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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Ngc 104 ou Tuc 47- O Globular "Blonde"



Quando trabalho com velhos fotógrafos ingleses é um pedido recorrente em suas listas de equipamento uma espécie de refletor que se não em extinção eu diria pelo menos fora de moda. Eles sempre pedem uma meia dúzia de “Blondes”. São refletores redondos e sem lente com uma lâmpada de 2000 w de tungstênio. Seu nome vem da cor amarelada da luz que emitem. Uma luz dura e “quente”. Quente no sentido poético já que sua temperatura de cor deve estar apenas pela casa de 4200 Kelvins ou menos dependendo da idade da mesma. Algumas lampadas, assim como estrelas ,ficam mais vermelhas e frias  com a idade... No Brasil são chamados de “2000 abertos”.

Ngc 104 ou Tuc 47 é o segundo maior globular e o segundo mais brilhante na Via-lactea.  Ele só é ofuscado pelo gigante Omega Centauro (Ngc 5139).

Ngc 104 apresenta (pelo menos para mim), apesar de dominados pelas gigantes vermelhas típicas de um aglomerado com mais de 13 bilhões de anos,  um evidente tom amarelado. Como a luz  que caracteriza os “blondes.
Como revela seu nome (Tuc 47) ele foi registrado como uma estrela.  A estrela 47 da constelação austral de Tucana. Mas ao contrario do que possa parecer seu numero não é original do tradicional catalogo de estrelas organizado pelo astrônomo inglês John Flamsteed e publicado ainda no século XVII em seu livro póstumo “Historia Coelestis Brittanica”. Ele é originário do catalogo "Allgemeine Beschreibung und Nachweisung der Gestirne nebst Verzeichniss" elaborado por Johann Elert Bode e compilado em 1801.
 Bode foi um astrônomo alemão e carrega entre seus não poucos louros a reformulação da hoje conhecida Lei de Titius- Bode, a determinação da orbita (e o nome que colou...) de Urano, a descoberta da galáxia M81 (a galáxia de Bode) e mais algumas homenagens astronômicas. Não esquecendo seu lindíssimo atlas também de 1801 “Uranographia”.   
De volta a Ngc 104. Sua real natureza de DSO foi revelada pelo favorito aqui da redação do Nuncius Australis, O Abade Nicolas Louis de Lacaille. O Abbe Lacaille.  Em 1751. Mas parece que este fato foi ignorado pelos amigos acima citados.
O globular é a primeira entrada do catalogo de nébulas do hemisfério sul feito pelo Abbe nos anos de 1751/52 durante sua jornada a Cidade do Cabo. Assim sendo Lac I. 1 . Isto implica que o Abbe o inclui como uma nebulosa sem estrelas (a categoria I de seu catalogo). Sua descrição é bastante modesta: “Recorda o núcleo de um pequeno cometa.”.
Posteriormente foi registrado e catalogado por James Dunlop em 1826 e por John Herschel em 1834. Recebe também as designações Dunlop 18 e Bennet 2. 
Sir Patrick Moore o inclui em sua lista observacional conhecida como o "Catalogo Caldwell". É a entrada de numero 106.
O globular esta situado entre 13.400 e 16.700 anos luz da terra dependendo da fonte consultada. Encontrei também o valor de 15.000 anos luz em uma terceira fonte...
Todas elas concordam que suas estrelas se espalham por uma área de 120 anos-luz.
Tuc 47 é um globular muito estudado e pesquisas  intensas realizadas pelo Hubble Space Telescope revelam a ausência de planetas pelo menos nas estrelas junto a seu denso núcleo. A baixa metalicidade das mesmas é considerada como maior responsável por isto. Mais mesmo que a sua grande densidade.
Em seu núcleo existe ainda um grande numero de estrelas exóticas e de grande interesse cosmológico.
Foram detectadas pelo menos 21 “Blue Stragglers” junto a este. Blue Stragglers são estrelas na sequencia principal que se apresentam mais azuis e mais luminosas que deveriam em comparação aos outros membros do mesmo aglomerado. Se quiser saber mais clique aqui...
São comuns também fontes de raios-X (mais de uma centena).
Como foi dito apresenta diversas maravilhas do zoológico cósmico e assim se apresentam estrelas de nêutron, pulsares na casa dos milissegundos, variáveis cataclísmicas e etc... Não há indicio de buraco negro junto a seu núcleo. 
Possui milhões de estrelas. Comparável a uma galaxia anã.
Ahh! E ele se aproxima de nós a 19 Km/s.  
Localizar Tuc 47 é uma tarefa bastante simples e o mesmo é facilmente percebido a olho nu exceto nas piores condições de poluição luminosa que se possa imaginar (Mag. 4,0). Eu o percebo mesmo no Rio de Janeiro. Em local um pouco mais escuro se percebe claramente sua natureza “esfumaçada”.  
Em geral localizo Achernar e abaixo ( sul) no horizonte Beta Hyidra (Mag. 2,8).  Da segunda é fácil acha-lo pela buscadora. Ela esta menos de um campo de buscadora  a Leste do aglomerado.
É um alvo fácil para binóculos de qualquer tamanho e com meu 15X70 chego a perceber alguma granulosidade na imagem.
Resolvem-se muitas estrelas em seu “em torno” no meu refletor 150 mm com 120X. Com 240X ele enche o campo da ocular.
É um globular bem denso (classe III) e assim é difícil resolver seu núcleo mesmo em grandes telescópios amadores.

