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segunda-feira, 30 de março de 2020

Ngc 6067 Reloaded



                Ngc 6067 foi um alvo que visitei algumas vezes. Inclusive creio que já o apresentei por aqui. Mas o tempo passa e novas descobertas e conhecimentos vão se somando. Bem como a biblioteca cresce. E assim achei que era hora de fazer uma versão reloaded deste belo aglomerado aberto no coração da Nuvem de Norma.  Vão-se 7 anos desde o primeiro post.
Esta passou por 2X drizzle no DSS. Seguiu para o PixInSight e teve um pequeno ajuste de curvas no Photoshop. foi a unica foto no post a pasar no Pix. È um programa bem poderoso e uso com moderação. O acompanhamento deixou um pouco a desejar . Mas o alinhamento polar foi feito de forma estabanada como pode ser visto aqui 

      A primeira coisa que vão reparar é que a capacidade fotográfica aqui no Nuncius Australis aumentou desde o primeiro post. Você  vai poder ver a quantas andavam as coisas aqui ( Algumas fotos abaixo...). Eram tempo de Hipatia (uma montagem equatorial Eq 2-3). A nova captura foi realizada com Mlle. Herschel (uma Heq 5 pro). Uma outra diferença vai ser fundamental. Na primeira visita fotografei 6067 a partir da “Stonehenge dos Pobres” O carinhoso apelido para a janela de meu apartamento no bairro do Leblon no Rio de Janeiro. E desta vez o fiz a partir de Lumiar. Em um ambiente rural.  Uma diferença de 5 pontos na escala Bortle.  Acrescente a isto que na primeira captura foi utilizado o Newton (meu telescópio refletor 150 mm f8). Desta vez estava em campo uma lente Canon 70- 300mm @ f5,6.  Apesar de seu menor poder de ampliação sua qualidade ótica é infinitamente superior.
NGc 6067 -300 mm f 5.6- tempo total de exposição 4,5min -Stacking no DSS e apertada apenas no PhotoShop


                And Last but not least os softwares de processamento que possuo hoje são mais avançados e minha habilidade com os mesmos melhorou bastante com a prática. Nas fotos do primeiro post foram utilizados o já pré-histórico Rot n´ Stack e o Photoshop. A cocktail atual começa no Deep Sky Stacker, segue para o PixInsight e terminamos tudo com uma esfoliação no Photoshop.
Uma foto antiga... Newtoniano 150 mm f8- Rot n` Stack +Photoshop+ noiseware ( Outra reliquia)

                -Ahhh!! E não posso esquecer da ausência da tela de janela que habita na Stonehenge dos Pobres em razão das crianças e do gato. Sendo que na época o pequeno nem era nascido. E assim em uma noite mais animada eu ganhei mais alguns anos de tela na janela de casa. Atualmente a Stonehenge se encontra aposentada.
                Mas vamos ao que importa: Ngc 6067.
            O aglomerado habita uma das “supérfluas constelações” criadas por Lacaille nos anos de 1750, como dito por Ridpath e lembrado por O´Meara nos respectivos Stars and Planets e no Deep Sky Companions: the Southern Gems. Nada poderia ser mais injusto. A Norma (A Régua) pertencem diversos aglomerados abertos deslumbrantes e menos famosos. Certamente Ngc 6067 é o maior injustiçado da coleção.  Facilmente percebido a olho nu (lembrem-se Bortle 3...)  e um belíssimo espetáculo com qualquer auxílio ótico. A escala Bortle é uma escala de poluição Luminosa. Quanto mais baixo o valor mais escuro o céu sobre sua cabeça.
A Região é repleta de Aglomerados abertos...  Esta foto foi levada ao Site da astrometry para identificar todos . É a mesma foto que abre o post; 1 exposição de 30 seg em 70 mm f4.5. Esticada no photoshop. As capturas foram realizadas em RAW ( cr2) e 1600 ISO. As fotos são carregadas em Jpeg para o Blog. 

