Eu tento ter por hábito realizar
pelo menos uma grande sessão observacional por estação. Neste verão fiz as
coisas um pouco diferentes. Indo viajar durante muito tempo, pulando de uma
locação para outra no meio do período e em um carro muito pequeno me vi
obrigado a abrir mão de levar o Newton junto com a família. Optei por levar Mlle. Herschel (minha montagem
equatorial HEQ 5) para servir de base para minha câmera. E diversas lentes.
Isso
iria garantir a parte fotográfica da expedição.
Sempre
digo por aqui que o astrônomo amador não pode cair na armadilha de só fotografar
os céus. Você tem que ver com seus próprios olhos. E desta forma coloquei no já
super socado veículo um Vanguard 10X50 mm. Um modesto binoculo.
Astrofotografia
binocular é um exercício que todo amador deve praticar. Ela vai te ensinar a
ver. Com binóculos diferenciar um globular de estrela pode ser um divertido e útil
exercício quando for partir em busca de galáxias pelo céu. O catálogo Lacaille,
por exemplo, foi todo “descoberto” por equipamentos muito inferiores ao Vanguard.
E a primeiro registro de uma galáxia fora do grupo local foi feito por Lacaille
(M83). Embora ele não soubesse disso e galáxias fossem um conceito ainda bem
distante...
Outra
qualidade é que com campos enormes (5 ou mais graus) você abarca porções generosas
do céu. Desta forma grandes abertos como as Plêiades, Hiades e IC 2602 são mais
bem observados com binóculos que com grandes aumentos telescópicos. Eu, embora
não tenha levado meu 15X70 acho ele um dos melhores instrumentos para
observações descompromissadas. O campo com
cerca de 3,5º abarca muita coisa e o maior aumento ajuda a destacar DSO´s mais
discretos e tímidos. Om o 10X50 é
importante atenção e mais treino vai ajudar muito.
Neste post vou
apresentar diversos aglomerado e regiões que com um binoculo você vai ser capaz
de observar 2 ou mais aglomerados (e ou nebulosas) com o uso de um 10X50 (e
geralmente com o 15X70 mm também. Galáxias são alvos difíceis para o iniciante
com pequenos aumentos. Mas em Virgem e Leão são diversas as áreas onde você vai
conseguir reunir várias em um único campo (mas aí até mesmo com telescópios ...).
Não vou abordá-las. Fica para uma próxima vez.
M 47 e 46 |
A primeira
dupla a ser apresentada é M 47 e M 46. São um clássico e demonstra como dois aglomerados
abertos podem ter caráter tão visual tão distinto. enquanto M 47 é um oferecido
que vai logo saltar a vista e se resolver em sua maioria M 46 vai ser bem mais
discreto e demandar mais carinho e visão periférica e se apresentar como uma
pequena nebulosa querendo se resolver em algumas estrela que “flicam” na sua
visão. Na verdade, no campo apresentado
estarão ainda mais DSO´s. Mas estes terão caráter estelar e serão bem
discretos. Com o dever de casa bem feito você vai perceber que algo além se
passa por ali. Mas o dois Messier roubam a cena. Em Puppis
Na observação
binocular é importante lembrar que muitos abertos serão esfuminhos sem nenhuma
resolução. Mas que evidentemente são mais do que parecem ser...
A seguir outa
dupla que roubou a cena na última Aporema foi Ngc 2451 e 2477. Também na Popa da
antiga constelação de Argos. No mesmo
estilo que os anteriores. Um mais dado e o outro mais discreto. Ngc 2451 parece
até um campo rico em estrelas. Já Ngc 2477 é um esfuminho mais delicado e que
demanda carinho na observação. Mas com uma grande área. É um de meus abertos
favoritos em qualquer equipamento.
Seguindo a Via
láctea e saltando o cão Maior chegamos a Monoceros, o Unicórnio. Aqui um campo riquíssimo.
Tão rico que é conhecido como o Paraiso Pirata tamanha a coleção de tesouros
que vai se apresentar. No Mesmo campo teremos dezenas de DSO´s. todos envoltos em
nebulosidade obvia em céus escuros. M 50 é o mais obvio desses, mas você, com visão
periférica, vai perceber vários outros abertos dignos de nota. IC 2177 pode parecer algo estelar. Mas se percebe
que é um local especial mesmo sem muito esforço. Ngc 2335 é um esfuminho obvio
assim como 2343. Ngc 2327 não aparece. Para nós ele parece ser uma estrela em
um falso aglomerado bem obvio, mas que não é um DSO´s de fato. Mas que parece,
parece.
Seguindo rumo
a Orion temos a espada do caçador. Com M 42 como seu coração ne mesmo campo
ocular podemos ver vários outros DSO´s. Um dos campos mais belo de se observar
de binóculos. Não vou sequer entrar em detalhes já que a região é muito
manjada. Se você está se iniciando passe algumas horas passeando por ali e descobrindo
quem é quem. É fácil, educativo e belíssimo. Aliás a constelação inteira de Orion ´um
programa binocular obrigatório e impagável. Veja mais aqui.
Last but not
Least chegamos a Gêmeos. Aqui um dos mais famosos e maiores abertos de todos. M
35. Mas o mais legal é que geralmente quando se observa M 35 você mesmo com
telescópios vai estar vendo Ngc 2158. Mas ele acaba sendo engolido por M 35. Binóculos
realçam mais sua existência. já que como não o resolvem não o tornam apenas um
anexo ou prolongamento de M 35. Ele será um discreto esfuminho no campo. É interessante
saber que este, muito mais distante, tem o mesmo tamanho real de M 35. Seu diminuto
e discreto aspecto é fruto da distância. Ele fica a mais do dobro da distância
de nós.
Existem diversos
outros campos binoculares onde você consegue achar diversos DSO´s simultaneamente.
Observar de binóculos
é uma imensa diversão. E você consegue fazer um “body count” enorme. Já
completei a Maratona Lacaille diversas vezes com meu 15X70 mm. De telescópio somente
uma... A navegação binocular é mais fácil e mais confortável. Se você conhece
bem o firmamento dispensa (na maioria dos alvos) até mesmo um mapa.
Ainda que não idênticas, as áreas cobertas com a 300 mm que foi utilizada nas fotos aqui apresentadas
são muito semelhantes as áreas abrangidas pelo meu 15X70 mm. Acho que assim e
em conjunto com os mapas o Stellarium (que simulam o 15X70 mm) servirão como um
excelente guia para quem quiser realizar o passeio acima descrito. Com o 10X50
não muda tanto. Os campos ficam maiores e os DSO´s menores mais vai estar tudo
lá. Especialmente se você, que leu o texto e fez o dever de casa souber onde
olhar.
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