Ngc
3496 é um aglomerado padrão para o “Projeto Tudo que Existe”. Neste pretende-se
registrar, seja visualmente seja fotograficamente, todo o Catalogo Ngc ao
alcance de observadores nas proximidades do Trópico de Capricórnio. Não se
espera nenhum tipo de qualidade nos registros e sendo possível diferenciar o
DSO de uma roda de fusca 68 o registro é aceito.
Ngc
3496 foi descoberto por John Herschel. Este, talvez, o único astrônomo que
realizou um completo levantamento de nebulosas em ambos os hemisférios terrestres.
Primeiramente re-observando todo o trabalho realizado por seu pai, William Herschel
juntamente com sua tia Caroline e posteriormente realizando seu grande levantamento
a partir de Cape Town. O trabalho de
John é uma versão 2.0 do que se propõe o “Projeto Tudo que Existe”. Em primeiro
lugar por este ter observado em ambos os hemisférios. Segundo por ele ter
descoberto e não apenas observado quase todas as entradas austrais do catalogo Ngc.
E terceiro porque ele, de fato o fez...
Agnes
Clerk foi uma das maiores historiadoras da astronomia e em seu legado nos
deixou um livro que quase todo apaixonado por Urania deveria ler. “The
Herschels and the Modern Astronomy” de 1895.
Neste, depois de ter detalhado a vida e a obra de William e Caroline,
aborda os trabalhos de John. Ela abre assim o primeiro capítulo da parte
dedicada a este em seu lindo trabalho
“O
pequeno menino é divertido, cômico e promissor” Dr. Bruney escreveu depois sua visita
a Slough em 1797. John Frederick Herschel era então um garoto de 5 anos o qual
nascera “na sombra de um grande telescópio”. De pois de flertar com várias ciências
ele se decidiu pela observação dos céus e um de seus primeiros feitos foi
reexaminar as estrelas duplas descobertas por seu pai. Este mediu 380 das
entradas originais de seu pai e fez diversas correções. Sua pesquisa com
estrelas duplas foi parte importante de seus estudos durante toda a vida. Neste
trabalho ele desenvolveu o conceito de “Astronomia do Invisível” ao descobrir
que em muitos dos pares algumas destas estrelas já conhecidas possuía outra
companheira e que a perturbação de suas orbitas indicavam revelavam massas
obscuras- planetas de escalas colossais e possivelmente regiões para inimagináveis
formas de vida.
Com
a morte do pai este resolveu organizar todos os papéis deste e re-observou
todas as 2500 nébulas descobertas por este. Sendo que a metade destas era invisível
para quase qualquer instrumento com exceção do seu. Ele iniciou este projeto em 1825 e o concluiu
em 1833. Neste processo ele ainda descobriu 3.347 estrelas duplas. Muita das
quais extremamente afastadas para poderem ser consideradas dignas de nota...
Em
1835 ele sentou praça em Cape Town e iniciou seu gigantesco levantamento de
Nebulosas do céu austral. Ele vai se tornar o maior conhecedor destes e
completar em grande estilo a trindade austral composta por Ele mesmo, Dunlop e Lacaille.
A
partir de seu observatório em Feldhausen John vai fazer uma colheita celestial
que jamais será repetida por nenhum outro observador por meios puramente
visuais na história da humanidade. 1.202
estrelas duplas e 1708 nebulosas e aglomerados dos quais apenas 439 já teriam
sido observados. Seu estudo sobre as Nuvens de Magalhães vai constituir base
para uma mudança de paradigma que só será encerrado por Hubble já no século XX.
Não
era uma das características mais marcantes de John uma prosa concisa. Podemos
perceber isto pelo título de seu grande trabalho: “RESULTS OF ASTRONOMICAL
OBSERVATIONS MADE DURING THE YEARS 1834, 5, 6, 7, 8, AT THE GAPE OF GOOD HOPE;
BEING THE COMPLETION OF A TELESCOPIC SURVEY OF THE WHOLE SURFACE OF, THE
VISIBLE HEAVENS, COMMENCED IN 1825.”