Venho organizando minhas fotos astronômicas e localizei alguns registros do mesmo. Acima apresento um feito com diversas fotos de 15 e 30 segundos e empilhadas no Rot and Stack. E abaixo apresento outro registro feito também com fotos de 15 e 30 segundos (são  as mesmas  fotos...) e utilizando Black frames e processado no Deep Sky Stacker.  Ambos realizados no Rio de Janeiro. 


 Apresento ainda mais algumas de pedigree desconhecido e que estavam pelo HD. Todas fotos realizadas com uma Canon 350D




Mais em umas e menos em outras percebo a luz amarelada de um  velho  “Blonde” em todas...

P.S.  Novas fotos já com a Canon T3. Curiosamente a foto como menos frames empilhados é a que mais gosto. E a Luz de um "Blonde" continua presente....


2 light Frames + 2 Blacks 20 Seg. DSS




9 Frames

11 Frames




         Na verdade o que acontece ( acredito eu...) é que conforme se abaixa o valor do valor Limite nas configurações avançadas do Deep Sky Stacker mais fotos são aceitas. E  qualidade é melhor que quantidade. Com um Limite de 15 % o DSS só aceitou empilhar as duas melhores fotos. Já com o Limite em apenas 3% ele empilhou as 11. Mas não houve uma melhora na razão Sinal Ruido. E é por isto que empilhamos fotos....  Embora as diferenças sejam sutis eu achei que com dois frames foi aonde a razão foi melhorada. Além e que as estrelas de campo estão mais pontuais.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Uma Noite Nada Escura , Dois Binóculos e uma Galáxia


           

