Hoje vamos matar dois coelhos com
uma só cajadada. Ngc 2335 e Ngc 2343 são intrinsecamente relacionadas e, com jeitinho,
você vai espremer os dois no mesmo campo ocular de um telescópio de 150 mm f8
utilizando uma ocular de 26 mm. Com a minha 40 mm é tarefa fácil. Mas sendo
pequenos o maior aumento da 26 vai resolver melhor os aglomerados e dar uma
visão melhor da obra. Creio que já os apresentei aqui em um artigo sobre aglomerados
duplos binoculares. Mas no caso estes serão simples esfuminhos em uma região
maravilhosa de ser observada com pequenos aumentos propiciados pelos mesmos.
O´Meara batizou a área do “O Paraiso Pirata” tantos são os tesouros que ali se encontram.
Ngc
2335 é um membro fidedigno do Projeto Tudo que Existe. Neste reúno DSO´s que não foram enquadrados (não
possuem uma entrada só deles) em nenhum Guia Observacional atual ou passado. Já
Ngc 2343 quase entrou no projeto. Mas quando descobri que esse era chamado de o
“Aglomerado Doublemint” já sabia que o mesmo O´Meara havia colocado as mãos
nele. Está escondido no menos conhecido, mas ainda assim muito bom, “Deep Sky Companions:
The Secret Deep”.
Ambos
aglomerados foram descobertos (certamente na mesma varredura) por William
Herschel em 1785. Ngc 2335 possui magnitude 7,2 e Ngc 2343 de 6,7. Mais concentrado e com estrela levemente mais
brilhantes acho 2343 mais fácil de se perceber. Mas depois de algum tempo
observando Ngc 2335 se revela maior, mais rico e o acho mais interessante. Apesar
disto Ngc 2343 tem mais história e é mais conhecido. A primeira delas é um equívoco.
O´Meara diz que este foi descoberto por John Herschel. E não William. Depois disto outro equívoco. Admiral Smyth em
seu histórico “The Cycles of celestial Objects” nos diz que o mesmo se trata de
uma estrela dupla.
Ambos
são cosmologicamente muito semelhantes e possui uma história comum. Clariá (1974b)
nos diz que que eles formam um sistema duplo e que possuem 100 milhões de anos.
Dividem ainda a mesma distância: 1150 parsecs. Clariá realizou um trabalho
relacionado a distribuição de estrela do Tipo O e B da Aglomeração de canis
majoris e conclui que ambos seriam parte da mesma e que o mesmo processo teria
criado as condições para a produção estelar que os deu origem. Atualmente,
devido a idade derivada dos mesmos, se duvida que a associação e os nossos
aglomerados tenho tido origem na mesma nuvem proto-estelar. Mas há controvérsias...
A associação estelar OB de Canis Majoris
parece ter passado por várias fases. Mais precisamente 4 gerações de eventos. A mais recente e responsável por diversos
DSO´s na região se deve a uma supernova que ocorreu acerca de 1 milhão de anos.
Mas as coisas já vinham rolando por lá ha mais tempo. E desta forma nossos
aglomerados seriam membros da primeira geração de ondas de choques, supernovas
e cia. Ltda que acontecem por aquelas bandas...
Localizados
em Monocero (O Unicórnio) localizar os mesmos não é exatamente fácil. A região
dispõe de poucas estrelas brilhante. e de muito aglomerados abertos. Saber exatamente
quem é quem em campos tão ricos nem sempre é fácil. Primeiro localize Sirius e Procion. Em algum
local entre estes dois brilhantes faróis (Sirius é a estrela mais brilhante do
céu) habita o paraíso pirata. Geralmente o primeiro DSO que percebo na região é
M50. Com ele em quadro você está relativamente perto. Olhe o mapa com atenção, faça
a seu dever de casa e localizar nosso aglomerado duplo não será tão difícil.
Ngc 2343 costuma saltar primeiro ao olhar como uma pequena pirâmide de estrelas.
Com ele em na ocular Ngc 2335 vais estar lá também. Mesmo que tenha que passear
com poesia de um lado para o outro com seu telescópio. Com aumentos maiores ambos
não vão caber no mesmo campo. Mas com minha ocular de 10 mm (Aumento de 120 x)
ambos se resolvem na integra e revelam dezenas de estrelas.
Dois
aglomerados galácticos bastante interessantes e nem tão visitados. Um belo
programa.
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