Recentemente
falei por aqui que o meu episódio favorito do “Cosmos” original (com o Sagan) é
batizado de “ A Espinha Dorsal da Noite” (The Backbone of the Night). Ele trata
da maior estrutura que podemos observar a olho nu no céu. A própria Via Láctea
em si. E imaginando esta como a coluna
do um ser humano a região dominada pela tríplice fronteira formada pelas
constelações de Sagitário, Ophiucus e Escorpião poderia ser “A Décima Terceira
Vertebra”. É apenas uma licença poética e nada tem a ver com os problemas
causados pela evolução e o bipedismo.
A
distribuição de aglomerados globulares em nossa galáxia concentra-se ao redor
desta região central. Dos 138 globulares
listados no Sky Atlas 2000.0, do Tirion e Sinnott, (do qual eu sou o feliz
proprietário de uma edição de luxo que me enche de orgulho) 71 deles habitam
nesta área. 29 em Sagitário, 24 em
Ophiucus e 18 em Escorpião. Em
levantamentos mais recentes o número de globulares na nossa galáxia atingiu um número
total entre 151 e 157. A diferença deve-se ao fato de que alguns globulares
nesta conta podem ser creditados a Galáxia Elíptica Anã de Sagitário e a Galáxia
Anã de Cão Maior. De qualquer maneira
estes globulares estariam em processo de captura e vão acabar por tornar-se
habitantes do halo galáctico da Via Láctea. Considerando que sejam 157 globulares
141 destes habitam o hemisfério centrado em Sagitário (89.5%). Nesta contagem
atual 35 globulares residem em Sagitário, 33 em Ophiucus e 23 em Escorpião.
Para manter a contabilidade em dia a soma dá 91 e isto significa que 57.9% dos
globulares residem na região. Não deve tratar-se de uma daquelas coincidências
que nada tem a ver com as leis fundamentais do Universo. Coincidência seria se fossem 42...
Como
não poderia deixar de ser estes números se refletem no Catalogo Messier. Este
um catalogo de nebulosas organizado no Século XVIII pelo caçador de cometas
Charles Messier e que reuniu 110 objetos Nebulosos que não deveriam ser
observados. Seu objetivo era que estes não fossem confundidos com seus amados
blocos de gelo que habitam o sistema solar e que não se perdesse tempo vendo se
estes impostores se moviam contra as estrelas de fundo (isto é uma meia
verdade...). De qualquer maneira dos 29 globulares que integram o Catalogo
Messier 16 residem na Tríplice Fronteira.
55.2% destes... Fugindo um pouco
do esquadro 2 destes em Escorpião, 7 em Ophiucus e 7 em Sagitário. Há um empate
técnico entre Sagitário e Ophiucus. Embora M 62 (que fica em Ophiucus segundo a
maioria) seja listado por alguns como residente em Escorpião. Um horror para
quem tem T.O.C.... afinal sagitário deveria ter mais globulares que os outros
membros da fronteira.
A
conjunto é representativo para apresentarmos algumas características cosmológicas,
morfológicas e históricas deste tipo de DSO.
Aglomerados
globulares são concentrações coesas gravitacionalmente de dez mil a um milhão
de estrelas que se espalham por um volume de diversas dezenas até duzentos anos
luz de espaço. Hoje em dia existe uma área cinzenta entre globulares, galáxias
anãs e até mesmo abertos superdensos. Quanto mais descobrimos sobre o universo
mais difícil se torna classificar com precisão as suas formas organizacionais.
Estruturas como Westerlund 1 são aglomerados jovens que em alguns bilhões de
anos poderão ser globulares... Mas para
o objetivo deste post basta sabermos que além da curta e grossa definição acima
os globulares são membros anciões do universo e sua idade atinge muito bilhões
de anos. Até pouco tempo alguns eram quase paradoxos. Existiriam a mais tempo
que o universo...
Globulares
embora com características semelhantes não são iguais. Quem viu um globular não
viu todos eles. Ainda que em pequenos telescópios as diferenças a vezes não
sejam obvias.
Quando
Messier conclui seu Catalogo Globulares ainda não eram assim chamados. Na
verdade, todos os DSO´s respondiam pelo termo geral de nebulosas. Quem cunha o
termo é William Herschel que ao contrário de Messier achava que catalogar
nebulosas era uma tarefa válida por si mesma.
Embora
sem nome (embora Messier tenha conseguido resolver estrelas em M 4) sempre se
suspeitou que globulares eram agrupamentos de estrelas unidos
gravitacionalmente. O primeiro globular
a ser observado foi M 22 por Abraham Ihle em 1665. Quando Messier concluiu seu
catalogo eram conhecidos apenas 34 globulares. Herschel em seu imenso
levantamento ampliou o incluiu mais 36. Em 1915 Mellote lista 83. Shapley
(1930) nos fala em 93 (sendo um extragaláctico).