            Estou em espera. Um péssimo sentimento.
Encomendei um binóculo novo. Trata-se de um Celestron 15X70. Algo que seria chamado de um binóculo gigante. 
Sempre achei interessante observar com binóculos. Certos DSO´S foram feitos sob medida para eles. Logo de cara me ocorrem as Plêiades , Mel 111  ( o aglomerado da Cabeleira), IC 2602 ( As Plêiades do Sul), as Hyades, M 44 .
Como já falei esperar é um sentimento cruel. Me lembra uma criança na  véspera do Natal , da Páscoa , do Dia das Crianças . Trabalho de parto também me parece  um outro paralelo possivel .
Mas  é sentindo-me assim que  lembro de que a lua é quase nova e que já fazia tempos que não observava nada. E ha  mais tempo ainda que não tentava uma sessão mais séria e dedicada com meus binos. 
Mesmo com a Lua muito jovem as condições são bem extremas. Eu considero assim um  céu apresentando, na escala  Bortle,  notas entre  8 e 9  ( algo entre 3.45 e 4ª mag. a olho nu).
Depois de apagar todas as luzes que posso aguardo um pouco e com os olhos já mais aclimatados faço um rápido tour pelo horizonte sul do Rio de Janeiro. Achernar é a estrela mais evidente. Ainda bem baixa no horizonte Canopus não me inspira tanto. As discretas estrelas de Hydra se apresentam de forma muito tímida. A estrela mais tênue que percebo com certeza (e com visão periférica) é Beta Dorado. Com uma magnitude visual de 3.75 fica bem claro que a caça de DSO´s será feita em braile...
Mas a contrario da crença popular é possível “cavar bem fundo”.
Com a cabeça no novo binóculo eu pego dois de meus antigos da prateleira. Meu Vanguard “gringo” 10X 50. E minha “peça de antiquário”. Um Zenith 20X50.
Com um rápida consulta aoStellarium eu resolvo o que caçar. Quando observando longe de condições ideais é importante planejar bem sua derrota a fim de valorizar seu tempo. E no meu caso a janela que possuo para observar. E Janela , no caso , é mais que uma figura de linguagem. 
Como já possuo uma ideia do que me espera acho melhor começar a navegação de algo bem brilhante.   Meu primeiro farol será Achernar.
Binóculos são um desafio diferente. Com alguma experiência você vai sempre ter seu DSO ( Deep Sky Objects) dentro do campo. Se você vai ver é outra história. Novamente a experiência vai ajudar muito. Algo que é muito comum quando se observa com binóculos é confundir DSO pequenos com estrelas. E assim acabar não vendo um objeto que na verdade você viu. As pequenas magnificações binoculares podem enganar.
Usando o Stellarium existe uma ferramenta que vai permitir calcular a distancia angular da estrela original até onde você deve ir. Sabendo o campo de visada de seu binóculo é um chute relativamente simples se você tiver algum senso de orientação espacial. Como o programa não é uma representação perfeita do céu recomenda-se bom senso e algum sentimento. Observar o céu é legal porque mesmo sendo uma ciência  ainda assim  permite algo próximo a que se chama de" chute"... Ou você pode “setting circles”. Com uma cabeça equatorial que nem a minha (EQ 3-2) eu te desejo sorte. Nunca adaptei meu binos a nenhuma cabeça equatorial...A palavra que me vem em mente é torcicolo.

O campo do Vanguard cobre uma área de 7º graus. E assim parto em busca de meus primeiros ataques. Tuc 47 e Ngc 362.
O método é simples. Eu faço uma rápida avaliação no Stellarium, meço as distancias e saindo de Achernar pulo dois campos oculares para baixo e 1,5 campos para direita.
Eu sei que não é assim que se fala. Então vamos fazer direito. Desloque o binóculo dois campos para o sul e depois 1,5 para oeste.    
No caminho terei passado por Alpha Hydrus e Beta Hydrus.  Tuc 47 é sempre obvio. E no mesmo campo esta 362. Um pouco de atenção e lá estão os dois. É interessante ver dois globulares no mesmo campo e cada um apresentar aspectos  tão distintos. A comparação irmão maior e irmão menor seria de uma falta de imaginação tremenda. E uma injustiça.

