Galáxias
Seyfert são assim chamadas por terem suas características mais intrínsecas definidas
por Carl Seyfert, que em 1934 percebeu que suas regiões centrais possuem um
espectro peculiar e fortíssimas linhas de emissão. Enquanto espirais “ normais”
possuem seu espectro composto pela luz de suas estrelas e este possuirá
detalhes diretamente relacionados a composição de sua população estelar em determinada
região da galáxia. As ditas galáxias normais possuirão o espectro de suas regiões
centrais semelhantes aos das estrelas antigas (população II) das quais são
feitas... Já algumas galáxias que passam por surtos de formação estelar em seus
núcleos terão o espectro de suas regiões centrais marcado pelas linhas de
emissão comuns a Estrelas jovens do tipo O e B. São as chamadas galáxias “Starburst”.
Galáxias
Seyfert apresentam grandes quantidades de gás em seus núcleos não associados a
estrelas do tipo O e B. Seu núcleo são chamados de Núcleos Galácticos Ativos (Em
Inglês se utiliza o acrônimo AGN. De “Active
Galactic Nuclei”). Embora as galáxias Seyfert sejam o tipo mais comum de AGN´s existem
outros tipos. Os mais famosos são os quasares e as radio-galáxias. A
nomenclatura de certas galáxias pode ser um pouco sinuosa e esta ser uma galáxia
Seyfert e também uma rádio galáxia. O
lugar comum em todas estas AGN´s é que o espectro suas brilhantes regiões centrais
não é associado à luz de origem estelar...
Seyfert
criou uma lista onde reuniu 12 galáxias que apresentavam características linhas
de emissão em seus núcleos. Em um trabalho seminal lançado em 1943 ele
demonstra que estas possuem núcleo com linhas de emissão peculiares em seus
espectros que se sobrepunha as linhas de absorção típicas de características
estelares. E nestas as linhas de emissão eram muito mais amplas que em galáxias
“ normais”. E não só isto. Suas regiões centrais são extremamente brilhantes e
de aparência estelar ou quase estelar.
“As
12 Seyfert´s Originais” são: M 77, Ngc
1068, Ngc 1275, Ngc 2782, Ngc3077, Ngc 3227, Ngc 3516, Ngc 4151, M 106, Ngc
5548, Ngc 6814 e Ngc 7469.
M
77 é a galáxia Seyfert mais estudada de todas e a que possui a mais longa e
bela história. E como observar todo Catalogo Messier é uma daquelas questões de
honra para a maioria dos astrônomos amadores não poderia deixar de ser
perseguida no Nuncius Australis. Não bastasse isto sua posição na constelação de
Cetus a torna um alvo acessível para os habitantes do Tropico de Capricórnio.
Continuando
a rasgação de seda: ela é o mais perto que pode-se chegar de um quasar. Estes são
objetos muito mais distantes e de “outros tempos”. Mas como ambos são AGN´s
existe uma corrente que prega tratarem-se da mesma coisa embora em ângulos de
visada e escalas diferentes. Na verdade,
há hoje um certo consenso que quasares, Galáxias Seyfert, Objetos BL Lacertae,
Radio Galáxias e Cia Ltda. são resultado de um mesmo fenômeno físico. Buracos
negros muitos maciços interagindo com a matéria em núcleos galácticos.
Como
já falei acima Galáxias Seyfert possuem núcleos muito brilhantes. Isto as torna
simpáticas a causa de astrônomos amadores que possuem equipamentos modestos e
lutam contra poluição luminosa.
M
77 é facilmente localizada a 1o de Delta Ceti (4a mag.) e
colada a uma estrela de 10a magnitude. Desta forma parecendo uma
estrela dupla. Com 50X de aumento percebe-se imediatamente que M 77 não é uma
estrela. Embora não perceba detalhes de seus braços noto imediatamente uma
barra cruzando o brilhante núcleo. Devido a presença de nuvens fiz poucas
exposições da mesma e as fotos que acompanham este post dão um excelente
exemplo do que você irá perceber com sua vista. O melhor resultado que obtida
foi com minha 17 mm. Mas creio que com mias aumento ela seja ainda melhor.