Shapley
com Hellen Sawyer Hoog (que conhecia 99 globs...) criam uma classificação
utilizando parâmetros físicos e estruturais
que leva em conta o grau de
condensação dos globulares. A Escala Shapley -Sawyer é expressiva e bastante
representativa para você imaginar o que vai ver junto a sua ocular. Vai de I (mais concentrados e quase
impossíveis de se resolver em estrelas. Mesmo grandes telescópios não resolvem
suas áreas mais centrais) até XIII (parecerão um aglomerado aberto rico).
Como
desde sua descoberta e a partir do momento que se resolveram estrelas os
globulares eram supostamente objetos físicos e enxames estelares. Todas muito
próximas e a mesma distância. Provavelmente por isto Shapley derivou da forte
anisotropia dos Globulares em nossa galáxia que o centro de nossa galáxia está
a uma considerável distância na direção de Sagitário e não próxima a nosso
sistema solar como se supunha anteriormente. Apesar de superestimar as
distâncias foi um grande passo para encerrar o “Grande Debate” e de ampliar as
fronteiras do universo...
Gosto muito de realizar projetos temáticos para minhas observações.
Desta forma vou me familiarizando com o que estou observando e começando a
perceber as diferenças entre um dois de espadas e um dois de paus mesmo ao
longe. Entre os vários projetos que tinha para o inverno finalmente acabei com
um deles. Este era fotografar todos os globulares Messier que me faltavam em
Ophiucus. Uma coisa leva a outra e assim acabei com todos os globulares Messier
na Tríplice Fronteira fotografados. Com isto reuni material suficiente para
apresentar a diversidade destes tão importantes DSO´s. Globulares são uma das
primeiras estruturas a se organizar em uma galáxia e seu estudo é fundamental
para a compreensão do quadro maior que atende pelo nome de evolução galáctica. Quem
desejar se aprofundar mais na astrofísica e história dos globulares pode e deve
visitar a Página da SEDS ( leia Hartmut Frommert ) http://messier.seds.org/glob.html#Messier e procurar pelo livro “ The Complex Lives of
Star Clusters” -David Stevenson – Springer ( https://www.amazon.com/Complex-Lives-Clusters-Astronomers-Universe/dp/331914233X
) Recomendo correr . Só restam 2 em
estoque na Amazon. Este é um raro post
no Nuncius Australis com bibliografia. Mas seria vergonhoso não dar estes
créditos aqui e agora...
Dito
tudo isto chegamos ao que interessa: Os aglomerados Messier e a 13a
vertebra. Vamos visitar cada um deles e neste tour aprender o caminho das
pedras para conhecer estes senhores. Todos são alvos visuais possíveis mesmo
com bastante poluição luminosa e fotográficos fáceis (daí a fazer boas fotos já
é outra história...)
M4
- Escorpião - Shapley IX - É um dos mais
charmosos globulares dos céus e o segundo mais próximo da terra. Foi o primeiro
globular a ser resolvido (por Messier) e sua dorsal central de brilhantes estrelas
é facilmente percebido mesmo com telescópios de 75 mm em céus escuro e com mais
de 120X de aumento. Localizado muito próximo a Antares é um dos globulares mais
fáceis de ser localizado. Um “ must” para os iniciantes. Perceptível pela
buscadora e mesmo a olho nu (estelar) em céus muito escuros. Foi o primeiro objeto Messier que observei (na
mesma noite observei M 7 e M 6. Estes dois abertos na cauda de Escorpião) Mag.
5.4
M
9 – Ophiucus- Shapley VIII -. Bem mais discreto e com uma navegação mais
delicada é um globular pequeno. Em pequenos instrumentos vai-se perceber um
núcleo mais brilhante envolto em um halo não resolvível. Com um telescópio de
150 mm resolverá algumas estrelas em seu entorno. Localize Eta Ophiuchi e o M 9 estará a 3 ½ o
a sudeste desta. Eta Ophiuchi possui magnitude 2,5 e é perceptível em
céus suburbanos. Ou parta de Antares e calcule 15o rumo nordeste.
