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quarta-feira, 24 de julho de 2019

M 98 : Uma Galáxia na Contra-mão


                


         M 98 é alvo de uma disputa entre Stoyan e O’Meara. São estes os dois autores dos que considero os mais práticos guias para se observar o Catálogo Messier. São, respectivamente
, “Atlas of the Messier Objects: Highlights of the Deep Sky” e  “Deep Sky Companions: The Messier Objects”.
            Enquanto Stoyan defende que M 98 empata com M 91 entre as galáxias Messier mais difíceis de serem observadas visualmente O´Mera defende que M 98 é um refresco para os olhos dos observadores com equipamentos modestos que estejam batalhando entre os tênues alvos que abundam na região. Quase de perfil para nós e com um brilho de superfície na casa de 13.2 ela habita ali na zona de transição entre a matéria e a assombração. Mas me inclino em direção de O´Meara na questão. Ainda que discreta M 98 é um alvo mais fácil que diversas das galáxias com a face virada pra nós. Com a vista bem acostumada você perceberá sua natureza facilmente com o uso de visão periférica.  


         Diversas descrições históricas da galáxia nos darão clara ideia do que esperar junto a ocular em função do equipamento utilizado.  M 98 foi descoberta por Méchain em 1781 e foi confirmada por Messier e 13 de abril do mesmo ano. Ele a descreve como “uma nebulosa sem estrelas, de luz extremamente tênue, acima da asa norte de Virgem”.  Já William Herschel fala em “uma grande e extensa bela nebulosa. Sua posição demonstra essa ser a 98 de M. Messier, mas sua descrição indica que o cavalheiro não viu todo o conjunto, pois seus fracos braços se estendem por mais de ¼ de grau... meu campo não engloba exatamente toda nebulosa”. Já Smyth, com seu famoso acromático de 150 mm nos fala em “uma grande, mas bastante pálida... em se fixando a visão ela se acende em direção ao centro.”

     Atualmente gosto muito de utilizar o Lunginbuhl e o Skiff como fiel da balança entre o biônico O´Meara e o mais pessimista Stoyan. Minhas observações costumam concordar com as descrições da dupla no relativamente recente “Observing Handbook and Catalogue of Deep Sky Objects” de 1990.  Eles nos dizem que ela será uma visão interessante mesmo em um 60 mm. Já a percebi com meu 70 mm. É pouco mais que um esfuminho com cerca de 4´ por 2´ bastante tênue e sem indício de núcleo. Os mesmos nos dizem que com um 150 mm a galáxia e seu halo se estenderão por cerca de 6´por 2´ com leves condensações e grão em direção ao centro e percebe-se um discreto núcleo. No Newton (meu Refletor 150 mm f8) com 70X eu tenho uma visão semelhante a isso, mas percebo uma leve textura em uma das bandas. É possível que sejam espíritos de regiões HII onde estejam se desenrolado alguma ação.  
           M 98 é um membro do aglomerado de Virgem, mas tem suas excentricidades. Ela se encontra do lado “de cá” do aglomerado e sua velocidade radial é de apenas 125 km/s.  Ou seja, quase 1000 km/s mais lenta que a velocidade média do aglomerado. Não só isso ela possui blueshift. Ela se aproxima de nós. Isso levou a muitos acreditarem tratar-se de uma galáxia em primeiro plano. Mas atualmente se acredita que um encontro próximo a tenha jogado por esse caminho.  M 98 já foi caracterizada como um objeto transicional e é uma galáxia com características LINER.  Uma galaxia de núcleo ativo. Recomendo que cliquem no link para saber mais sobre esse tipo de galáxia e um tópico bastante interessante na astrofísica...

            Localizar M 98 é basicamente localizar a estrela Coma 6. E depois tirar esta de quadro para que não ofusque a tênue galáxia. Se você está navegando pelo aglomerado de Virgem suponho que já tenha dominado técnicas de Starhooping e possua já sua navegação ensaiada. Um bom dever de casa vai ajudar. Na região você ainda vai encontrar Ngc 4216 e seu tripleto. Uma das galáxias não Messier mais fáceis da região.  Céus escuros são mandatórios para um resultado prazeroso quando se passeando por esta região.

          Todas as fotos aqui apresentadas foram resultado de diversos processamentos utilizando o Deep Sky Stacker para o empilhamento das fotos. Posteriormente as fotos foram esticadas no PixInSight e tiveram alguma cosmética no Photoshop. Todas são resultado de uma captura de 20 fotos com 45 seg. de exposição em ISO 1600. Foi utilizada uma Canon T3 e uma lente Pentax 300 mm f 4.5. Montadas sobre Mlle. Herschel (uma montagem equatorial HEQ 5 Pro.). Foram aplicados 20 dark frames.  

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