Foi
este o cara que descobriu o discreto e tímido aglomerado aberto aqui
apresentado. Sua descrição não é exatamente apaixonada. " e, F, S, R, gb M". Ou seja : extremelly Faint , Small, Round, gradually brighter Middle". É classificado com III 1 M na classificação Trumpler. Como trata-se de um aglomerado do Projeto Tudo que Existe suponho que os que aqui estão lendo isto sabem o que significa. Senão olhem aqui...
A foto que aqui ilustra o elemento é fruto de um drizzle de 3 X feito no Deep Sky Stacker a partir de uma foto realizada com uma Lente Pentax ED 300 mm. Posteriormente revisitei o aglomerado com o Newton (meu refletor 150 mm f8). Com 240 vezes é um pequeno e delicado aglomerado que se apresenta de forma bem evidente embora pequeno. Resolvem-se pequenas estrelas bem concentradas e de algum colorido. Saber onde ele esta ajuda muito. É uma região bastante contaminada e rica e este poderia passar desapercebido por um observador desavisado. Eu mesmo, certamente, já passara por aquelas bandas e não percebi nada. Céus escuros vão ajudar muito. Tenho minhas duvidas de ter percebido algo a partir da Stonehenge dos Pobres. É alvo para céus mais generosos. Quero testar o mesmo na próxima ida a Búzios. De Lumiar é modesto, porém presente.
A foto que aqui ilustra o elemento é fruto de um drizzle de 3 X feito no Deep Sky Stacker a partir de uma foto realizada com uma Lente Pentax ED 300 mm. Posteriormente revisitei o aglomerado com o Newton (meu refletor 150 mm f8). Com 240 vezes é um pequeno e delicado aglomerado que se apresenta de forma bem evidente embora pequeno. Resolvem-se pequenas estrelas bem concentradas e de algum colorido. Saber onde ele esta ajuda muito. É uma região bastante contaminada e rica e este poderia passar desapercebido por um observador desavisado. Eu mesmo, certamente, já passara por aquelas bandas e não percebi nada. Céus escuros vão ajudar muito. Tenho minhas duvidas de ter percebido algo a partir da Stonehenge dos Pobres. É alvo para céus mais generosos. Quero testar o mesmo na próxima ida a Búzios. De Lumiar é modesto, porém presente.
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Escondido no meio de tanta beleza. No canto direito da foto habita Ngc 3496... |
Não
é um aglomerado muito estudado. Mas localizei um trabalho realizado por L. A.
Balona e C. D. Laney (1995) "CCD Strömgren photometry of NGC 3496 and Melotte
105."
Segundo
estes no campo de nosso aglomerado podemos distinguir pelo menos duas populações:
um grupo de idade intermediaria que inclui um pequeno número de estrelas
tardias do tipo B ou jovens estrelas do tipo A e um grupo mais conspícuo representado
por um ajuntamento de gigantes vermelhas. De um se deriva uma idade de 400
milhões de anos e do outro algo em torno de 640 milhões de anos. Cabe a dúvida
a de serem fruto de eventos distintos que levaram a surtos de nascimento estelar
ou de não se tratarem de um aglomerado de fato. Sua distância é de mais de 990 mil anos luz. O trabalho se aprofunda na utilização de variáveis
pulsantes como uma técnica mais eficiente e precisa para a determinação do
estado evolucionário de aglomerados galácticos.
Localizar
Ngc 3496 não é difícil. Se encontra bem próximo a leste da Grande Nebulosa de Eta Carina. Mas lembre-se que ele demanda algum aumento
para ser realmente percebido. Não espere perceber este pela buscadora. Será, na
melhor das hipóteses estelar e não será uma das estrelas mais brilhantes na
região.
Os
americanos têm um termo bom para quem irá atrás de um alvo como Ngc 3496. “DSO
die-hard”.
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