Aproximadamente 3 campos de buscadora 10X50 mm. Nesta e em binóculos M 9 será
quase estelar. Com atenção (use visão periférica) parecerá uma estrela
levemente desfocada. Mag. 7.8
M
10 – Ophiucus – Shapley VII - Um nobre
globular. Com pequenos telescópios não espere resolver estrelas. Mas o núcleo
será bem brilhante e o globular será uma condensação razoavelmente extensa com
90 X de aumento. Com 150 mm e 60X de aumento você irá começar a resolver
estrelas em seu halo. Com uma brilhante
estrela alaranjada de 5a magnitude bem próxima (30 Ophiuchi) é facilmente localizável em locais de céu escuro. Senão parta de Zeta Ophiuchi e caminhe aproximadamente um campo e buscadora para 23 Ophiuchi (5a magnitude) e mais cerca de meio campo na mesma linha até 30 Ophiuchi. Todas são facilmente percebidas pela buscadora. O Globular em si dependerá de quão escuro é o seu céu. No Rio de Janeiro é difícil vê-lo claramente com menos de 70mm e 15X. Mag. 6.6
M
12 – Ophiucus – Shapley IX – Um aglomerado pouco concentrado que se resolve
facilmente. Por isto um brilho de superfície mais baixo e sofre com poluição
luminosa. Com o 150 mm ele se resolve até o centro (ou quase) e tem um aspecto
espiralado. Bem interessante embora apagado em céus suburbanos. Próximo a M 10
parta também de Zeta Ophiuchi rumo 12 Ophiuchi. O globular vais estar a meio
campo(2 ½ o) de buscadora a
leste – nordeste desta. E a 3 ½ o de M 10. Ele é perceptível pela
buscadora em céus suburbanos, mas demanda atenção. Mag. 6.5
M14
– Ophiuchus – Shapley VIII - Só o
observei do Rio. E em condições bem ruins (baixo no horizonte e com a lua já crescente).
Foi o último globular desta lista que visitei. Em céus urbanos é pouco mais que
uma assombração na ocular. Se resolve em fotos. Creio que em locais mais
escuros seja um alvo visual mais fácil.
Imperceptível na buscadora (há registros de observações binoculares em
condições melhores). Partindo de Beta Ophiuchi (3a magnitude)
caminhe dois campos de buscadora (10 o) até para sudoeste e localize
47 Ophiuchi. Vai ser a estrela mais brilhante na buscadora e talvez a única...
M14 vai estar a pouco mais de meio campo de buscadora (3o) a
nordeste. Mag. 7.8
M
19 – Ophiuchus – Shapley VIII – Foi o penúltimo globular observado. Apesar das
condições semelhantes (mesma noite) a M 14 e serem ambos Shapley VIII a
impressão é muito diferente. Curiosamente este é um pouco mais distante. Mas M
19 é mais brilhante (uma magnitude) e maior
e cheguei a perceber estrelas no limiar da resolução em seu entorno com
48X de aumento. M 19 é um globular bem alongado. Foge um pouco da esfericidade
tão comum. Localiza-lo pode ser um pouco difícil em céus urbanos. Parindo de
Antares localize Theta Ophiuchi (Garafsa) a poucos mais de 3 campos de
buscadora (17o). Aproximadamente no meio do caminho vias passar por
uma dupla ótica composta por 26 Ophiuchi (5.7 mag.) e uma companheira levemente mais alaranjada
(HIP 83176). M 19 vai estra dentro do campo da buscadora cerca de 2o
a leste da dupla. Em céus escuros ele será notado na buscadora. Em céus
suburbanos não. Mag. 6.8
M
22 – Sagitário – Shapley VII – O mais magnifico dos globulares Messier e o meu
eterno favorito. Somente Ômega Centauro e Tuc 47 são a sua altura. Tolkien se
refere a ele como uma joia no céu no “Hobbit” (The Arkenstone of Thrain). O
grande Globular de Sagitário. Perceptível a olho nu mesmo em céus não muito
generosos foi o primeiro globular a ser observado telescopicamente e registrado
como estrela desde a mais remota antiguidade. Um alvo fácil e obrigatório para
iniciantes e iniciados. Localiza-lo é bem fácil. A pouco mais de um campo de
buscadora a leste de Kaus Borealis (Lambda Sagitarii) é evidente na buscadora
mesmo em centros urbanos. Mag. 5.2
M
28 – Sagitário – Shapley IV – Bem concentrado sofre com a proximidade de Kaus
Borealis. É importante tirar esta do campo, especialmente se usando binóculos.
Esta lava o aglomerado. A menos de meio campo de buscadora de Kaus Borealis (Lambda
Sagitarii) é um alvo muito fácil e um bom trino para iniciantes trinarem sua
visão em áreas muito lavadas. Já o visitei muitas vezes, mas a proximidade de
M22 acaba sempre deixando este mais modesto aglomerado um pouco esquecido. Mag.
6.9
M
54 – Sagitário – Shapley III – M 54 é um pequenino Globular. É o mais distante
globular Messier a 70.000 anos luz e é na verdade membro da Galáxia Anã de Sagitário.
