Lacaille. E creio que sua descrição é uma das mais expressivas para
o observador amador que luta contra céus poluídos.
Dunlop durante seu levantamento
em Paramatta , Nova Galês do Sul na Austrália e em 1827 tem uma percepção
bastante completa e curiosa da mesma: " 185 Centauri ( Bode) é uma muito
bela nebulosa arrendondada com um um núcleo ou disco planetário brilhante
ebem definido , com 7´´ ou 8´´ de diâmetro, cercado por um atmosfera
luminosa ou "chevelure" ( cabeleira) com com 6´de diâmetro. A matéria
nebulosa é levemente mais brilhante em direção as bordas do disco planetário,
mas muito pouco. Eu posso ver diversos pontos minúsculos ou estrelas na
cabeleira, mas não considero eles indicação de que seja resolvível, embora não
tenha duvidas de ser composta de estrelas. 5 observações."
John Herschel também a observou
e a chamou de Bode 185. É evidente que Bode a inclui em seu catalogo. Porém é
curioso que na copia que obtive deste ela habite a entrada de numero 15.. Bode
15...
Herschel pai ( William) também a observou. A
considerou uma estrela nebulosa.
Lassel percebe sua estrutura
espiral e percebeu três braços . Deixou-nos um rustico desenho.
M83 é o terceiro desenho de cima para baixo e do lado esquerdo da imagem.( Lassel) |
Autores contemporâneos tem uma
visão bem mais otimista de como M 83 é observada .
O sempre otimista e talvez ciborgue O´Meara,em seu "Deep Sky
Companions ; The Messiere Objects" no diz o seguinte: " Em meu local de
observação M 83 é uma forte condensação no meu 4 polegadas ( um Televue...) com
pouco aumento. , fácil em binóculos , no limite da visibilidade a olho
nu."
Perceber M83 a olho nu é uma
tarefa ingrata para Steve Austin , o homem de 6 milhões de dólares. O´Meara
observa de um sitio a quase 3000 metros de altitude na encosta do vulcão onde habita o Keck telescope. Escuro pacas...
Mas já mordi a língua duvidando dele ( Ngc 6124).
M 83 é considerada uma galaxia
intermediaria, algo entre uma espiral clássica "Grand Design" e uma barrada.
Vaucouleuers a classificou com SAB c. Sua intricada um pouco distorcida
estrutura espiral pode ser atribuída a
interação ou colisão causadora de marés com a modesta e elíptica galaxia Ngc 5253. M 83 é a feliz proprietária de seu próprio
grupo galáctico no qual esta incluída Centaurus A ( Ngc 5138) . Em exposições longas e de grandes telescópios
se percebe nós azulados e avermelhados ao longo de toda a galaxia. São regiões
de estrelas jovens (azuis) e avermelhadas ( nebulosas onde esta havendo criação
de estrelas). M 83 ainda foi a galaxia
que carregou o título de maior
possuidora de supernovas registradas em período histórico. ¨no total sendo a
mai brilhante em 1968 com magnitude 11. foi descoberta por um amador (John
Bennet) na Africa do Sul. Berço do Catalogo Lacaille.
Phill Harrington é mais modesto.
Nos diz que M 83 é um alvo viável para quase qualquer binoculo e que esta pode
se tonar um alvo favorito para quem usa os dois olhos. O campo ao redor faz
bela composição. E propõe um star
hooping saindo de Spica ( Alpha Virgo) ,passando por Gama Hydra e seguindo por
obscuras estrelas fracas que podem vir a formar um padrão de ponta de flecha. Nada a ver...
É um caminho improvável para
habitantes de latitudes austrais. Nosso caminho obvio e nem tão longo começa em
Iota Cen e segue pelas estrelas i,k e
h usadas por Messier para determinar
a posição de M 83. Segundo o Harrington
localizar M 83 é possui um "finding factor " de três estrelas. A escala vai até 5 sendo cinco
trabalho mediúnico...
Ha
anos estabeleci como objetivo observar e
fotografar o Catalogo Lacaille. M83 foi o ultimo dos objetos que consegui
observar e o penúltimo a ser fotografado.