Tuc 47 é o segundo maior aglomerado do céu. Mesmo visto com pequenas magnificações ele possui um tamanho considerável. O maior problema da poluição luminosa é diminuir o contraste entre o DSO observado e o céu no fundo. Mas utilizando-se de visão periférica o aglomerado se apresenta com mais de 20´ de arco.
Já Ngc 362 é percebido, com periférica, como pouco mais que uma estrela.  Com olhar atento percebo um leve esfumaçamento em suas bordas. Ele foi descoberto por uma figura recorrente neste post . Dunlop. James Dunlop.
Com o Zenith eles se tornam um pouco mais óbvios. Mas a imagem escurece muito e o pouco eye relief dele me irrita um pouco.
Como foi tudo bem resolvo tentar a sorte com outro brilhante globular. Ngc 6752. Com uma magnitude aparente de 5.4 eu acredito que ele será facilmente percebido.
Doce ilusão.
Voltado para o horizonte sudoeste e disputando o céu com as luzes do Vidigal ele consegue mostrar sua cara. Mas é apenas uma modesta aparição.
Ngc 6752 é, possivelmente, o DSO mais injustiçado de todo o firmamento.  Ele é o terceiro aglomerado mais brilhante do céu e cobre uma área de mais de 20´. Localizado em Pavo é um objeto bastante evidente e mesmo assim pouquíssimo comentado. Ele supera em muito M 13 e mesmo M 22. Fosse ele um pouco mais ao norte e seria cantado em prosa e verso.  Mas por um mistério para mim insondável ele só foi “descoberto” por Dunlop (olha ele aí de novo...) já no século XIX. Mais precisamente em 1826
É facilmente localizado se partindo de Alpha Pavo.
Novamente prefiro o Vanguard sobre o Zenith. È inegável a melhor ótica do Chinês...
A descrição de Steve Gotlieb através de um telescópio de 18 polegadas:
“... a 128 X este globular visível a olho nu (?) parece resolvido integralmente com incontáveis estrelas densamente agrupadas em uma grande região. Correntes no halo se estendem fazem da área superior a 20´. A região central é extremamente comprimida em um núcleo muito brilhante. Há um forte efeito tridimensional na região do núcleo... Este foi um de meus objetos favoritos da visita à Austrália.”
Agora já mais tarde e com o meus olhos bem adaptados tento fazer uma inspeção pela GNM. Mas sem nenhum sucesso. Nem mesmo a Tarântula  (Ngc 2070) eu consigo perceber. Ainda muito baixa no horizonte os efeitos do oceano e da poluição luminosa se combinam e tornam os objetos na Grande Nuvem impossíveis para os modestos 50 mm de meus binóculos.
Mas é evidente que a noite já vai mais escura. Já passou de 00h00min. E percebo que fazendo alguns malabarismos na janela eu posso tentar algo que é, em tese, uma perda de tempo.
Nasci sem medo de altura e graças a esta insensatez me debruço sobre a tela de proteção de meu apartamento (15º andar) e com o corpo todo para fora atinjo uma posição que me permite avistar Ankaa. Alpha Phoenix.  E consequentemente o Aglomerado de galáxias de Sculptor.
Galáxias são talvez os DSO´s que mais sofrem com a poluição luminosa. Talvez sejam nebulosas de reflexão. Mas não importa. A ideia parece ser errada. Mas como que não arrisca não petisca...
 O meu Plano é bem simples. De Achernar a Ankaa e depois um pouco além. Ngc 55.
E ela aparece claramente. Refaço o percurso diversas vezes e a pequena “estrela” enevoada se apresenta no mesmo local com consistência.  Três estrelas entre 6 e 7 magnitudes que apontam para a galáxia garantem a observação. São Elas Tyc 7524-793-1, Tyc 7524-756-1 (a mais brilhante das três) e Tyc 7524-qualquer coisa-1. São também conhecidas pelos singelos nomes de HIP 2001, HIP 1795 (a mais brilhante) e HIP 1667.

Com bastante concentração, uso de visão periférica e uma paciência de Jó a bela galáxia revela alguma coisa. Consigo perceber um esfumaçamento leve ao redor do seu núcleo estelar. Especialmente ao norte deste, em fotos fica bem obvia a razão disto... Ao sul percebe-se algo mais tênue. O efeito final recorda uma nebulosa planetária bipolar. É claro que se trata de um golpe.  Ngc 55 é uma bela galáxia irregular barrada... Burnham a compara a uma versão reduzida da Pequena Nuvem de Magalhães.

Tradicionalmente associada ao grupo de galáxias de Sculptor Ngc 55 é uma das galáxias mais próximas que não fazem parte do chamado Grupo Local.
É outra descoberta de Dunlop em 1826.
Apresenta uma magnitude de 8.00 e cobre uma área de 32´. Isto representa um brilho de superfície de 13.7.
O seu brilho de superfície é que a torna um desafio para os astrônomos urbanos.
Mas como pude descobrir e ao contrario do senso comum é possível observar-se galáxias em uma are de forte poluição luminosa e com o uso de binóculos 10X50.
5 graus 
O Zenith 20X50 não resolveu. Talvez também por ser mais difícil de conviver com um campo de apenas 3º sem o uso de tripé. O Zenith possui ainda um  eye relief muito pequeno é é necessario trabalhar com a ocular muito próxima a seus olhos . Isto além de incomodo leva a um acumulo de gordura e também a muita condensação. O Zenith é um binoculo mais adequado ao uso diurno.  
Depois de tudo só restava aproveitar a felicidade de ter localizado Ngc 55 e praticado algo tão comum em ciencias. Ir contra o senso comum é , muitas vezes , como ela avança. E assim aprender uma coisa nova. É possivel avistar galaxias , com binoculos, na cidade grande e por uma janela...
Abri um um Chardonnay californiano e bebi em homenagem a Dunlop. 

sábado, 24 de dezembro de 2011

Poluição Luminosa no Natal e NGC 104


NGC 104

Quando mais novo ouvi sempre que a observação do céu só seria possível em locais de céu muito escuro e que do Rio de janeiro isto seria impossível.