Esta está sendo canibalizada pela Via Láctea. Localizado a 1 ½o Ascella (Zeta Sagitarii) na base do “bule” (o asterismo que caracteriza a constelação de Sagitário) é um alvo fácil. Ele vai parecer estelar em sua buscadora. Como existirão outras estrelas em campo é só ter um pouco de paciência para achar a certa. Com mais ampliação não chega a se resolver estrelas, mas o aglomerado recorda uma pequena galáxia. Um desafio para quem possui céus muito escuros e grandes telescópios é perceber a Galáxia Anã de Sagitário presente no quadro. É um dos maiores desafios propostos por Phil Harrington em seu “Cosmic Challenges”. Está mais para uma mudança de gradiente no fundo do céu que para um objeto real... Mag. 7.5
M
55 – Sagitário – Shapley XI – É o menos denso dos globulares Messier e parece
muito com um aberto. Cobre uma bela área de céu. Se resolve facilmente devido à
baixa densidade. Mas requer atenção devido a brilho de superfície mais modesto
e a pouca concentração central (quase nenhuma). É um dos objetos mais ao sul do
Catalogo Messier e foi descoberto por Lacaille. Chegar até ele pode ser
difícil. A melhor escolha e partir de Ascella (Zeta Sagitarii) e percorrer três
campos de Buscadora rumo leste. Com atenção e céus um pouco generosos ele vai
aparecer na buscadora. Lacaille o descobriu com uma luneta de 30 mm. Mag. 6.3
M
62 – Ophiuchus – Shapley IV – Um aglomerado bem brilhante e cidadão
de dois países. Habita o limite de Ophiuchus com Escorpião e embora não muito
grande é bem brilhante. Especialmente seu núcleo. Resolvo estrelas somente em
sua borda e mesmo assim com periférica. Para localiza-lo parta de Épsilon
Scorpii indo rumo Norte Noroeste por pouco mais de um campo de buscadora (6 o) e seguindo um grupo de três estrelas bem brilhante você chegará a ele. Comparece na buscadora embora que com características estelares. Com visão periférica dá para se notar algo errado nesta estrela... Mag. 6.5
M
69 – Sagitário – Shapley V - M 69 é mais
um habitante da base do Bule. É um pequenino aglomerado que não desperta
grandes paixões. É provavelmente a pior foto desta coleção. Apesar de muito
próximo de Épsilon Sagitarii não é tão fácil assim de se perceber em céus
urbanos. Fica a 3 ½o a nordeste de Épsilon. Parece estelar na buscadora. Mesmo com grandes aumentos não revela muitas feições. Como diz O ‘Meara parece um velho artefato bem gasto. É uma descoberta controversa de Lacaille. Mag. 7.7
M
70 – Sagitário – Shapley 5 -. Bem mais interessante que o anterior. . . Apesar de bem brilhante para
sua magnitude (alto brilho de superfície devido a sua concentração ele possui
um “apêndice” de estrelas e um formato mais irregular. Se resolve bem com meu
150 mm em 120X. Se afasta muito
rapidamente de nós. A melhor forma de localizá-lo e calcular o meio do caminho
entre Ascella E Épsilon Sagitarii. Ele reside um pouco a norte desta linha
imaginaria e é perceptível ainda que bem estelar pela buscadora. Mag. 7.8
M80
– Escorpião - Shapley II – Bastante concentrado também é um objeto adorável.
Devido a sua concentração é difícil resolver algo além das estrelas mais externas,
mas o globular é bonito e muito brilhante embora pequeno. Saindo de Antares e
seguindo por várias e obvias estrelas que conduzem até Acrab na garra do escorpião
chegar nele é fácil. Mas com o rico campo difícil saber quem é o aglomerado e quem
é estrela pela buscadora. Atenção e paciência resolvem o problema. Mag. 7.3
M
107 – Ophiuchus – Shapley X – O último aglomerado a ser incluído no Catalogo. É
uma entrada póstuma e já realizada no sec. XX. Foi descoberto por Mechain e há dúvidas
se foi de fato observado por Messier. É um discreto aglomerado, mas que embora
não tenha sido percebido pela buscadora era uma presença obvia no Newton (meu
telescópio 150 mm f8) com 48 X de aumento em noite de lua quase cheia. Só o
visitei uma vez. O registro foi feito às pressas e com muita nebulosidade e
condensação já se instalando no espelho. Merece uma segunda chance. Partindo de Zeta Ophiuchi ele reside a pouco
mais de meio campo de buscadora (3 ½ o) a sul sudoeste. Mag. 7.8
Globulares são
muito interessantes e existem diversas hipótese a seu respeito. Uma das mais
aceitas e que serve para encerrar o nosso tour conta que nossa galáxia (e
outras...) começou a 15 bilhões de anos como uma esfera de gás que
eventualmente colapsou na sua forma visível no presente – um bojo central e um disco
- e que os anciões globulares que
formam um halo esférico a redor do disco marcam o tamanho original desta nuvem
primordial. Em sua riqueza de formatos, tamanhos, e composições contam uma das
mais longas histórias da galáxia.
Espero
até o fim do ano terminar de registrar todos os globulares de Messier.
Vida longa e próspera.
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