                Localizada a meros 25´de Kappa Norma o aglomerado vai permitir ver as mais diversas formas no lúdico exercício de se ligar pontos. O aglomerado pequeno é bastante denso e se localiza no braço galáctico interno. No mesmo que habita M 24. Ngc 6067 reside na Nuvem Estelar de Norma. O braço Espiral de Norma contém as mais maciças nuvens moleculares bem como a região  mais luminosa no disco galáctico de infravermelho distante com maciça formação estelar . Essa a aglomeração OB1 de Norma. Apesar de ser cerca de 3000 anos luz superposto a aglomeração em si o aglomerado está no coração visual da aglomeração OB 1 de Norma.
                Sua distância engana. Ngc 6067 é cerca de 20 mais rico que as famosas Plêiades e tem aproximadamente a mesma idade (algo entre 60 e 80 milhões de anos). Não espalhem isso por aí ou os ufólogos vão criar uma nova espécie...
                Ngc 6067 foi “descoberto” por James Dunlop em 8 de maio de 1826. É incrível que Lacaille não o tenha incluído em seu catálogo.  Dunlop descreve o aglomerado: “Um belo e grande aglomerado de pequenas estrelas de magnitudes variadas com aproximadamente 12´de diâmetro. As estrelas são consideravelmente mais congregadas em direção ao centro e este se estende sudoeste para nordeste. “(D 360)
                Posteriormente John Herschel nos fala de “uma estrela chefe no meio de um soberbamente rico e grande aglomerado. No mínimo 20´ de diâmetro, pois mais do que preenche o campo (ocular); não muito comprimido em direção ao centro. Estrelas de 10 a 12a magnitude (h 3619)
                Um estudo dirigido por J. Eggen em 1983 (Cerro Tololo) descobriu duas cefeídas (estrelas que funcionam como velas padrão em função da razão entre o tempo e o brilho delas) e que permitiram concluir com segurança a distância de 5.700 anos luz. Há ainda mais uma cefeída no campo, mas tudo indica pertencer a aglomeração OB1 mais distante.
3 X drizzle no DSS. 

                Ngc 6067 é um dos aglomerados abertos mais charmosos e brilhantes do céu e corre lado a lado com M6 (O Aglomerado da borboleta) e M7 (O Aglomerado de Ptolomeu). Um programa obrigatório e alvo para qualquer equipamento.


              Localizar Ngc 6067 é muito fácil. Localize Kappa Norma ,que será percebida facilmente com uma buscadora mesmo em cidades grandes, e localizou Ngc 6067. 



domingo, 4 de agosto de 2013

Astrofotografia, Obras Publicas e Ngc 6025 e 6067

            
            Depois de céus amazônicos (Bortle 2) o retorno ao meu “canteiro de obras” aqui no Leblon me deixou bastante desgostoso. O péssimo habito de utilizarem luzes apontando para o céu em vez de para a obra continua a todo vapor. Mesmo depois de diversas visitas e de já ter explicado isto para quase todos os mestres de obras do projeto. As obras publicas deveriam ser baseadas no principio da eficiência previsto em lei. Como é habito em nosso país mais uma lei é rasgada.
            No meu negocio sempre se diz que quando se tem que escolher entre o bom, o rápido e o barato só é possível ter duas dessas variáveis. Por exemplo: Se é rápido e barato não pode ser bom...
            No sistema de obras publicas nacionais ocorre algo que supera qualquer lógica. As obras são lentas, caras e ruins... 
            De qualquer forma não posso me render ao poder publico e sua incapacidade. Moro muito próximo a nosso governador e este já parece ter entendido que o recreio acabou e que ele não se elegerá nem mesmo sindico de prédio daqui para frente. E desta forma me sinto realizando um exercício de desobediência civil enquanto planejo uma sessão de fotos de diversos aglomerados abertos que estarão desfilando pela minha janela.  E não corro o risco de tomar uma bala de borracha no meio da cara.
            Com os alarmantes graus de poluição luminosa este projeto não é fácil.  Preparo de véspera um plano de ataque. Com o Stellarium aberto em meu computador (que parece estar em fim de carreira...) eu percebo que partindo de Alfa Centauro, que é uma das poucas estrelas que resiste aos refletores patrocinados pelo meu dinheiro, e torcendo para conseguir perceber Beta Trapézio Australis e utilizando de “reza braba” para perceber alguma coisa no corpo de Norma eu imagino que tenho três aglomerados abertos lindos e bastante claros para vitimar. Seriam eles Ngc 6025, 6087, 6067. Como back up tenho Ngc 5662, bem perto de Alfa Centauro. Acredito nunca ter fotografado nenhum deles.
Área de Navegação
            Finalmente sabadão. A lua quase nova. Parto para meu plano. Começo pela manhã comprando pilhas para o motor drive e movendo moveis pela sala. Com a chegada de um novo rebento prevista para breve a casa se encontra de pernas para o ar e diversos móveis ocupam locais que não deveriam na minha “Stonehenge dos Pobres”.
            Pretendendo começar a observar por volta dos 21h00min h (quando a cara metade e a filha estariam concentradas na novela...).
Esculturas na Catacumba: Nijinski.