Não é verdade.

Mesmo que não seja o ideal a observação em áreas urbanas é muito compensadora . Até porque o desafio se torna maior. A navegação é muito mais difícil e localizar DSO´S sem estrelas para lhe guiar o caminho pode ser bastante duro. Você deve estar preparado para isto . Caso contrario poderá terminar frustrado.

Cabe a você ser realista. Não espere avistar nebulosas tênues , nem galaxias de baixíssimo brilho de superfície. Na verdade em se tratando de galaxias é melhor tentar um local um pouco mais escuro. M 33 é um sonho impossível para o astrônomo urbano.

Mas mesmo assim existem centenas , quiçá milhares de DSO´S ao alcance do astrônomo urbano. Talvez não em todo seu esplendor mas ainda assim se apresentando com dignidade.

Ontem a noite eu me lembrei disso.

Pretendia o observar NGC 104 . Ou Tuc 47. São o mesmo objeto. Trata-se do segundo aglomerado globular mais brilhante do céu. Só perdendo para o gigantesco Omega Centauro.

Partí de Achernar ( Alpha Eridanus) e com grande esforço localizei Beta Hidra. Uma discreta estrela no horizonte sul carioca. A partir daí é uma rápida caçada através de minha buscadora 9x50. Caminhando lentamente para norte e oeste  o Aglomerado revela sua origem como uma pequena estrela esfumaçada pelo "finder". Vai ser uma das "estrelas" mais brilhantes desta região.  Com ela centralizada faço uma rápida inspeção usando uma 17 mm. É o aglomerado mesmo . Nem foi tão difícil de achar. Em céus mais camaradas ele é percebido facilmente a olho nu. Tem inclusive um numero Flamsteed. Que nem uma estrela...

Na verdade sempre que visito Ngc 104 centralizo Achernar na minha "red dot finder" e chuto uma posição aproximada. Em geral com a buscadora ótica eu localizo facilmente por ele na região.

Agora voltamos a poluição luminosa.

Este período natalino sofre ainda mais com a poluição luminosa. São diversos ornamento pendurados pelas janelas dos prédios a minha frente. Pequenas luzes de neon , led´s e etc.... E culminando o desperdício de energia vários  faróis de xênon  , como em uma bateria anti-aérea passeiam pelos horizontes da cidade.dois deles em especial pelo horizonte sul. Iluminando nada.São uma praga que ataca a arvore de natal que habita a Lagoa Rodrigo de Freitas durante o fim de ano.

Como apregoado na campanha Needless, a qual o Nuncius Australis   apresenta já a alguns anos, a iluminação urbana é necessária . Mas deve iluminar o chão e não o céu...

Ainda assim insisto e me preparo para fotografar mais um objeto do catalogo Lacaille.

Primeiro uma lição de astro foto. Use sempre uma estrela mais brilhante para focar. Recentemente li uma matéria dizendo que deveria fazer o foco me utilizando da estrela mais tênue que conseguisse perceber pelo viewfinder da camera de preferência aquelas que eu só percebe-se no momento em que se realiza o foco. Não é uma boa idéia. Fiz varias exposições fora de foco utilizando as fracas estrelas que percebia no campo de Ngc 104.

Assim voltei a Alpha Hyidra e fiz um foco decente. Algumas exposições para confirmar e finalmente voltei a meu tão suado Globular.

Realizei varias exposições de diversas durações. Apresento aqui alguns resultados obtidos.  O DSS apanhou para empilhar isto aí. O registro é muito próximo do que você vai ver na sua ocular.  Bem, talvez um pouco melhor...

Na ocular ou quase... 

Zoom e Crop no PhotoShop

O belo aglomerado consegue sobreviver a poluição Luminosa severa que se apresenta  durante o fim de ano.  Como já tinha percebido em outra observação o aglomerado não é perfeitamente circular. E apresenta uma coloração amarelada. Não possua olhos muito sensiveis a cores em globulares . Outra pessoas percebem um desvio para o vermelho. cada um com seu cada um....

 No fim de ano a poluição luminosa é realmente muito maior do que em outros periodos. O natal é sempre um periodo de fartura e desperdicio. Contraditório.
Não deveria...

