M 16 é uma das
imagens mais icônicas da Astronomia .
Uma série de fotos feitas com o HST (Telescópio Espacial Hubble) deste DSO são, provavelmente, as mais famosas
fotos realizadas por este instrumento. Em
1995 as imagens que mostram grandes pilares "negro nanquim" agora famosos e chamados de "Pilares da Criação" correram mundo.
M 16 é
um alvo fotográfico por excelência . A descrição de Messier da décima sexta
entrada de seu catálogo não deixa duvidas sobre isto:
"( Observação em 3 de Junho de 1764) - Aglomerado de fracas estrelas misturado com
uma tênue luminosidade. Próximo a cauda da Serpente. Não longe do paralelo
de Zeta desta constelação. Em pequenos telescópios o aglomerado parece ser uma
nébula. "
Novamente
a qualidade óptica dos equipamentos de Messier nos prega uma peça. Com pequenos
telescópios ou com grandes binóculos (70 mm) eu percebo apenas o aglomerado de estrelas . A
nebulosidade só se apresenta para o Newton ( um refletor de 150 mm) e mesmo
assim em locais de céu bem escuro. Mesmo assim com visão periférica e de
forma bastante discreta. Ainda mais discreta que na foto abaixo que consiste de
uma única exposição de 30 segundos com ASA 3200 em noite Lua quase cheia...
O uso
de filtros pode ajudar na observação visual e filtros narrow band" ( Oxigênio III) podem ajudar
a Águia a voar mais alto (M16 também é conhecida como a Nebulosa da Águia
devido ao seu contorno...) . Sempre em céus bem escuros.
Mas
fotografias revelam mais facilmente sua natureza e mesmo com equipamentos
modestos e céus não tão generosos você vai conseguir perceber a majestade desta
que também é conhecida com de "Star Queen Nébula".
A mais
bela e exata descrição de sua aparência
fotográfica ( feita antes do Hubble...) é de autoria do Don Quixote da
Astronomia , Robert Burnham , Jr.
"
Investindo bravamente no coração da nuvem se erguem monstruoso pináculos como
uma montanha cósmica . O trono celestial da "
Estrela-Rainha" ( Queen Star) em
pessoa , maravilhosamente silhuetada contra
brumas de Fogo... Na vastidão do Universo telescópios modernos revelam diversas vistas
de beleza inolvidáveis , mas nenhuma talvez, que invoque com tanta perfeição a
mais profunda essência de vastidão e esplendor celestial, indefinível estranheza e mistério, o
reconhecimento instintivo do vasto drama cósmico sendo encenado e de um supremo
trabalho de arte nos sendo
revelado."
A
diferença entre sua visão com auxilio de fotografias e pela vista humana fica
mais clara ainda ouvindo depois da descrição operística de Burnham a descrição
feita no entrada de numero 6611 do New General Catalog elaborado por Dreyer;
" Aglomerado. Pelo menos 100
brilhantes e fracas estrelas. "
Parece-me que Dreyer acabou por dividir a estrutura que aqui chamo de M16
em duas entradas. Ngc 6611 se refere ao aglomerado estelar . A nebulosa em si foi
acrescentada posteriormente no Index Catalog
, um complemento do NGC. Foi assim batizada IC 4703.
Quando se
observa a Via Láctea percebe-se claramente o asterismo do Bule , que constitui
o estrado que estrutura a constelação de Sagitário. O bico do bule é marcado
por Alnasl ( g Sag). A partir desta percebe-se que a agua no bule esta bem
quente pois a fumaça que sobe vai deixando pelo caminho M 8 ( A nebulosa da
Lagoa), M20 ( A Nebulosa Trífida) , M17 (
A Nebulosa Omega)e diversos aglomerados abertos . Em um ponto mais distante desta bruma que sai do
bico do Bule reside M 16. Eu acho esta a
melhor forma para se localizar M 16 é justamente esta . Seguindo Rio Galáctico
partir do bico do "Bule".
Fotografar
M16 é uma marco para qualquer astrônomo. Não posso deixar de dizer de como fiquei contente conseguindo registrar este em condições extremas de poluição
luminosa. Acredito que isto demonstre de maneira inequívoca as características
fotográficas deste DSO. Já o tinha observado em locais muito escuros e
perceber os Pilares no interior da nebulosa é um imenso desafio mesmo sob
céus muito escuros. Consegui vislumbra-los claramente apenas perto do Montenegro ( Ponto
culminante do Rio Grande do Sul) Sob um céu Bortle 2 ou 3. Em Búzios o aglomerado apresenta algumas estrelas e no Rio de Janeiro poucas. A Nebulosidade é um remoto desejo.
As
fotos apresentadas são todas fruto de algumas variações no processamento
de 20 Light Frames ( fotos) com exposição de 30 segundos com ASA 3200
realizadas em um céu urbano e em condições extremas de poluição luminosa ( Bortle 8) . Me surpreendeu a capacidade de captura de uma modesta câmera DSLR
"low end" da Canon. No caso um T3 montada em foco direto em um
Newtoniano de 150 mm. Foram utilizados diversos softwares no processamento das diferentes imagens. ( Deep Sky Stacker, Maxim Dl 5 , o Photoshop CS5 , o Iris e o Noiseware )
M16 é
uma modelo fotográfica. Se revela quando vê uma câmera. Mas uma péssima atriz de
teatro...
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