            Muito antes disto vou passear com minha filha pelo Parque de Catacumba e ter um maravilhoso steak tartar no Bar Lagoa. De volta  eu chego ao lar. E começo os trabalhos mais cedo.
Novamente o alinhamento polar. Assim faço uma aproximação razoável e me dou por satisfeito. Os aglomerados que tenho em vista são bastante claros. Todos eles entre 5ª e 6ª magnitude. Lembrava-me deles na Amazônia e todos eram evidentes a olho nu naquele paraíso de céu escuro. Aqui em compensação...
           Para testar o alinhamento polar resolvo fazer algumas fotos de uma velha conhecida. Ngc 4755, A caixinha de Joias de John Herschel. Embora uma descoberta de Lacaille o primeiro a associar seu colorido às pedras de uma caixa de joias foi “Herschel, o filho”.
            De novo (como se fosse para eu lembrar...): todos os aglomerados aqui citados são bastante claros e se o alinhamento me permitir algo como 15 segundos de exposição e utilizando 3200 asas terei um registro bastante fidedigno do que se poderá ver pela ocular... Aqui no Nuncius a missão é sempre esta. Nada muito além do que se pode observar visualmente já me deixa bastante satisfeito.
            Claro que as coisas não correm tão bem e depois de mais alguns (muitos...) ajustes me parece possível fazer algumas fotos com um mínimo de dignidade.
RnS  14 exp.X10seg.  6400 asa

          



Caixa de Jóias DSS+ Photoshop 


          Uma das maiores qualidades da Canon T3 sobre a minha antiga350D é que posso utilizar ASA mais alta nas fotografias. E assim acabo com exposições de 10 segundos e ASA 6400. A nova câmera suporta bem o ruído gerado por este abuso.
            Mas não deixarei que a Caixa de Joias roube a cena. Já a fotografei anteriormente e a quem interessar possa clique aqui para um post só dela ( o qual prometo melhorar em breve...)
            A poluição luminosa se encontra em níveis que nunca imaginei. Mas seguindo meu plano e com muita atenção junto à buscadora acabo por localizar Ngc 6025.
            Já tinha tentado fotografa-lo. Mas os resultados foram abaixo da autocrítica. E Assim fico muito feliz por ter obtido um resultado um pouco mais honesto desta vez. Na verdade o fotografei duas vezes. A poluição luminosa esta tão brava por aqui que iniciei todas as navegações (“Star Hooping”) partindo de Alpha Centauro.  Para chegar em 6025 eu calculei que deveria marchar dois campos de buscadora para o Norte e um pouco menos de um campo para leste.  E depois torcer para que o mesmo estivesse por perto. Dificílimo de perceber pela buscadora. E Assim era chutar e olhar pela ocular 25 mm. Balançar um pouco para lá e para cá e depois de uma dezena de tentativas conseguir entrar na vaga. 
RnS 14 exp X 10 seg


