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quarta-feira, 16 de agosto de 2017

M 19: O Favorito do Serpentário


                De volta aos Globulares Messier em Ophiuchus e M19 é o meu favorito. Mas só descobri isto recentemente. Comprovando a máxima “que quem já viu um globular não viu todos” M 19 é um globular oblato. Não que trate-se de um leigo a se oferecer para trabalhar em alguma ordem religiosa. Em geometria, oblato é um dos formatos possíveis para um esferoide. Algo como uma abóbora. Uma esfera achatada nos polos. Algo semelhante também a uma elipse.
                M 19 é certamente assim visto da terra. Mas aí começam as dúvidas. Seria apenas uma impressão devido a grande quantidade de poeira entre nós e ele ou resultado de sua proximidade ao centro galáctico e de suas marés?
                M 19 se encontra “do lado oposto” do centro galáctico que nós. A distância deste para o sol é de 28.700 anos luz. E a distância do sol para o centro galáctico é entre 25.000 e 28.000 anos luz. Logo podemos concluir que só o fato de percebe-lo com uma magnitude aparente de 7.5 já é um grande feito. Perceber se sua forma é distorcida ou não pela poeira entre nós já é um pouco demais...
                Hubble em seu “The Realm of Nebula” nos fala que especular é preciso, mas que a maioria das especulações que vem sobrevivendo ao tempo (neste momento ele está falando de universos ilhas e de como foi feliz a especulação de Kant) tem por denominador comum considerarem uma boa ideia o “Princípio da Uniformidade da Natureza”.  E seu formato é bem menos interessante ou esquisito em imagens em infravermelho.
                Mas como aqui só poso observa-lo no espectro visível seu formato é realmente um diferencial e o torna único.  
                M 19 é um Messier Original. Foi descoberto pelo caçador de cometas em 5 de junho de 1764 durante a arrancada para a primeira versão de seu catalogo:
                “Na noite de 5 para 6 de junho, 1764 eu descobri uma nebulosa, situada no paralelo de Antares, entre o Escorpião e o pé direito de Ophiuchus: A nébula é arredondada e não apresenta nenhuma estrela; Eu a observei com um telescópio gregoriano o qual amplia 104 X, e possui cerca de 3´ de diâmetro. Alguém a vê muito bem com um telescópio comum (não acromático) de 3 e ½ pé (D.F.). Observei durante a passagem pelo meridiano e a comparei a Antares; Determinei a ascensão reta desta nébula como 252o 1´45´´ & sua declinação 25o 54´46´´ sul. A estrela mais próxima conhecida desta é 28 da constelação de Ophiuchus, segundo o catalogo Flamsteed, de 6a magnitude.

30X 30 seg ASA 1600 +16 darks DSS sem Drizzle.

Mesma captura submetida ao PixInsight para remover gradiente e depois PS CS 6 para outros ajustes. Bastante artificial . A foto acima desta é uma representação bem mais fiel do que esperar na ocular e ainda assim revela mais detalhes que a observação visual.  Mas nesta foto o caráter oblato esta bem evidenciado. 

                Evidentemente quem resolveu M 19 em Estrelas foi William Herschel. Ainda que o tenha observado com seu telescópio “pequeno” e utilizando 250 X de aumento.
                Curiosamente nenhum dos autores clássicos (Smyth , Weeb , Olcott, Proctor e Cia. LTDA.) falam da elipsidade de M19. A primeira referência a esta localizei no “Celestial Handbook” do Burnham (que é dos anos 1970) e ele nos diz que H. Shapley ter contado duas vezes mais estrelas no eixo maior do eu no eixo menor de M 19. Este é alongado no sentido norte-sul. Já que estamos falando em Shapley M 19 é um aglomerado da classe VIII. Moderadamente concentrado em Direção ao centro. M19 possui  entre 11 e 12 bilhões de anos. Possui 4 variáveis RR Lyrae e quadro Cefeídas. Isto permite um cálculo de distância bem exato.  Com uma área (em fotos) de 17´ este se espalha por uns 140 anos luz de espaço (Diâmetro linear). E possui uma massa de 1.1 milhões de sóis espalhada em cerca de 300.000 membros (este valor pode chegar a 500.000 dependendo da fonte).

                Observando com o Newton (um refletor 150 mm f8) a 120x resolvo estrelas em sua periferia e um centro bem brilhante. Isto em um céu Bortle 7/8. Nestas mesmas condições o percebo de forma bem discreta, mas ainda evidente na minha buscadora de 8X 50 mm. O seu formato é evidente junto a ocular e salta aos olhos nas fotos feitas. Estas são resultado de 30 fotos com 30 segundos de exposição em RAW empilhadas no DSS e posteriormente com o gradiente de fundo melhorado no Fitswork. Sem grandes luxos.  A câmera utilizada foi uma Canon T3. ASA 1600. foram utilizados 16 dark frames para calibragem . Dark frames são fotos feitas com o telescópio fechado. O termo é autoexplicativo. A foto que abre o post é resultado de um processamento que inclui uma ampliação de 2 Drizzle. Já as outras mantém o enquadramento original da captura. 


                Localizar M 19 não é difícil Localize Theta Ophiuchus e ele estará na margem de sua buscadora. O campo é rico em estrelas mas 26 Oph dá a dica. Existem outros globulares próximos. Mas bem mais tímidos...

                Meu glob favorito em uma constelação que é conhecida como o Reino dos Globulares.

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