M
38 termina a trilogia em grande estilo. Embora M 37 seja considerado o aberto
mais interessante da constelação o meu favorito é M 38. Ele é mais dado e se
resolve com menos aumento. O que me garante uma ocular maior e mais comodidade
na hora de observar. E “favorito” é muito melhor que “interessante”.
Recentemente vi um daqueles filmes que chegam a parecer ter uma lição de vida. E neste
um pai, que pratica uma forma bem radical de homescholling e seus filhos
educados pelo seu método, “crucificam “uma das irmãs mais velhas quando esta é
chamada a descrever seus sentimentos pelo livro “Lolita”, de Nabokov, e declara
que este é -Interessante. Esta é considerada uma palavra proibida. Uma “não-palavra”. O dialogo no filme transcorre da seguinte
forma (como sabem defendo que todo aquele que pretender se interessar mais a
fundo em astronomia deve aprender inglês. Não há literatura sobre o assunto
suficiente na língua de Camões e assim aqui será sem legendas.):
Kielyr: It's interesting.
Rellian: Interesting!
Bo: Illegal word!
Zaja: Dad, Kielyr said
interesting!
Ben: Interesting is a non-word.
You know you're supposed to avoid it... Be specific.
Kielyr: It's disturbing.
Ben: More specific.
Kielyr: Can I just read?
Ben: After you give us your
analysis thus far.
Kielyr: There's this old man who
loves this girl, and she's only 12 years old.
Ben: That's the plot.
Kielyr: Because it's written from
his perspective, you sort of understand and sympathize with him. Which is kind
of amazing because he's essentially a child molester. But his love for her is
beautiful. But it's also sort of a trick because it's so wrong. You know, he's
old, and he basically rapes her. So it makes me feel... I hate him. And somehow
I feel sorry for him at the same time.
Ben: Well done.
O
filme chama-se “Capitão Fantastico” ( é o Ben do diálogo) . Creio já estar
disponível para assinantes da Net now. Excelente programa para uma noite
nublada.
De
volta a M 38 vou tentar ser o mais especifico possível.
Como
já foi dito trata-se de um aglomerado aberto residente em Auriga e a entrada
numero 38 do catalogo Messier. Esta é a
trama ( the plot).
Aprofundando
a "parada" podemos começar dizendo que M 38 é um aglomerado aberto que foi
descoberto por Hodierna antes de 1654 e posteriormente redescoberto por la
Gentil em 1749. Messier o inclui em seu catalogo em 25 de setembro de 1764. Sua
distancia da terra é de 3480 anos luz e sua magnitude aparente é de 7.2. Segundo
a classificação Trumpler ele é um aglomerado tipo II, 2, r. Ou seja:
apresenta um grau de concentração II
( destacado do fundo e com uma pequena concentração central), amplitude de
brilho de suas estrelas 2 (moderada
amplitude entre o brilho de seus membros) e r implica tratar-se de um aglomerado rico (com mais de 100 membros).
Messier
o descreve assim: “ Aglomerado de pequenas estrelas em Auriga , próximo a
estrela Sigma, pouco distante dos dois aglomerados precedentes ( M36, M37);
este é de um formato quadrado e não contém nenhuma nebulosidade, se examinado
com um bom instrumento. Sua extensão chega a 15´de arco.”
Smyth
em seu Bedford catalogue ( o segundo volume do clássico “Cycles of the Celestial Objects”) nos apresenta um descrição bem mais rica e que eu adoraria ter sido
capaz de elaborar: “ Um rico aglomerado de pequenas estrelas na coxa esquerda
do “Carroceiro”, com um notável par ( nos tempos e Smyth estrelas duplas faziam
muito mais sucesso que aglomerados) com uma primaria amarela de 7amag
e B 9 , amarelo pálida; possuindo uma
pequena companheira a cerca de 25´´ a sudoeste. Messier o descreve como uma massa de estrelas de formato
quadrangular , sem nenhuma nebulosidade.
Mas é singular que o formato cruciforme palpável não tenha atraído sua
atenção . É uma cruz obliqua com um par
de brilhantes estrelas em cada braço e uma mais conspícua junto ao centro; está
seguida de uma mais fraca a seguir. O incomum formato do deste aglomerado
lembra a sagacidade das especulações de Sir William Herschel sobre o assunto e
favorece em muito a ideia de um poder atrativo localizado nas partes mais brilhantes.
Apesar de seu formato não ser globular é claro perceber sua tendência a esfericidade...”
Walter
Houston, um século mais tarde, nos diz que “fotografias mostram um início de circularidade,
uma característica bastante evidente para observadores visuais. Descrições mais
antigas quase sempre mencionam um formato de cruz, a qual parece ser mais
evidente em pequenos telescópios. Observando com um refletor de 24 polegadas, em uma noite seca no Arizona, mostrou-me ser o aglomerado de um formato irregular,
e o posicionamento das estrelas fez inútil qualquer esforço para se achar uma
figura geométrica”.
Observando
com o Newton (meu refletor de 150 mm f8) com 120 X de aumento e mesmo menos
sempre me levam a pensar , vagamente, na letra grega Pi (p).
Diversos outros observadores parecem ter a mesma impressão.
Sendo
localizado a 3500 anos luz podemos derivar um tamanho de 15 anos luz para M 38.
Ele é um parceiro próximo de M 36. Sua estrela mais brilhante (Mag. 7.9) é uma
gigante do tipo GO com uma luminosidade de 900 sóis. Víssemos o Sol de lá ele
seria uma estrela de 14a magnitude. A gigante já queimou todo seu hidrogênio
e deixou a sequencia principal. Isto no aponta uma idade entre 150 e 200
milhões de anos. Ele se encontra cerca de 1000 anos luz mais próximo que seus
antecessores no catalogo Messier (M 36 e M 37).
Para
localizar M 38 calcule o centro do pentágono que caracteriza Auriga. Você vai
estar perto tanto de M 36 como de M 38. Com calma e tranquilidade escaneie a
região com sua buscadora. Ambos se apresentarão para esta. Com atenção e algum
dever de casa você vai saber quem é um quem é o outro. M 38 é muito mais chamativo e charmoso. E, apesar
do nosso Capitão Fantástico, observar os dois em série é um interessante
programa para uma noite estrelada.
Assim como eu Stoyan defende que M 38 é o mais
belo aglomerado da constelação. Vamos contra diversos autores que defendem M 37
como o galã de Auriga. É uma questão de
opinião.
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