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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Seeing e Transparência

A atmosfera interfere diretamente em que você vê por seu telescópio. Duas palavras que o astrônomo amador aprende logo no inicio de sua caminhada são seeing e transparência.


São duas qualidades (ou defeitos) que o fato de habitarmos um planeta que possui atmosfera nos leva a ter que conviver. Mesmo porque sem a atmosfera não seriamos obrigados a conviver com nada. Então para penetrarmos nesta sopa que nos envolve temos que conviver (de novo) com estas duas limitações.

Quanto ao Seeing nos referimos à estabilidade da atmosfera. Ele é o denominador comum que nivela todos os telescópios, dos maiores aos menores.

Imagine que você queira ver os seixos no leito de um rio.

Em um pequeno poço raso e com a água passando lentamente você os percebe claramente.

Agora imagine em um estreito do rio onde a água se acelera e se torna mais turbulenta. Você mal percebe do que é o leito do rio.

Isto vale para a atmosfera. Basta um pouco de turbulência no ar entre seu telescópio e o espaço e as estrelas passam a dançar dentro da ocular se tornando bolas irreconhecíveis. Um borrão. E assim nos negando a visão clara que acreditamos ter direito devido à pequena fortuna gasta com nossos telescópios. Mas eles não têm culpa.

O seeing limita o aumento Maximo que podemos utilizar em um determinado momento. Às vezes até mesmo a limites como 40 ou 50X. Não adianta se desesperar. Com paciência e determinação haverá momentos em que você conseguirá perceber detalhes muito acima destas magnificações.

Existem diversas escalas para se medir as condições do seeing atmosférico. A mais tradicional é a escala Pickering. Ela vai de 1 ( o pior) a 10 (o melhor). Infelizmente 1 é muito mais comum que 10.

Basicamente é o seeing que vai limitar você de perceber detalhes em observações lunares e planetárias.

Mas nem tudo está perdido. Para todo minuto de um seeing horroroso existirão alguns segundos de estabilidade atmosférica. E nestes mágicos momentos você vai aproveitar toda potencialidade de seu telescópio (ou quase...). Paciência é a nossa palavra mágica.

Uma dica: A atmosfera tende a se tornar mais estável entre 00h00min e o amanhecer. Utilize este horário para utilizar grandes aumentos.

A transparência se relaciona a dois conceitos básicos. Escuridão e claridade. Pelo menos nos livros.

Na verdade ela é muita mais ampla e sua condição depende barbaramente de diversos fatores. Aerossóis em suspensão, umidade, poluição luminosa e poluição atmosférica são os principais.

A escuridão é bastante obvia e basta algumas visitas a um local realmente escuro para o iniciante entender o conceito. E perceber que as estrelas de mesma magnitude se apresentam mais fracas quando mais próximas do horizonte. A escuridão vai ser importante para determinar quão “profundo” você vai ser capaz de observar. Isto em combinação com a claridade do céu.

Claridade é provavelmente melhor explicada como a ausência de aerossóis e poeira na atmosfera. Quando vapor d água ou partículas de poeira levantadas pelo vento se apresentam entre seu telescópio e o espaço você vai deixar de perceber detalhes nos objetos de céu profundo que você perceberia com a ausência dos mesmos. Com um nível baixo de transparência você vai ter uma extinção maior. (A capacidade de perceber estrelas mais tênues em baixas altitudes). E a luz vai se apresentar mais difração. Assim o céu vai apresentar um brilho de fundo maior e conseqüentemente uma menor percepção de nebulosas galáxias e etc... Um menor contraste. Outra característica é você não perceber a via láctea.

Uma dica: Busque locais com pouca poluição luminosa. Estes vão garantir o melhor balanço de escuridão e claridade. Em geral longe dos grandes centros há menos poluição luminosa e atmosférica.

Paciência e determinação são companheiras fundamentais para o astrônomo amador.

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