          
DSS + PS
  Faço logo a substituição da Ocular pela câmera e realizo 14 fotos rapidamente. Depois me dou por satisfeito e num rápido balançar e num tremendo golpe de sorte e acabo navegando as cegas e muito rapidamente até Ngc 6087. Mas não vai ser desta vez que ele vai ser fotografado. Um descuido, uma trava solta e perco-o. Tento retornar, mas já é tarde demais. Depois tento refazer o caminho a partir de Alpha Triângulo Austrais. Mas o caminho só me leva de volta até 6025 e acabo por fazer mais fotos deste desta vez com a câmera em outra posição em relação ao tubo do telescópio.
            O DSO em questão estava nos meus planos. Já o havia observado anteriormente. Mas se me recordo bem jamais com o “Newton” (um refletor 150 mm). Mesmo com tanta PL ele se mostra mais “completo" que no meu pequeno refrator ou em qualquer de meus binóculos. Ela ocupa uma boa área da ocular 25 mm. É o que eu chamaria de um aberto típico... Nem barro nem tijolo. Bastante brilhante ele é um bom alvo para qualquer instrumento. Em condições de forte poluição luminosa ele é bem discreto na buscadora.
            Ngc 6025 é um aglomerado galáctico bastante estudado. Foi descoberto por Lacaille em seu levantamento dos céus austrais realizado entre 1751 e 1752.  Localizado dentro das fronteiras de Triangulo Australis ela é também conhecida como o Aglomerado de Lambda Circinus. Um mistério a ser respondido pela IAU. Seu membro mais brilhante é a estrela HD143448. Esta uma “ Blue Straggler”. Uma estrela que é mais jovem que a maioria dos membros do aglomerado. O Processo de formação de “Blue Stragglers" ainda é objeto de estudos. A idade estimada do mesmo é de 84 milhões de anos. Sua modulo de distancia é de 9.08_+ 0.006 (psc). Sua Magnitude é de 5.10 e ele se espalha por cerca de 12´ de céu. Entre as joias da coroa austral eu diria trata-se de um pequeno adorno. Talvez um delicado broche.
            Mais informações e diversos papers podem ser encontrados em:

            Mas a noite não acabou.  Retorno pela enésima vê para Alpha Centauro e com esta centralizada na buscadora parto saltitando pela poucas estrelas que resistem aos refletores patrocinados pelo nosso dinheiro espero chegar ao “perdido” Ngc 6087. Conforme o previsto chego perto. Ngc 6067 fica pertinho de Kappa Norma.  É um belo campo estelar e o pequeno aglomerado é bem concentrado. È a estrela da noite. Também creio que é a primeira vez que o observo com o refletor. E certamente a primeira vez que o fotografo.   Kappa [e bem evidente na foto logo abaixo do aglomerado]. Outras estrelas relativamente brilhantes o emolduram e o mesmo apresenta um belo colorido com diversos membros avermelhados.
RnS 18 exp X10 seg. ASA 6400

         
DSS + PS
  
        Ngc 6067 é uma descoberta de James Dunlop. Apesar de seu brilho só foi identificado em 1826.  Brilhando com magnitude 5.6 e ocupando 13´de firmamento ocupa uma vizinhança nobre na Via láctea e seu campo estelar (com Kappa norma envolvida) é uma bela visão com o auxilio de qualquer instrumento ótico. Localizado a 1800 parsecs o aglomerado deve ter meia idade com diversos membros já se afastando da sequencia principal. Entre as joias da coroa eu o consideraria um belo bracelete.
            Mais sobre a peça em:
             Há algum tempo sem fotografar DSO eu me esquecera de alguns truques que são de grande valia. O primeiro é marcar o ponto de foco da câmera  na cremalheira. Para isto uso um pilot.
Marcando o foco...
            E o segundo é travar o espelho da câmera suspenso. Basta para tal utilizar o “Live View” da câmera. Embora você talvez não veja nada no LCD você vai evitar muitas vibrações na câmera e na sua foto
               Depois de lutar contra a absurda poluição luminosa e o desperdício publico eu acabo me dando por muito satisfeito. Fiquei muito impressionado como vai mal a situação por aqui depois de meu passeio amazônico. Todos os aglomerados que suei para localizar por aqui eram evidentes a olho nu na Aldeia Kaunã.
Apesar de tudo e de um alinhamento polar no limite do aceitável a noite acabou rendendo bastante e dois novos aglomerados foram fotografados e uma velha conhecida me deu uma canja. Não levei as fotos para grandes peregrinações durante o pós-processamento. E assim novamente percebo que em se tratando de uma astrofotografia mais “mambembe” o Rot n´Stack não faz feio. Pela primeira vez utilizei um dark frame que eu mesmo obtive nele (em vez do auto gerado). O resultado meu pareceu bem melhor.  O dark frame "auto gerado" tem forte desvio para o verde.
Já o Deep Sky Stacker, embora mais poderoso, demanda mais tempo de computador e maior capricho na captura das fotos. E para extrair dele o máximo são necessários outros programas no HD. Especialmente se pretende obter mais cor e saturação na imagem gerada por este.

Foto do DSS sem nenhum tratamento posterior.

O resultado mais obvio é que as imagens obtidas via RnS são mais semelhantes ao que se observa na ocular. 

Como dizem os montanhistas: “Desistir nunca. Retroceder jamais.”.