Dunlop
foi o primeiro a identificar e descrever o aglomerado. Eu particularmente acho sua descrição
bastante exata e se aproxima muito do
que vejo na ocular . Especialmente
quando observado com meu refrator de 70 mm . Galileo é seu nome ( do
telescópio).
Ele é a
entrada de numero 297 de seu
"Catalogo de Nebulosas e Aglomerados de Estrelas no Hemisfério Sul,
Observado em Parramatta em Nova Gales do Sul" e publicado em no
Philosophical Transactions of the Royal Society of London , Vol 118 ( 1828) . A
apresentação deste trabalho já demostra
o caráter aventureiro e disposto deste observador pioneiro e conhecido como
"O Astrônomo Cavalheiro de Paramatta.
" As nebulosas e aglomerados de estrelas
no hemisfério sul a seguir foram observados por mim na minha casa em
Paramatta situada a 6 o sul e cerca de 1s.78 de tempo a
leste do observatório de Brisbane. As observações foram feitas ao ar livre , com
um excelente telescópio refletor de 9-pés e com um abertura livre do espelho
maior sendo de 9 polegadas. Este
telescópio era ocasionalmente montado como um telescópio meridiano, com um
forte eixo de ferro firmemente preso a parte de baixo do tubo próximo ao lodo oposto da celula do espelho primário. A ponta deste eixo possuía uma forma de Y que era aparafusada a blocos de
madeira enterrados cerca de 18 polegadas no chão. No outro extremo do eixo eu
instalei uma escala com um semicírculo dividido em meios graus e com leituras
até minutos. A posição e o desvio do instrumento eram ajustados com a
passagem de estrelas conhecidas. O lado da ocular do telescópio era apontado
para cima ou para baixo através de um sistema de polia preso a um poste de
madeira enterrado dois pés no chão. Com este aparato eu observei uma região de
8 10 graus com muito pouco desvio do
instrumento em relação ao plano do meridiano e o tremor era pouco mesmo com
grandes ampliações. "
Com
este método de "Alinhamento polar" e tão rustico set up eu acho quase
uma falha de caráter de John Herschel fazer criticas severas a Dunlop quando ele vai fazer seu levantamento dos céus
austrais e não localiza diversas das
entradas do catalogo elaborado por nosso herói.
John Herschelo fez um levantamento enorme. É inegável . Mas contava com total apoio da
Academia de Ciências. Afinal era filho de William Herschel. O astrônomo real e
descobridor de Urano...
De
qualquer forma a entrada 297 foi confirmada e este "Dunlop´s
Original" é descrito assim pelo descobridor: " Um belo aglomerado de estrelas
arranjado em linhas curvilineas que interceptam-se uma a outra , com cerca de
40´ de diâmetro com a extensão sul precedendo e a norte seguindo"
Já o soberbo John Herschel o apresenta assim: " A estrela chefe de 9a magnitude
de um grande , frouxo, brilhante aglomerado que preenche diversos campos ( h
3224)
Herschel
retornou a este aglomerado três vezes durante seu levantamento e acabou por
deixar um descrição mais justa e a altura de 3114: " Enorme congregação ou região aglomerada de
estrelas com 2 ou 3 campos em diâmetro constituindo decididamente um
aglomerado. Devem haver centenas de estrelas..."
Ngc 3114- 10 expX15 seg asa 1600 Newtoniano 150 mm f8- Buzios -Janeiro de 2015 |
Mas
definitivamente quem teve a mais psicodélica visualização do aglomerado foi
O´Meara. Em seu "Southern Gems" ele nos conta perceber a figura de um radio telescópio escondido
em meio as estrelas do aglomerado. O´Meara
defende em seu livro dedicado aos Objetos do Catalogo Messier que devemos fazer
da observação um exercício de criatividade e buscar padrões e imagens cotidianas
nos objetos que visitamos . Isto enriqueceria a experiência e traria uma
dimensão humana ao nossas observações. Aqui ele realmente levou esta arte a um novo patamar. Depois de muito esforço e algumas taças de vinho eu acabei
por entender a viagem do renomado observador visual. Nasce o Aglomerado Arecibo.
Na verdade pensei em batiza-lo como Aglomerado Tanguá pois o desenho me lembrou muito as antenas da Embratel que se espalhavam junto a antiga estrada em direção a região dos Lagos no Rio de Janeiro do que o imenso disco de Arecibo. Mas preferi conceder um apelido mais digno a descoberta de Dunlop.
Na verdade pensei em batiza-lo como Aglomerado Tanguá pois o desenho me lembrou muito as antenas da Embratel que se espalhavam junto a antiga estrada em direção a região dos Lagos no Rio de Janeiro do que o imenso disco de Arecibo. Mas preferi conceder um apelido mais digno a descoberta de Dunlop.
O
aglomerado é um alvo difícil de se estudar devido a sua posição .
O Campo de observação é extremamente contaminado com diversas estrelas tanto de nosso braço galáctico ( esporão de
Órion) como do braço de Carina ao
fundo. Trumpler classificou o aglomerado
como II 3 r .Isto nos explica que o
aglomerado rico , pouco destacado do
fundo e possui estrelas com magnitudes variadas,
Estudos mais recentes nos dizem que ele se espalha por 30 anos luz
e reside nas saias do braço de Carina . Possui ao menos 200 membros embora seja
difícil definir os limites exatos deste devido a contaminação de estrelas de
campo. O maior estudo realizado de Ngc
3114 foi realizado por G Cacrraro e F. Patat ( Astronomy e
Astrophysics Vol.379) e estes realizaram
a fotometria de 2060 estrelas centradas em Ngc 3114 e apesar da contaminação
esperada na região chegaram a conclusão
que este reside a 3.100 anos luz
de nós e tem uma idade Inferior a 300.000.000 anos. O valor mais provável é de 160.000.000 (Jorge
frederico gonzalez 2001) .
Não posso
deixar de dar créditos aos cientistas brasileiros do Observatório Nacional C.B. Pereira e c. Quireza que em um paper do International Astronomical union Symposium de
2010 apresentaram uma analise quimica de
7 gigantes vermelhas de 3114. Elas são tão abundantes em metais quanto o nosso
sol. O que concorda com a distribuição radial de Fe (Ferro) esperada nos braços
galácticos...
Eu
observei Ngc 3114 diversas vezes e com diversos equipamentos. Ele é um bom aglomerado para se utilizar pouca
ampliação e um bom alvo binocular .
Observado com Refrator 70 mm f13 - Ocular 20 mm |
Recentemente
o fotografei pela primeira vez. As fotos foram feitas em Búzios . Confesso que
cheguei nele desta vez sem nem procurar. Apenas passeando pela rica região ao
redor da Nebulosa de Eta Carina . Em locais escuros o Aglomerado é facilmente
percebido a olho nu . Mas se tiver dificuldades para localiza´lo ou
identifica lo em tão rica região Localize
Iota Carina (Aspidiske) e a Nebulosa de Eta Car. O aglomerado resido no meio
destas duas.
Ngc
3114 é uma bela jóia da Coroa
Austral;Será que você consegue perceber um radio Telescópio escondido
nele?