RnS  Canon T3
P.S. Em período não natalino e anos depois fiz algumas novas fotos de Tuc 47. Desta vez o DSS aceitou quase todos os Frames . E no meio do bolo  temos também fotos empilhadas no Rot n´Stack. As quatro ultimas fotos foram realizadas com uma Canon T3. As antigas são do tempo da falecida 350D,

DSS Canon 3T

DSS Canon 3T

DSS Canon 3T


terça-feira, 30 de agosto de 2011

Caçando Cometas- Log de 29 de agosto de 2011

Lua nova. Ainda bem jovem. Dia 29 de Agosto de 2011.

Parto rumo ao posto avançado em Buzios. É segunda feira e saio às 15h30min do Rio. As 17h40min chego a Padaria próxima da casa.

Quando observando é importante manter uma alimentação bem equilibrada para resistir a frio e as longas horas em posições improváveis junto ao telescópio. Compro dois pacotes de Doritos e um molho de Cheddar para cobertura. 150 gramas de mussarela e outras tantas de Mortadela. Dois miojos. Uma lata de energético e uma garrafa de mate.

Tudo bem balanceado.

18h30min estou afinando a minha buscadora. Continuo sem bateria na minha “red dot”. Muito preguiçoso. Agora vou ter mais trabalho para iniciar as buscas.

Lyra
 Vega é a estrela mais brilhante a esquerda do centro

Com Vega  na buscadora começo a buscar (perdão...) com a ocular de 25 mm. Com um pouco de sorte esta bela estrela não demora muito a aparecer e depois de centralizá-la eu afino melhor a buscadora. Depois repito o processo com a 10 mm. Não levo as coisas até as ultimas conseqüências e deixo a 4 mm no case.

Ainda sem uma boa visão noturna escolho algo fácil com o que começar e dou um pulo até M13. O grande aglomerado em Hercules. Cantado em prosa e verso. Foi descoberto por Edmond Halley em 1714. Halley anotou que este “.. mostra-se ao olho nu quando o céu encontra-se sereno e a noite sem Lua.”

Messier o inclui em seu catalogo em 1 de junho de 1764.

Apesar de tanta prosa e tanto verso M13 se apresenta sem muito caráter esta noite.

Com todas as combinações de oculares.

Na verdade eu acho que M 13 deixa um pouco a desejar. Talvez mais ao norte. Mas acho que diversos aglomerados o superam em muito. Isto sem falar em Omega Centauro e Tucana 47 (Ngc 107). M22 me encanta mais e Ngc 6752 em Pavo se destaca muito mais. Confesso que esta noite ele se encontrava especialmente sem resolução. Era cedo e meu olho ainda não estava completamente aclimatado. Mas fica aqui meu registro. No começo de 2012 vou para o hemisfério norte. Terei de tirar isto a limpo. Infelizmente ao amanhecer...

Uma curiosidade: M13 foi selecionado como alvo para uma das primeiras radio mensagens mandada para possíveis Alienígenas. Se alguém lá estiver esperando faltam apenas cerca de 24.963 anos para ela chegar. A mensagem foi enviada pelo radio telescópio do Observatório de Arecibo.

Agora já mais aclimatado vou à busca de um dos objetivos planejados.

M 57. A nebulosa do Anel. Localizada entre Shelyak (Beta Lyra) e Sulafat (Gama Lyra) não é exatamente difícil de achar. Diferenciar quem é quem no campo da buscadora já é outros quinhentos. Mas não chega a demorar.


Nos momentos de bom seeing percebo o anel claramente. Nem sinal de estrela central. Com a 10 mm chego a perceber alguma estrutura no anel. O vento não esta ajudando, mas nos instantes de calmaria a nebulosa se resolva claramente. Com a 10 mm (120 X).

Agora chegou à hora. A razão desta rápida fuga até Buzios. Como a previsão do tempo não era boa durante o fim de semana aguardei o momento certo. Segundo o Accuweather a noite de segunda feira é perfeita para o ataque. Exatamente em uma janela de bom tempo. A noite de terça-feira já corre o risco de estar comprometida e é prevista chuva para quarta. Mas pode ser ainda a ultima chance de se visitar o Cometa Garrard nessa lua nova.

O cometa se encontra perto de Sagitta (a flecha).