Depois de varias tentativas frustradas e afins decidi acabar com a
partida. M 83 era o ultimo passo da trilha. Atitudes foram tomadas e me despenquei
com toda a parafernália e mais a família
em busca de céus escuro. Lua nova na
Serrinha.
Depois
de alguns percalços chega o momento do ataque. Achar M 83. Sem purismos mas nem
por isto tão fácil ( nada é fácil em astrofotografia) uso uma cabeça equatorial
com "go-to" HEQ 5 pro. Ainda que meio desequilibrada devido a um
vacilo meu ela torna as coisas bem mais
fáceis que realizar um Star Hooping em busca de uma assombração . M 83 tem uma
magnitude anunciada de 7.3 ( ha registros mais antigos e mais ao norte que
falam em 10) mas apresenta um baixo valor de brilho de superfície. É como se o
brilho de uma estrela de 7 mag se espalha-se por uma área de maior que a lua cheia. ( 1102 min).
Com
a vitima supostamente dentro do campo de visão da buscadora ( a cabeça esta
operando em modo de segurança...) eu tento escanear a região com minha 25 mm. Sei
que o método não é eficiente mas as vezes a Dona Fortuna colabora e o alvo
aparece em meio ao passeio. Não desta vez. Assim acho que acreditar que o
go-to tem precisão na casa de 5o é uma boa ideia. Me lembro que Lacaille
localizou M 83 com muito menos poder de fogo que minha buscadora. Utilizando
todos os truques que conheço ( respirar fundo, piscar, , bater na buscadora e
etc...) acabo percebendo quase nada. Algo entre uma estrela muito fraca e
nada...
Centralizo
"a quase nada" na buscadora.
Com
concentração "shaolin" percebo apenas um estrela levemente cabeluda.A
foto abaixo é uma única exposição de 20 seg. com ASA 3200. É por isto que você
procura inicialmente.
Vou
insistindo e com visão periférica percebo uma condensação muito fraca levemente
oval. Conforme vou insistindo ( sempre com visão periférica ) a coisa vai se
tornando mais elaborada. Com alguma boa vontade , tempo e muita visão
periférica percebo com o rabo de olho quase isto...
No fim de tudo acredito ter percebido a estrutura barrada de
M 83. E uma suspeita do terceiro braço. A foto abaixo revela bem ele mas as
custas de muito ruído.
Para
realizar as fotos acima tive que primeiro fotografar a moça.
Começa o jogo.
Com tudo preparado instalo a câmera e busco garantir que algo seja
exposto de forma aceitável . Assim com ASA bem alta (6400) e apostando em exposições mais curtas para garantir que o acompanhamento
seja no minimo razoável dou a saída.
Vejo
a primeira foto. Percebo que algo foi registrado no entorno do núcleo que agora
é bem evidente. Faço mais algumas
dezenas de fotos. Depois disto realizo a mesma operação com a ASA um pouco mais
baixa. 3200. Gostaria de trabalhar em 1600. Mas o tempo urge e não sei quando
vou poder voltar a céus tão bons. Ainda quero fichar mais elementos na noite...
M
83 é um alvo visual difícil. Requer varias estratégias e batalhas. Suas fotos
não foram diferentes.
Com
dezenas de fotos entre 3200 ASA e 6400 ASA eu imagino utilizar o Deep Sky
Stacker para empilhar uns e outros separadamente e ver o melhor resultado. Mas ambos os casos
acabam em um de meus desastres binários e não tem nenhum valor.
desastre binário |
Começo a me
preocupar . Mas ha mais coisas e aterra
e o ar que os aviões de carreira , como dizia o Barão de Itararé. Me restam o fitswork e o rustico Rot n´Stack.
"Verás
que um filho teu não foge a luta e o
conjunto fez as fotos que o DSS renegou". Com mais auxilio do Photo Shop
achei até bom os resultados. As imagens
abaixo revelam detalhes muito além do
que percebi em todas as combinações oculares tentadas.
favorita... |
As
outra fotos são resultados de diferentes processamentos.
Pop Art |
Pretendo
um dia fazer varias horas de exposição em M 83. É evidentemente uma bela e tímida musa...
Nenhum comentário:
Postar um comentário