Infelizmente minha ocular 10 mm não é de uma qualidade tão boa quanto a 17...Como
falei ela se assemelha muito a uma espiral barrada embora em fotos com exposições
mais longas e elaboradas das aqui apresentadas a galáxia apresenta uma
estrutura quase “gran design” embora com os braços bem fechados. Já a observei com meu binóculo 15X70. O núcleo
é evidente e a estrela “parceira” a denuncia. Percebe-se leve nebulosidade a
redor do núcleo. Tenho certeza que com
mais tempo de captura e um local escuro fotografias irão revelar muitos
detalhes nesta. Estando quase de frente para nós (Face -on) seus braços
apresentam baixo brilho de superfície e são alvos interessantes em locais de
pouca poluição luminosa. Em condições suburbanas claras (Bortle 6 ou 7) o núcleo
e a barra central são os únicos que detalhes percebo. Mesmo com visão
periférica. Talvez com um pouco mais de esforço e em noite de excelente
transparência consiga espremer mais sutilezas ...
M
77 foi descoberta por Pierre Mechain, o maior parceiro de Messier, na noite de
28 de outubro de 1780.:
“
Observada em 17 de dezembro de 1780 – Aglomerado de tênues estrelas o qual
contém nebulosidade, em Cetus, e no mesmo paralelo que a estrela d Ceti.
Esta foi reportada como de 3a magnitude s a qual M. Messier estimou
como de apenas 5a M. Messier
viu este aglomerado em 29 de outubro de 1780 como uma nébula”.
Diversos
autores perceberam alguns nós entre a nebulosidade e como era habito entre os
observadores “clássicos” estes imediatamente “resolviam” estrelas.
Smyth
em seu “Cycles of Celestial Objects” e/ou “The Bedford Catalog” nos conta:
“
Uma nebulosa estelar arredondada, próxima a delta mandíbula inferior da baleia...
Primeiramente observada por Messier em 1780 como uma massa de estrelas (a mass
de etoiles) contendo nebulosidade. É pequena, brilhante e exatamente em linha
com três pequenas estrelas, uma precedendo e duas seguindo, e a qual a maior e
mais próxima é uma de 9a magnitude para sf (South following, SE)
existem outras diminutas companheiras no campo que é diferenciado de Gama Ceti
Este
objeto é maravilhosamente distante e insulado, com presumível evidencia de
densidade intrínseca em sua agregação, e demonstrando a existência de uma força
central, residindo ou em um corpo no centro de gravidade de todo o
sistema. Sir William Herschel observou
este objeto repetidas vezes e conclui: através observações com o telescópio grande,
de 10 pés, com um poder de ampliação de 72,82 vezes, nós podemos concluir que a
profundidade de sua parte próxima é pelo menos de 910a ordem. Isto
910 vezes mais distante que as estrelas de 1a magnitude”.
Podemos
perceber como evoluiu o entendimento das estrelas e de como cresceu nosso
universo pouco mais de 200 anos... Herschel foi o maior astrônomo do início do
século XIX e acreditava que o brilho das estrelas dependia exclusivamente de
sua distância. Mas a presença de um corpo muito maciço no coração de M 77 parece um ato de clarevidência de Smyth...
Esta é do Hubble Space Telescope.... |
As
distancias no universo são sempre alvo de discussão. O valor de 60 milhões de anos
luz para M 77 na página de Hartmutt Frommert. Em se tratando de Messier é
sempre uma fonte a ser levada em consideração. Isto a colocaria a uma distância
semelhante ao aglomerado de Coma Virgo, mas em outra direção. Outras fontes invocam 47 milhões de anos luz.
E outras ainda vão além de Coma Virgo o que faria de M77 o objeto mais distante
do Catalogo Messier. M 77 foi o segundo
objeto (o primeiro foi M 104) a ter um grande desvio para o vermelho medido
(1914) e ela se afasta de nós a 1100km/seg.
M 77 possui seu próprio grupo . Mas a maioria de sua damas de companhia é bem tímida.
M
77 foi ainda uma das 14 primeiras nebulosas espirais descobertas e descritas
por Lord Rosse com seu histórico telescópio conhecido como o “Leviatã de
Parsonstown”.
Uma
das mais acessíveis e cheia de histórias entre as Galáxias Seyfert para
amadores e em excelente posição para observação neste final de primavera logo
no início de noite.