Cometa Garrard



E não foi nada fácil...,

Sagitta é uma constelação sem vergonha. Um monte de estrelas fracas e que se recusavam a permanecer visíveis com visão direta. Com o alvo bem no meridiano começa a busca. Porém chego a meu objetivo de uma forma bastante sinuosa.

Mas muito interessante...

Albireo. A rainha das estrelas duplas. Partindo deste nobre porto vou rapidamente até o aglomerado de Brocchi. Este conhecido como o cabide e já é um destino em si. Catalogado como Cr 399 é um lindo asterismo. Não se trata de um aglomerado verdadeiro sendo apenas um alinhamento casual de estrelas. Mas engana muito bem. É um alvo ideal para binóculos. Ele se apresenta melhor na buscadora, sendo muito grande até mesmo para a 25 mm. Cobre mais de 1º. O Cdc diz que é facilmente percebido a olho nu. Eu não vejo nada... Mas a partir de Albireo fica um campo de buscadora acima.

A partir de Cr 399 e navegando pela buscadora consigo localizar Sagitta. Mais precisamente o triangulo formado por Alfa, Beta e Delta Sagitta. Esta ultima faz par com Zeta Sagitta.

Entre Zeta Sagitta e Cr 399 esta 9 de Vulpecula. Uma estrela de 5ª mag. que se destaca no campo de estrelas bem fracas. Entre ela e Zeta Sagitta eu achei o cometa. Não foi uma navegação fácil e passei cerca de uma hora nestas buscas... Usei a 10 mm durante as buscas por distração. Seria mais fácil com uma ocular com maior campo. O cometa em si esta bem brilhante. Tinha lido uma observação sobre o mesmo e o autor o comparava com M1.

Achei mais brilhante.

Fiquei um bom tempo namorando aquela estrela cabeluda. A Coma não esta grande mais é bastante aparente. Em todas as combinações de oculares (25 mm, 17 mm e 10 mm).

São 21h30min.

De volta a Sagitta percebo linhas negras em uma espécie de aglomerado. Uma área bastante interessante a sul de Delta. Não descobri nada especifico. Ficam aí duas entradas do catalogo Sharpless de nebulosas (84 e 87) como constatei no CdC. Mas acho muito difícil que meu telescópio apresente todo este poder de fogo. Realmente se nota “algo” na região. A transparência hoje parece bastante boa.

A viagem já esta paga.

Parto em busca de algo mais fácil.

Gamma Delphinus. Uma bela dupla. Em uma constelação cheia de história. Pela primeira vez na noite uso a 4 mm. Não que precise para dividir os componentes desta dupla. Mas para testar o seeing. Não é de todo mal. O problema é o vento no telescópio. Nos momentos de calmaria aparecem bem definidas.

Estrelas Duplas são um habito adquirido. Depois que você toma gosto são muito divertidas.

Aproveitando a posição favorável faço uma visita a um dos aglomerados abertos mais sem graça do catalogo Messier. Sua entrada de numero 29 é bastante sem sal.

Bem próxima a Sadr (Gamma Cygnus) é facilmente localizável pela buscadora. Consiste de aproximadamente 20 estrelas de 8ª mag.

É uma descoberta original de Messier e ele a inclui em seu catalogo em 29 de Junho de1764.

A luz de M 29 é obstruída por muita matéria inter estelar e se seu campo e visão fosse mais desimpedido suas estrela chegariam a ser 3 mag. mais claras.



Parto para o horizonte sul.



Em um tiro certeiro achei Ngc 104 quase que por mágica. Achernar, Alpha e Beta Hydra e um chute e ele aparece bem no meio da buscadora.

Como já falei Tuc 47 e Ngc 104 são a mesma pessoa...

O segundo globular mais brilhante da galáxia. Só perdendo para o pai de todos: Omega Centauro. E pulverizando M13.

Começo a resolver estrelas com 120 X. Com 140 resolvo varias estrelas nas bordas. Mesmo com 48x percebe-se certa granulosidade.



Júpiter já vai mais alto no céu.

Meu olho cansou de caçar D.S.O.

São 00h35min

Resolvo partir para um pouco de exploração planetária e fazer algumas experiências com minha nova câmera fotográfica.

Tratarei disto no póximo post.

Depois de me entender com Registax 5....

Bons Céus.